Barragens: MP-AP requer medidas
imediatas por parte do Estado para evitar acidentes
As informações a respeito de
barragens de contenção no Amapá indicam que a atuação de órgãos relacionados ao
assunto precisa ser mais intensa, e que as vistorias são as medidas
prioritárias para evitar riscos de acidentes. A reunião para tratar do assunto aconteceu
na ultima sexta-feira, 8, e foi provocada pelo Ministério Público do Amapá
(MP-AP), através da Promotoria de Pedra Branca do Amapari, Promotoria de
Meio Ambiente de Macapá (Prodemac) e Centro de Apoio Operacional do Meio
Ambiente (CAOP/AMB), e contou com a presença de representantes de órgãos
federais e estaduais, e da mineradora Beadell. Os promotores de justiça Jorge
Fredi, Pedra Branca, Wueber Penafort, Porto Grande, Neuza Rodrigues, Ferreira
Gomes, e Marcelo Moreira, Macapá, estiveram presentes.
A reunião teve como objetivo cobrar
esclarecimentos por parte dos órgãos públicos e mineradora a respeito de
medidas para prevenção voltadas às condições de segurança das barragens. Os
representantes do Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá
(IMAP), Cleane Pinheiro e Allan Costa, informaram que, no Amapá, existem 38
barragens, sendo 23 de mineração, 11 de acúmulo de água e 4 de hidrelétricas, e
que o órgão, desde 2016, tem realizado vistorias em algumas delas, esclarecendo
que, no ano de 2018, fizeram o levantamento de todas as barragens existentes no
estado. “Fazemos o acompanhamento visual e com uso de GPS, de modo que nossos
pareceres são baseados também nos relatórios das empresas, mas é importante
frisar que não temos profissional especialista em barragens no IMAP”, disse
Cleane Pinheiro. A geóloga ainda esclareceu que o instituto não tem a expertise
necessária para perícias em barragens, esclarecendo que tal competência
insere-se no âmbito das Agência Nacional de Águas (ANA) e Agência Nacional de
Mineração (ANM).
A falta de profissional
qualificado, a capacitação e o difícil acesso aos locais são os
principais problemas relatados pelo coordenador de Defesa Civil do Amapá,
Coronel Wagner Coelho. “As barragens são uma preocupação da Defesa Civil do
Estado e tem entrado em pauta nesses dias para que seja elaborado um plano
estadual de contingenciamento. Entretanto, trata-se de matéria complexa e que
situa-se no âmbito de fiscalização da competência de órgãos federais, sendo necessária
uma articulação conjunta com os órgãos estaduais. Atualmente temos um
diagnóstico, mas não temos plano de ação, estrutura e nem especialistas no
assunto”.
Outra dificuldade relatada foi a de
notificar a empresa Zamin Amapá Mineração Ltda, ou outra empresa pertencente ao
mesmo grupo empresarial, que é responsável por três barragens no estado, as
quais encontram-se sem operação desde abril de 2014, estando a referida empresa
atualmente submetida a processo de recuperação judicial no Estado de São Paulo.
“Precisamos dar uma resposta para a população a respeito das condições das
barragens da referida empresa, mas não conseguimos identificar os
representantes dela no Amapá”, informou o promotor Wueber Penafort. Jorge
William Fredi, promotor de Justiça que atualmente responde por Pedra Branca,
disse que o MP-AP precisa de respostas imediatas acerca das atuais condições de
segurança das barragens do complexo de mineração Zamin. “O último relatório de
visita técnica foi apresentado pelo IMAP em julho de 2018. O que precisamos,
além de dados mais detalhados e atuais sobre os efetivos riscos de um eventual
rompimento, é que o Estado elabore um plano de ação contra tal ameaça. Em que
pese situar-se no âmbito da União a concessão de licença de mineração e a fiscalização
das condições de segurança das barragens, a Defesa do Meio Ambiente constitui
competência comum dos três entes da federação, especialmente neste caso que
envolve a vida das pessoas que residem no entorno do empreendimento, sobretudo
no que diz respeito às barragens abandonadas, sem monitoramento algum”.
“Foram feitos dois sobrevôos na
região do Lourenço, em Calçoene, e as barragens daquela região oferecem sim,
risco alto, pelo fator de não serem monitoradas. A Agência Nacional de
Mineração (ANM) tem conhecimento desta situação da barragem da Zamin, mas o
Estado não tem como atuar, visto que existe conflito de atribuições com a
União”, informou o coronel Medeiros, da Defesa Civil. O gerente da Beadell,
Eduardo Lobo, afirmou que sempre atende às notificações oficiais no
monitoramento de barragens, mas não tem como falar a respeito da Zamin, e
sugeriu a intervenção federal, uma vez que o assunto é de interesse nacional.
“Só há risco em barragens quando ela não é monitorada”, ressaltou o gerente.
Diante do quadro apresentado, o
promotor Jorge Fredi deliberou que irá requisitar medidas da ANM principalmente
relacionadas às barragens da Zamin, e aos órgãos responsáveis, que
intensifiquem as vistorias, monitoramento e apresentem as soluções, para mitigar
os riscos. “Vou aguardar a manifestação dos responsáveis, precisamos fazer algo
de imediato. Nosso dever é fiscalizar. Friso que o MP-AP está à disposição para
acompanhar as vistorias com sua equipe técnica e equipamentos, tal como o uso
de drones". O Coronel Wagner esclareceu que vem sendo discutida uma ação
por parte da Defesa Nacional para fazer um levantamento minucioso das barragens
do Amapá, clandestinas ou autorizadas, comprometendo-se em informar o quanto
antes possível ao MP-AP quanto ao plano de ação que está sendo elaborado pelo
Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário