sábado, 8 de dezembro de 2018

Plano de Mineração do Amapá norteará o setor mineral nos próximos 20 anos




A exportação de minério no Amapá é responsável por 65 % da pauta de exportação do Estado e tem papel fundamental na geração de emprego e renda. E o Plano de Mineração Estadual vem regulamentar e organizar o Setor Mineral local, principalmente, aos pequenos mineradores durante as próximas duas décadas.

Reinaldo Coelho                                                                   

O Governo do Estado do Amapá realizou na última quarta-feira (5), a terceira e derradeira oficina de 2018, que aborda os entraves que afetam o setor mineral e levanta soluções para o fortalecimento da atividade. O evento aconteceu no auditório da Agência de Desenvolvimento Econômico (Agência Amapá), responsável pelo diagnóstico. As informações levantadas servirão para elaborar o Plano de Mineração 2019/2030.
Esse plano de mineração está sendo feito a nível federal e estadual desde 2011 e é uma ferramenta estratégica para nortear as políticas de médio e longo prazo que possam contribuir para que o setor mineral seja um alicerce para o desenvolvimento sustentável do País e dos Estados nos próximos 20 anos. A publicação do Plano representa uma etapa importante para a formulação de políticas e planejamento do setor mineral.
A importância da mineração que é derivada do latim mineralis (relativo às minas), pode ser definida como o processo de extração de minerais ou compostos minerais de valor econômico para usufruto da humanidade.
O setor se caracteriza por ser uma indústria primária, ou seja, os bens produzidos são derivados da crosta terrestre, incluindo os extraídos dos oceanos, lagos e rios. De modo geral os produtos gerados nesta indústria tornam-se matéria-prima para as indústrias secundárias. Contudo, por seu caráter pioneiro, a mineração não se de destaca apenas por ser uma indústria de base, mas também por sua condição de impulsionar novas e outras oportunidades econômicas.
É cada vez maior a influência dos minerais sobre a vida e o desenvolvimento de um país. Com o aumento das populações, cada dia precisa-se de maior quantidade desse produto primário para atender às crescentes necessidades. À medida que as populações migram para os centros urbanos, mais aumenta a demanda por minérios. O conforto e a tecnologia das moradias modernas certamente contam com muitas substâncias minerais como principal matéria-prima no dia a dia da população.Em termos de classificação da cadeia produtiva o setor mineral compreende as etapas de pesquisa, mineração e transformação mineral (metalurgia e não metálicos).
Pesquisa mineral é a fase que visa descobrir e estudar, em detalhes, as jazidas que apresentem viabilidade técnica, econômica e ambiental, sendo sucedida pelos estágios de desenvolvimento e de produção da mina. Com esse objetivo, as empresas de mineração investem em pesquisa, tanto para diversificar novas jazidas como para ampliar o conhecimento das reservas minerais das minas em lavra, de forma a dar continuidade às suas atividades. A mineração é a fase de exploração da lavra em que se produzirá a matéria-prima mineral.

O potencial minerador do Amapá

Na mineração o Estado do Amapá possui grande potencial. O estudo diagnóstico do Setor Mineral do Estado do Amapá, publicado no ano de 2010 pelo Governo do Estado, aponta a existência de nove Distritos Mineiros com elevado potencial de minerais não metálicos e metálicos, os quais estão associados a terrenos “greenstone belts”.
Além da exploração de ouro, ferro, cromo, manganês, caulim, água mineral, areia, seixo, brita e argila o Estado do Amapá tem potencial para minerais estratégicos como nióbio, tântalo e titânio. Vale ressaltar, também, a ocorrência de rochas ornamentais belas e de características impares.
A exportação de minério é responsável por 65 % da pauta de exportação do Estado e tem papel fundamental na geração de emprego e renda.

Plano de Mineração do Amapá

A conclusão do Plano de Mineração possibilitará o fortalecimento desde os pequenos até os grandes investidores da área mineral no Estado, além de contribuir para a captação de investimentos necessários ao crescimento socioeconômico amapaense.
O coordenador de Mineração da Agência Amapá, Wagner Costa, recebeu a reportagem do Tribuna Amapaense e explicou a importância das oficinas, como a que estava se realizando no momento da entrevista, e que seria a terceira e última e que após isso seria entregue o Plano de Mineração do Amapá ao Parlamento Amapaenses, quando deverá acontecer uma Audiência Pública, para um debate maior e a definição final do planejamento mineral do Estado.
“Esses eventos estão sendo muito importantes para o Setor Mineral do Estado do Amapá. É a terceira oficina que estamos realizando para a construção do Plano de Mineração Estadual, que  é um instrumento de planejamento e de desenvolvimento do Estado”.
Quando ao valor do setor mineral que tem tido um papel de suma importância para o crescimento econômico estadual, Wagner Costa explicou a necessidade da retomada desse crescimento e que o governo estadual está oportunizando através de vários instrumentos essa retomada.
Entre outras medidas tomadas pelo Governo do Estado, através da Agência Amapá, após a retomada do Cadastro Estadual de Recursos Minerais, em maio de 2018, foi a criação em parceria com o Centro de Processamento de Dados do Amapá (PRODAP), o Sistema de Mineração (SISMINERA), pelo qual será possível serem feitos cadastros, acompanhamento e fiscalizações das atividades de pesquisa e exploração de recursos minerários do Estado.
“E a Agência do Amapá agora trabalha o Plano de Mineração do Estado, que será transformado em Políticas Públicas em 2019. Todas essas ações em conjunto possibilitarão ao Governo do Amapá readequar o setor mineral e estabelecer políticas públicas para o fortalecimento das atividades minerais no Estado”, definiu Wagner Costa.
O coordenador de Mineração também estabeleceu a potencialidade do setor mineral do Amapá. “O Amapá tem no setor mineral sua maior potencialidade econômica, desde o Oiapoque, onde se minera o Ouro ao Laranjal do Jarí, onde é explorado o Caulim. O que precisamos é organizar os pequenos mineradores, como os garimpeiros, oleiros cerâmicos, areeiros, dar-lhes condições jurídicas, para que os grandes mineradores possam retornar ao Amapá. Toda a estrutura logística amapaense também está passando por discussões nesse momento. Então não basta termos a vontade de fazermos e atrair, temos de dar condições para as mineradoras trabalharem”.
Com referência à organização das Cooperativas de Garimpeiros, Wagner Costa definiu que elas estão organizadas. “O governo do Estado está acompanhando esse processo organizacional. Hoje em dia não existe espaço para trabalhar de forma ilegal. E o governo estadual está se predispondo a ajudar esses pequenos mineradores a se organizarem”.
Quanto a potencialidade do setor mineral, no quesito emprego e renda, o coordenador mineral da Agência Amapá discorreu que é o setor que contribui com 65% da pauta de exportação do Amapá. “Dos 282 milhões de dólares que foram exportados em 2017, 65% foi representado pelo setor mineral. Para se ter uma ideia da importância para a economia do Estado, mesmo com os problemas do cenário da infraestrutura, econômico nacional, da política nacional, o setor mineral tem papel fundamental no desenvolvimento do Estado”.
O diretor de Desenvolvimento Setorial e Regional da Agência Amapá, Joselito Abrantes, reafirmou o compromisso do governo no desenvolvimento de mecanismos para o crescimento e fortalecimento do Estado, nas mais diversas áreas de atuação.

“O crescimento da economia amapaense sempre esteve vinculado à exploração das atividades minerais e o Governo do Estado cumpre seu compromisso de fomentar esse fortalecimento. Por isso estamos comprometidos com a elaboração deste documento que é o Plano de Mineração do Amapá, que busca traçar estratégias para o desenvolvimento deste setor” destacou Abrantes.

A programação estabelecida pela Agência Amapá, para o caminho a ser percorrido pelo Plano de Mineração no Estado, é que com fechamento desse primeiro ciclo das oficinas para a montagem do plano, em fevereiro de 2019 será apresentado na Assembleia Legislativa do Estado do Amapá (ALAP) para ser discutido pelos parlamentares, em Audiência Pública.

