sábado, 16 de março de 2019

COLUNA PAPO RETO - ROBERTO JÚNIOR


Seria eu um potencial assassino?

O massacre ocorrido na última quarta-feira, 13 de março, na Escola Estadual Raul Brasil em Suzano (SP) veio para contabilizar mais uma lamentável tragédia para o povo brasileiro, em especial para nossa juventude que se mostra cada dia mais problemática. Uma triste realidade que desencadeia diversos fatores de discussão e que nos leva ao questionamento: Afinal, o que levaria dois jovens, um de 17 e outro de 25 anos de idade a cometer uma atrocidade como essa?
Sem dúvida a realidade da juventude de hoje é bem diversa da de tempos atrás, já que a nova geração não tem mais os velhos anseios das relações reais, de brincadeiras nas ruas e da vida simples que antes era comum. O que temos hoje é uma geração de jovens cada vez mais sérios, preocupados, ansiosos, cercados de recursos tecnológicos e amigos virtuais que os levam a uma vida sozinha, e muitas vezes depressiva.
O advento da tecnologia fez com que o ser humano se preocupasse cada vez menos com coisas simples, e sem perceber começamos a nos tornar dependentes dela pra tudo. Hoje é praticamente impossível imaginar a vida sem o acesso à internet, sem ter em mãos um smartphone e não poder navegar nas redes sociais. A era da informação superou a era do conhecimento, e a consequência disso foi a criação de uma geração desorientada dentro de tantas possibilidades, a concessão de uma liberdade ilimitada para pessoas sem maturidade acabou causando problemas de alienação pelo excesso de informações soltas produzindo pessoas problemáticas cheias de confusão.
Entretanto, não podemos atribuir o surgimento de sociopatas ao advento tecnologia, já que uma afirmação dessa natureza seria completamente irrazoável, além de ser uma justificativa muito simples para uma problemática tão complexa. Digo isso porque uma das coisas que mais tenho visto em relação ao caso de Suzano são pessoas dizendo que os jogos eletrônicos violentos devem ser proibidos para não influenciarem os jovens a se tornarem criminosos. Além de ser uma grande bobagem não passa de uma argumentação sem o menor fundamento, já que observada a popularidade desses jogos eletrônicos, se levarmos em consideração essa justificativa, viveríamos em uma sociedade cheia de assassinos descontrolados que fariam do convívio social uma impossibilidade.
Posso falar por experiência própria, já que desde criança tive contato com jogos eletrônicos e alguns deles envolviam armas, lutas e até mesmo cenas de crimes, porém nunca passou pela minha mente apontar uma arma de fogo para alguém e tirar uma vida a sangue frio. Hoje com 21 anos de idade sou grande apreciador do universo dos games e acredito ser injusto atribuir a morte das crianças de Suzano a algo que não tem ligação objetiva.
A verdade é que pessoas que cometem esse tipo de crime tem graves problemas psicológicos, sejam eles fruto de traumas ou de falta de adequação social, muitos deles podendo sim ser agravados pela solidão do universo digital ou das redes sociais, mas nunca podendo ser justificados por esses motivos. Atribuir a culpa aos jogos eletrônicos é fechar os olhos para o verdadeiro problema. Precisamos agir em cima das causas da depressão, da ansiedade, e oferecer a essas crianças confusas apoio psicológico dentro das escolas, e acompanhamento dos pais dentro de casa.
Lembre-se que seu filho pode ter uma infinidade de informações nesse exato momento na palma das mãos, mas com uma boa orientação fará bom uso delas e terá reações positivas quando estiver frente a uma adversidade.
A educação não pode girar em torno apenas da ciência, mas também em valores comportamentais, estes que infelizmente estão sendo esquecidos dentro das nossas escolas e por conta disso vemos tantas pessoas com noções destorcidas do que é certo e errado, este é o real problema.


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