Megaporto
de contêiner no Amapá
Uma
solução portuária para a economia mundial
Investimentos em portos e infraestrutura de
terminais são altos e geram crescimento. É o que o Brasil mais precisa e o
Amapá tem condições geográficas para a instalação de megaporto em
Santana/Itaubal tornando mais barato no cálculo de combustível e tempo de
afretamento de grandes navios na direção da Ásia. O porto projetado poderá
receber três vezes mais navios que o Porto de Xangai.
Reinaldo
Coelho
Um novo cenário consequente
da crise econômica mundial recomenda uma produtividade baseada em agilidade e
confiança. Sob a ótica bilateral da cadeia produtiva mundial, um importante
fator econômico como o comércio global influencia o negócio portuário e há
influência dos portos no comércio internacional.
Hoje este tipo de comércio
é responsável por grande parte do PIB de várias nações. No atual século o
aumento na importância da pratica comércio internacional ser relacionado a
Globalização, esta prática esteve presente em grande parte da história da
humanidade, tendo sua importância crescido exponencialmente através dos
séculos.
Essa é uma realidade
histórica desde da evolução do homem, o comércio antes considerado
insignificante acontecia com as mercadorias sendo transportada de mão em mão,
porém com o advento da agricultura começou a se modificar e o povo que deu
início ao transporte fluvial através de portos foram os Egípcios, isso em torno
de 600 a.C., quando foram abertos aos navegantes os portos do baixo Nilo, que,
aos poucos, foi-se tornando um dos principais polos do comércio mundial da
antiguidade. (...) Grande expoente da indústria e comércio foram os Fenícios,
que tiveram nestas modalidades suas principais atividades. Este povo foi
educado para a navegação e o comércio marítimo. Habitavam uma estreita faixa
litorânea da Síria, entre o mar e as montanhas. (...) Até a aparição dos
gregos, na época helênica, os fenícios foram os únicos intermediários das
mercadorias mais procuradas naquele tempo (FREITAS, 2004).
O desenvolvimento do
mercado mundial das commodities sistematiza a busca por economias de escala e
alimenta o gigantismo naval (VIGARIÉ, 1981). O crescimento das trocas
internacionais de bens manufaturados estimula, por sua parte, o recurso ao
porta-contêiner, cujo uso requer técnicas operacionais e de estocagem
específicas. Intermodalidade e mecanização da atividade portuária garantem aos
armadores ritmo de rotação rápido dos navios e tarifas competitivas.
Hoje o comércio
internacional transita entre milhares de portos, porém, os portos de maior
volume são:
No Brasil – o Porto de Santos (SP): Quanto ao porto marítimo é considerado o maior
porto flutuante do mundo, o Porto de Manaus pois tem maior expressão, em termos
monetários, nas importações, além de possuir grande influência na Zona Franca.
Na Europa – o porto de Roterdão ou Roterdã é o maior porto marítimo da Europa. De
1962 até 2002, foi o porto mais ativo do mundo. Atualmente, foi ultrapassado
por portos asiáticos como os de Singapura e de Xangai.
Dos 10 maiores portos
mundial, oito estão na Ásia e desses sete são chineses e Shanghai é o porto de
posição líder na seleção dos 10 maiores portos do mundo. É localizado no rio Yangtzé,
e lida com o comércio de províncias de Jiangsu, Henan e Zhejiang que foi
fundamental para desenvolvimento da cidade de Xangai. A importância do porto é
provavelmente pelo seu posicionamento estratégico para comércio, com ambos o
rio Yangtzé e Mar da China Oriental, proporcionando uma rota marítima muito
viável.
É nesse sistema que o Amapá
pode se encaixar, pois tem todas as características geográficas para ser
possuidor de um megaporto que venha participar do sistema internacional de carga
e descarga, pois devido o crescimento econômico efetivo precisar ser
transportado principalmente por portos com elevada produtividade. Uma cadeia de
suprimento e logística eficientes estimulam o consumo de produtos por meio dos
baixos preços de mercado. Mas a deficiência da dragagem dos portos prejudica o
transporte em escala e a competitividade do produto brasileiro.
Quanto mais uma economia
cresce, mais aumenta a troca de mercadorias. Investimentos em portos e
infraestrutura de terminais são altos e geram crescimento. É o que o Brasil
mais quer e o Amapá tem essas condições.
O Amapá vem se preparando
para alcançar o título de melhor porto logístico da Amazônia. A posição
geográfica – com Oceano Atlântico e o rio Amazonas ao Leste do território –
deve facilitar o escoamento de grãos do Centro-Oeste do Brasil para o exterior,
assim como se tornar um porto de contêiner.
