Seria eu um potencial
assassino?
O massacre ocorrido na
última quarta-feira, 13 de março, na Escola Estadual Raul Brasil em Suzano (SP)
veio para contabilizar mais uma lamentável tragédia para o povo brasileiro, em
especial para nossa juventude que se mostra cada dia mais problemática. Uma
triste realidade que desencadeia diversos fatores de discussão e que nos leva ao
questionamento: Afinal, o que levaria dois jovens, um de 17 e outro de 25 anos
de idade a cometer uma atrocidade como essa?
Sem dúvida a realidade da
juventude de hoje é bem diversa da de tempos atrás, já que a nova geração não
tem mais os velhos anseios das relações reais, de brincadeiras nas ruas e da
vida simples que antes era comum. O que temos hoje é uma geração de jovens cada
vez mais sérios, preocupados, ansiosos, cercados de recursos tecnológicos e
amigos virtuais que os levam a uma vida sozinha, e muitas vezes depressiva.
O advento da tecnologia fez
com que o ser humano se preocupasse cada vez menos com coisas simples, e sem
perceber começamos a nos tornar dependentes dela pra tudo. Hoje é praticamente
impossível imaginar a vida sem o acesso à internet, sem ter em mãos um
smartphone e não poder navegar nas redes sociais. A era da informação superou a
era do conhecimento, e a consequência disso foi a criação de uma geração
desorientada dentro de tantas possibilidades, a concessão de uma liberdade
ilimitada para pessoas sem maturidade acabou causando problemas de alienação
pelo excesso de informações soltas produzindo pessoas problemáticas cheias de
confusão.
Entretanto, não podemos
atribuir o surgimento de sociopatas ao advento tecnologia, já que uma afirmação
dessa natureza seria completamente irrazoável, além de ser uma justificativa muito
simples para uma problemática tão complexa. Digo isso porque uma das coisas que
mais tenho visto em relação ao caso de Suzano são pessoas dizendo que os jogos
eletrônicos violentos devem ser proibidos para não influenciarem os jovens a se
tornarem criminosos. Além de ser uma grande bobagem não passa de uma
argumentação sem o menor fundamento, já que observada a popularidade desses
jogos eletrônicos, se levarmos em consideração essa justificativa, viveríamos
em uma sociedade cheia de assassinos descontrolados que fariam do convívio
social uma impossibilidade.
Posso falar por experiência
própria, já que desde criança tive contato com jogos eletrônicos e alguns deles
envolviam armas, lutas e até mesmo cenas de crimes, porém nunca passou pela
minha mente apontar uma arma de fogo para alguém e tirar uma vida a sangue frio.
Hoje com 21 anos de idade sou grande apreciador do universo dos games e
acredito ser injusto atribuir a morte das crianças de Suzano a algo que não tem
ligação objetiva.
A verdade é que pessoas que
cometem esse tipo de crime tem graves problemas psicológicos, sejam eles fruto
de traumas ou de falta de adequação social, muitos deles podendo sim ser
agravados pela solidão do universo digital ou das redes sociais, mas nunca
podendo ser justificados por esses motivos. Atribuir a culpa aos jogos
eletrônicos é fechar os olhos para o verdadeiro problema. Precisamos agir em
cima das causas da depressão, da ansiedade, e oferecer a essas crianças
confusas apoio psicológico dentro das escolas, e acompanhamento dos pais dentro
de casa.
Lembre-se que seu filho pode
ter uma infinidade de informações nesse exato momento na palma das mãos, mas
com uma boa orientação fará bom uso delas e terá reações positivas quando
estiver frente a uma adversidade.
A educação não pode girar em
torno apenas da ciência, mas também em valores comportamentais, estes que
infelizmente estão sendo esquecidos dentro das nossas escolas e por conta disso
vemos tantas pessoas com noções destorcidas do que é certo e errado, este é o
real problema.
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