As Cooperativas de Garimpeiros

A reportagem esteve presente no último evento das oficinas  e conversou com o Pedro Melem, atuante empreendedor no Amapá nas áreas de piscicultura e mineração e membro da Federação Amapaense de Cooperativas de Garimpeiros do Amapá, que tem aproximadamente oito entidades filiadas e que discorreu sobre a importância das oficinas que discutem a montagem do Plano de Mineração do Estado e sua importância para o setor mineral do Amapá.
“O Amapá precisava definir qual é a sua vocação de produção, e nós sabemos, pois sou morador do Amapá há quase 30 anos, e o setor mineral vem desde 1600, é uma exploração muito antiga e precisava ter essa organização, de se fazer planejamento e de se definir que tipo de lavra pode ser constituída e onde serão feitas essas explorações. Quantidade de empregos que poderão gerar, previsão de rendas econômicas e social. Contratos muito bom para o Estado. Esse planejamento somente vem colaborar com isso”.
Continuando Pedro Melém participou que “Estou representando a Federação das Cooperativas dos Garimpeiros do Estado do Amapá, da qual participo como membro, e dizer que estamos nos organizando e que o Setor produtivo mineral do Estado do Amapá está organizado, na realidade, e buscando do Setor Público essa resposta. Agora estamos participando desses eventos para mostrar que somos mineradores, não somos bandidos e não queremos viver em ilegalidade. O garimpeiro pode sim praticar a mineração dentro de áreas legais e com atividades produtivas rentáveis. Já basta termos os Licenciamentos Ambientais para nós atrapalhar”.
Pedro Melem ressaltou que as autorizações ambientais exigem que as empresas mineradoras e cooperativas tenham em mãos o Plano de Manejo de Áreas degradadas, Plano de Controle Ambiental, e que tudo está ali e isso é suficiente e que eles não querem usar áreas proibidas. “Queremos que fique definido quais são as áreas que são destinadas a mineração e elas vão estar dentro desse planejamento que o Estado está elaborando. E pensando no futuro quero lembrar que o Instituto Federal do Amapá tem um Curso de Mineração e que esse documento garante no futuro que esses garotos terão trabalho e renda. É essa a preocupação de todos da sociedade e do Estado em chamar para si, juntamente com a sociedade civil organizada, para desburocratizar o caminho. A contratação de geólogo, de engenheiro de minas, técnico de mineração, toda essa cadeia de emprego é gerada”.

As propostas do Plano de Mineração contemplam desde o pequeno até os grandes investidores do setor 

 
  
As oficinas

O Governo do Estado do Amapá, através da Agência de Desenvolvimento Econômico, (Agência Amapá), priorizando o desenvolvimento e o fortalecimento do setor mineral amapaense, iniciou no dia 23 de novembro uma programação de oficinas itinerantes nos municípios, a fim de ouvir os atores públicos e privados ligados ao setor mineral, para a construção do Plano de Mineração do Estado do Amapá – 2019/2030.
A conclusão do Plano de Mineração vai possibilitar ao poder público a elaboração e a implementação de políticas públicas voltadas ao fortalecimento desde o pequeno até os grandes investidores da área mineral no Estado, além de contribuir para captação de investimentos necessários ao crescimento socioeconômico amapaense.
Ao todo, foram realizadas três oficinas para discutir os problemas que afetam o setor mineral e as possíveis soluções. A primeira oficina ocorreu no Centro comunitário do município de Porto Grande, com a participação maciça dos garimpeiros daquela região.
A primeira oficina ocorreu no dia 23 de novembro, no município de Porto Grande, e a segunda foi realizada no dia 27 do mesmo mês, no município de Calçoene. Os dois encontros tiveram a participação de entidades envolvidas com a mineração desses municípios.
A segunda oficina aconteceu na Escola Estadual Juvenal Guimarães Teixeira, no Distrito de Lourenço, município de Calçoene. E a terceira e última oficina, no dia 05 de dezembro, no Auditório da Agência Amapá, no município de Macapá. A programação das oficinas itinerantes faz parte de um bloco de medidas que o Governo do Estado tem adotado para fortalecer o setor mineral amapaense.
Desburocratização no setor mineral

Em maio deste ano a diretora-presidente da Agência Amapá, Tânia Maria, em atenção à defasagem de 85% dos processos de cadastramento de pessoas físicas e jurídicas junto ao Governo do Estado, por questões burocráticas de documentação, assinou a Portaria 038/2018 que reduziu de 16 para 6, a quantidade de documentos solicitados aos mineradores para o mapeamento do certificado de cadastro.

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