Quanto ao porto de
exportação já se tornou realidade pois o Amapá também deixou o status de
'estado consumidor' para se tornar 'estado produtor', com a geração de grãos e
outros insumos. A exportação dos grãos produzidos no Estado já chegam a milhões
de toneladas e pela sua posição geográfica e a profundidade de seu canal de
acesso a grandes navios de cargas dão as melhores perspectivas.
Megaporto no Amapá
A necessidade da construção
de um megaporto em ponto estratégico das atuais rotas comerciais de transportes
de mercadorias entre os países com condições de economizar nos preços do frete
e principalmente de tempo, já vinham sendo discutido pelos empresários do setor
desde 2014 e concluíram que, por razões geográficas, somente os portos do
Maranhão e os portos localizados ao norte do Brasil conseguirão usufruir das
vantagens do novo Canal do Panamá. “Para todos os nossos outros portos, a volta
pelo sul da África ainda empata ou fica ligeiramente mais econômica no cálculo
de combustível e tempo de afretamento de grandes navios na direção da Ásia”,
destacou o vice-presidente mundial de Praticagem, Ricardo Falcão, que estava
presente em um encontro onde o assunto foi debatido e apresentou um projeto que
vem defendendo em todos os eventos que participa. Que no Estado do Amapá tem uma região de aproximadamente 35 quilômetros em
linha contínua, entre Macapá e o sul do município de Itaubal, e que possui as
maiores profundidades e espaço para giros dos maiores navios do mundo, com até
400 metros de comprimento e capacidade para transportar até 22 mil contêiner.
“São mais de 15 anos de
estudos desse projeto que é um grande passo para o Amapá. Esses estudos foram
feitos no mundo inteiro em viagens e cursos na China, Tailândia, Inglaterra
EUA, Canadá. Esse projeto não é uma propaganda é um projeto viável tecnicamente
que foi desenhado de maneira similar em muitas partes do mundo. Ele absorve um,
podo de conceito de Xangai na China, alguma coisa de Roterdã, na Holanda e da
Costa Oeste do Canadá. Porém, não adiantava termos um projeto que custasse um
valor absurdo com retorno de muitos anos e isso não atrairia investimento
privado e seria viável tecnicamente e inviável economicamente. Então, por esse
motivo procurei a USP, uma das melhores do mundo e através de duas empresas,
quatro Phds, quatro especialista na área de ferrovia e na área de hidrovias e
portos que escreveram e agora estamos discutindo o estudo da viabilidade
técnica e econômica – É viável? É atrativo? É a primeira questão que foi
explicada em detalhes”.
Ricardo Falcão detalhou a
reportagem que a fase um do projeto é extremamente atrativa para a iniciativa
privada, operando com cargas do Amapá, dentro de parâmetros que são excelentes
para que os empresários passem a ter um outro olhar para a Região. “Existe
questões que depende do governo, como a fundiário e outros pontos que precisa
do poder público para ser resolvidos e consonantes para chegarmos a novas
fases”.
E exemplificou: A Barra
Norte precisa permitir que navios saiam com calado maiores, carreguem mais
cargas. “Mas, para termos uma ideia essa região portuária é tão grande que ela
toda construída seria a terceira região portuária do mundo, atrás apenas de
Xangai na China e de Roterdã na Holanda. E é uma região sete vezes o tamanho da
Região de Santos, profundidade que é o grande limitador, hoje operamos com
11,58 metros de calado, porém a Marinha do Brasil, juntamente dom o DNIT, está
realizando novas sondagens determinado as profundidades, conseguindo maior
precisão do cálculo da maré na saída do Rio Amazonas e já se fala em sair de
11,58 para 11,70 e aos poucos serem aumentados os calados com uma expectativa
de chegarmos a 12,7. Santos opera hoje com 13,2, mas, ficaremos há 40/50 cm do
Porto de Santos”.
Porém os navios que operam
no Porto de Santos, são de 233 metros, são navios que carregam até 9.700
contêineres. Santos tentou uma experiência agora de botar 345 metros dos seus
navios de 14 mil contêiner e já tiveram acidentes, eles não tem espaço para
manobrar. “O nosso porto conseguirá operar os de 400 metros, conseguiremos
trazer para cá os navios de 22 mil contêiner”. Detalhou Ricardo Falcão.
Equipes de duas empresas ligadas à USP passaram os últimos meses escrevendo o projeto idealizado por Falcão, que terá informações sobre investimentos, previsão de faturamento e custo de operação, além do perfil das cargas que poderão ser exportadas por ele, como grãos, minérios, contêineres, madeira e outros produtos.
Equipes de duas empresas ligadas à USP passaram os últimos meses escrevendo o projeto idealizado por Falcão, que terá informações sobre investimentos, previsão de faturamento e custo de operação, além do perfil das cargas que poderão ser exportadas por ele, como grãos, minérios, contêineres, madeira e outros produtos.
O projeto também defende
investimentos na ampliação dos berços de atracação da Companhia Docas de
Santana (CDSA), da necessidade de sondagem de canais nas imediações de Santana
e Mazagão, além da criação de um Porto Alfandegário no município de Oiapoque.
Esse projeto já foi
apresentado em encontros no Panamá e no Estado do Rio de Janeiro e na última
sexta-feira foi apresentado e debatido pelo professor Phd Felipe Ruggeri no auditório
Santana do Sebrae/AP para empresário do setor produtivo, comércio e serviços,
além de estudantes e autoridades.
Conheça o projeto do Megaporto no Amapá
Ricardo Falcão explica seu projeto e um artigo
titulado Amapá e o Setor de Contêiner.
“... Portanto, quanto mais próximo do Canal, a vantagem competitiva é mais
evidente. E dos três estados brasileiros mais próximos do Canal do Panamá, o
Amapá é o que melhor está posicionado...”
Durante discurso
no encontro no Rio de Janeiro, o Chefe da praticagem no Amapá reafirmou a
viabilidade de um megaporto, entre as cidades de Macapá e Itaubal, capaz de
escoar a produção de grãos, minérios e outros produtos com maior rapidez para a
Ásia, Europa e restante da América.
Porém, quando analisamos o
contexto do Canal do Panamá, este permite o acesso à Ásia e à costa oeste dos
Estados Unidos e Canadá, fortes mercados mundiais. O detalhe é que o Amapá
também é o local mais próximo da costa oeste tanto canadense como americana, assim
como da Europa ocidental.
Para isso se faz necessário
uma união de forças público/privado para mostrar as vantagens da construção de
um megaporto no Amapá. Isso trará a todos infinitas vantagens econômicas e
comerciais. E essas vantagens estão logo ali, no Canal de acesso que atinge os
municípios de Santana e Itaubal.
O Porto de Santana/Itaubal
tem que seguir o exemplo do Porto de Xangai que devido ao crescimento do
comércio internacional, principalmente no sul da China ultrapassou o Porto de
Cingapura, que mantinha a liderança na movimentação de contêineres do mundo. Em
2010, o porto chinês foi o terminal que mais movimentou contêineres no globo,
ajudado pelo crescimento contínuo do comércio da China.
Xangai vai continuar com um
projeto piloto de descontos no imposto de exportação, podendo até mesmo
ampliá-lo, buscando o desenvolvimento de derivados do preço do transporte.
Atualmente o porto de Xangai é operado pela Shanghai International Port (Group)
Co. (Fonte JOC Internacional).
Itaubal
– Vocação Natural
Em um outro artigo assinado
pelo vice-presidente mundial da Praticagem, foi salientado que é importante
que a visão a ser explorada é de um hub port, um porto concentrador
de cargas, vocação natural da região próxima à Itaubal.
Destaca-se que o primeiro ponto a ser explorado é o
acesso náutico, que permite o calado máximo de 11,58 metros, medida limitada
pela Barra Norte do Rio Amazonas, logo após o Canal do Curuá.
Quanto ao comprimento total e boca (largura) dos
navios, não há qualquer limite máximo, pois os maiores navios do mundo podem
vir à região. ‘Sendo assim, este calado não é um problema do ponto de vista
comercial, para o setor de contêiner, mesmo que não haja dragagem visando seu
aumento’.
O
segundo ponto – É a corrente do Rio Amazonas na região.
Diferentemente de Santana, aonde a corrente chega a valores de pico próximos a
5 nós de velocidade, na região de Itaubal está limitada à faixa de 3 nós. Esta
vertente do estudo do canal de acesso nos diz que, utilizando-se rebocadores
adequados, e dentro de parâmetros de segurança, podemos ter operações da
praticagem praticamente ininterruptas, gerando “janelas de operação” muito
adequadas ao setor.
O
terceiro ponto – É uma necessidade do setor de contêiner para se
desenvolver plenamente: “retro área”. Todos os portos de larga escala, que
tornaram-se operações comerciais bem sucedidas, possuem uma extensa faixa
adjacente, destinada exclusivamente à movimentação de contêineres através de
“portêineres” (do porto para o navio) e de “transtêineres” (interno dentro da
retro área). Isso porque a carga fica preparada em grupos, para a sequência de
navios, permitindo agilidade e rápida movimentação, gerando ganhos em escala.
O
quarto ponto – que a região permite é a instalação de grandes
fábricas, logo após a faixa necessária à retro área. O fato de não haver uma
cidade com povoamento já instalada na região, permite que se separe, desde o
planejamento, lotes destinados ao futuro aproveitamento de uma região
industrial, exatamente como foi feito em Porto Açu, no Rio de Janeiro e em porto
Prince Ruppert, no Canadá.
A indústria deseja que não haja obstáculos entre
ela e o porto, permitindo uma operação que não atrapalhe o descanso da
população, não haja caminhões circulando dentro de áreas urbanas, com
engarrafamentos, complicações e restrições.
É necessário estruturar Itaubal
O fato de a região de Itaubal ser pouco explorada
lhe confere muitas vantagens potenciais, porém não significa ser determinante
para o sucesso. Se políticas de preparação não forem feitas, com áreas
corretamente escolhidas e preparadas, pode ser que a ideia naufrague antes de
começar.
Mesmo com tudo isso ainda existe um outro ponto
vital para o setor de container que precisa ser resolvido: Os contêineres
vazios!
ReDRAFT
Um evento no Rio
de Janeiro discutiu o uso do ReDRAFT, uma tecnologia desenvolvida pela
Praticagem de São Paulo, e que já está em operação desde 2016. O sistema de
telemetria é alimentado por sondas em boias que transmitem informações sobre a
maré, frequência e intensidade de ondas, corrente, condições meteorológicas e
outros dados que permitem a operação com calados maiores. O calado, é a parte
do navio que fica dentro da água, e que, muitas vezes, encosta no fundo do rio
ou do mar.
“O sistema emite
esses dados a partir de sensores colocados em determinados locais. São medidas
de altura de onda, períodos de onda, intensidade e direção de vento e de
corrente. Esses dados são processados com informações específicas de cada
navio”, explicou o assistente da direção do Porto de Santos, Viriato Geraldes.
O ReDRAFT
possibilitou o aumento da segurança e da quantidade de manobras no Porto de
Santos, que hoje recebe 17 navios por dia, alguns com mais de 360 metros de
comprimento. Para se ter uma ideia, a Companhia Docas de Santana (CDSA), no
Amapá, recebe no máximo dois navios por mês.
O ReDRFAT já está
sendo instalado na zona de praticagem do Porto do Rio.
“A gente acredita
que 3 itens podem conviver muito bem juntos: segurança, competitividade e
eficiência. O sistema já está em teste no Rio. O grande objetivo da Usuport é
ter um porto competitivo para que os usuários (transportadoras) possam ter o
melhor uso dele”, justificou o presidente da Usuport, André Seixas.
Ricardo Falcão
elogiou o novo sistema, e disse que ele poderá ser muito útil no Amapá, com
tendência a ser expandido para todos os portos.
“Ainda há enormes
incertezas sobre o limite de passagem pela Barra Norte. Muitas vezes o navio
passa encostando na lama, com a sonda marcando zero. As vezes a gente passa com
1 metro a mais (de calado). Com uma ferramenta dessa, a cada metro a mais de
calado poderemos carregar mais 1 mil toneladas”, comparou.
Em Santana o porto não consegue receber cargueiros maiores e em maior
números.
Hoje há cargas
brasileiras que perdem mercado ou que possuem uma margem de lucro muito baixa
para o produtor, simplesmente por falhas de infraestrutura que geram custos
desnecessários.
Assim sendo, se
conseguirmos economizar um dólar por tonelada de carga, significa cerca de 54
mil dólares por cada navio Panamax (classe atualmente em operação na região
amazônica). Como um navio desses consegue ser carregado em aproximadamente um
dia, economiza algo em torno de U$ 1.620.000,00 (um milhão e seiscentos e vinte
mil dólares) por mês.
Com isso, as
distâncias que são acrescidas a partir de Macapá trazem duas consequências:
além do navio se deslocar mais e gastar mais combustível, ainda é necessário um
maior número de navios para escoar a mesma quantidade de carga. Exemplificando:
vamos imaginar um navio que faça uma viagem chamada de “redonda” para o Brasil,
saindo e retornando dos Estado Unidos.
Para os portos ao
sul do Brasil, a viagem seria, em média, de 20 a 25 dias. Para Santarém, seria
de 12 a 15 dias, e, para Macapá, o mesmo navio gastaria de 10 a 13 dias. Isso
significa que o mesmo navio, fretado por um período de um mês, faria
aproximadamente 1 viagem para os portos do sul, de 2 a 2,5 viagens para
Santarém e de 2,3 a 3 viagens para o Amapá, um ganho de 20% até mesmo em
relação à Santarém.
Falcão: na economia de escala cada centavo conta
Esta conta, mesmo
sendo hipotética, demonstra o que a chamada economia de escala produz, que é
quando cada centavo conta. A posição geográfica do Amapá o torna capaz de gerar
este tipo de economia, sendo que estamos tratando-o apenas como o cabo
brasileiro mais projetado ao norte, nossas únicas terras localizadas acima da
linha do Equador e com saída para o oceano Atlântico.
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