Qual é a sua meta?
‘Vencer as dificuldades postas pela
vida e superar os desafios diários para se tornar uma referência no desporto
amapaense?’ Para Gilson Machado as duas metas foram enfrentadas em conjunto.
Reinaldo Coelho
As metas de Gilson Machado continuam
a existir e a serem superadas e uma delas aconteceu na primeira quinzena desse
mês no evento chamado Circuito Brasil Loterias Caixa fase regional Norte e Nordeste
que aconteceu de 14 a 17 de março em João pessoa Paraíba onde conseguiu três
medalhas e 2 índices para competição em São Paulo.
“Sou o melhor do Norte e mesmo sem
patrocínio, contando somente com o apoio de amigos que fazem coleta e me ajudam
a comprar as passagens para os eventos competitivos nesse Brasil”.
Esses apoios não vem somente na arrecadação financeira para custear as passagens e estadias de Gilson Machado, que não tem Bolsa Atleta nem estadual nem federal, o seu técnico é o manaura José Ramos e o seu atleta-guia é o advogado Ralfe Sussuarana. “E o único patrocínio que eu tenho e da Natuvida suplementos. Mais é só suplementação e eu preciso também de patrocínio em viagens pois só conto com ajuda de Deus e dos amigos.”
De acordo com Gilson Machado o
Técnico José Ramos, passa diariamente e acompanha através de aplicativo de
celular, passando as informações técnicas a sua esposa que coordena os
treinamentos na área do Estádio Olimpico “Milton Corrêa” – O Zerão e aqui tem o
apoio do jovem advogado Ralfe Sussuarana, que disputa com ele as competições e
treinamentos como atleta-guia.
“Além desses acompanhamentos via
celular, estive durante o mês de janeiro em Manaus recebendo os treinamentos
técnicos diretamente dele, me preparando para esse evento que disputei e
conquistei essas maravilhosas medalhas e o índice para disputar o Nacional em
São Paulo.”.
Nascido no distrito paraense de
Icoaracy, Gilson perdeu a visão aos 10 anos de idade, devido ao glaucoma. Ele
narra que veio a Macapá acompanhando sua mãe para conhecer uma sobrinha
recém-nascida, gostaram da cidade e aqui passaram a residir.
“Aqui em Macapá dei continuidade aos
meus estudos, concluindo o Ensino Médio na Escola Professora Carmelita do
Carmo”.
A prática esportiva sempre foi o
sonho desse jovem de 35 anos de idade, porém a oportunidade nunca surgiu devido
a sua deficiência. “Na minha infância e juventude, pratiquei artes marciais,
como o Jiu-jitsu, com amigos. Quanto a pratica de atletismo sou recém-chegado
na modalidade. Há mais ou menos dois anos que estou competindo”.
Com uma determinação de dar inveja a
qualquer atleta de alto rendimento, Gilson Machado precisou ainda superar as
dificuldades de apoio para os treinos. Porém, nada disso atrapalhou os planos e
sonhos dele e da sua guia e esposa, Geerce Machado.
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Hoje, paratleta, Gilson Machado é
reconhecido como um dos melhores em sua categoria. “Pratico o atletismo de rua
e de pista, Sou o primeiro do Norte do País e isso é uma honra para mim e para
meu Estado, que infelizmente não me trouxe reconhecimento e ajuda para me
manter do esporte”.
Além de que o jovem atleta é músico
autodidata. “Comecei a tocar violão ‘de ouvido’. Estou treinando teclado. Toco
e canto música gospel, com minha esposa, na igreja que frequento. Somos
evangélicos. Já compus algumas músicas de louvor”.
Ele ressalta que começou a praticar o
atletismo competitivo em 2013, na Corrida do Ministério Público. Vencedor do
Norte/Nordeste de 2014, que foi realizado em Natal (RN), o paratleta tentou
obter resultado significativo, repetindo os feitos de 2014, desta vez em março
de 2015 em Recife (PE).
“Nas competições locais, os títulos
de 1º lugar são meus na minha categoria de deficiente visual masculino. Fora do
Estado em 2014, conquistei o primeiro lugar nos 400 metros, foi o segundo
colocado nos 200 metros e repeti a segunda posição nos 100 metros, no circuito
em Natal (RN) e, este ano em Recife (PE) fiquei com o segundo lugar no
Norte/Nordeste”.
A segunda vitória quando disputou a
mini maratona do Meio do Mundo, evento esportivo que inaugurou a nova pista de
atletismo do Estádio Olímpico Milton de Souza Corrêa, o "Zerão", na
tarde deste sábado (20), na Zona Sul de Macapá.
A disputa que contou com mais de mil
atletas e na categoria deficiente visual, Gilson Machado e o atleta guia
Gelison Machado ficaram em primeiro lugar.
“A largada aconteceu na Praça do
Coco, com chegada ao Estádio Zerão. Completamos a prova com percurso de sete
quilômetros em 30 minutos e 30 segundos. A pista é ótima”.
Dificuldades
Uma das diversas dificuldades do
paratleta é com referência a local de treinamento. Até hoje Gilson Machado, que
reside no Bairro dos Congós, em uma área de ponte sobre uma ressaca, é chegar
até os locais de competições e treinos.
“As preparações tem sido muito fortes
e espero poder repetir minhas vitorias. Sabemos que não será fácil, mas procuro
treinar ao lado das pessoas que não são cegas para que eu possa ter um nível
forte. Tomara que dê tudo certo para que eu consiga sempre vencer na minha
categoria”, otimiza Gilson.
Ele relata que a falta de apoio
financeiro torna mais difícil seus treinos e participações fora do Estado. “É
difícil, pois tenho de andar até a área do entorno do Zerão para participar de
treinamentos com meus colegas e orientação do Técnico João, da Equipe “Porta do
Sol” que faço parte. Treino regularmente cinco vezes por semana. No meu treino
diário tem aquecimento, condicionamento físico, alongamento e treinos táticos e
técnicos com muitas repetições. Quando não posso ir até o Zerão treino aqui na
Arena Esportiva do Congós, sempre ao lado de Geerce Machado, minha esposa e
guia”.
Porém, Gilson Machado necessita de
apoio para custear as despesas da viagem. De acordo com Geerce, as despesas com
hospedagem, as passagens aéreas e dinheiro para manter os dois nos locais da
competição são o maior drama.
“Infelizmente essa é a realidade do
atletismo local. O Gilson está treinando forte, tem resultados muito bons, mas
a dúvida é quando chegam as competições, pois não sabemos se iremos conseguir
viajar por falta de apoio. Ambos estão desempregados”.
Gilson Machado informa que recebe do
INSS, um salário mínimo que vem mantendo os dois. Eles residem no meio de uma
ressaca nos Congós em uma palafita quatro por quatro, sem as minhas seguranças
e saneamento. “Aqui já foi pior, na época da campanha foi construído essa
passarela que agora podemos caminhar melhor. São quase um quinhentos metros
para chegarmos até o asfalto”.
O atleta-guia
Atleta-guia é o profissional que
orienta o competidor com deficiência visual durante a corrida, ele treina e
corre ao lado do paratleta ligados por um cordão, ambos segurando uma corda, ou
qualquer outra coisa que os mantenham unidos durante todo o percurso.
Nem sempre o atleta-guia foi premiado
nas competições, as premiações eram apenas para os paratletas, mas desde o
Pan-Americano em Guadalajara os guias passaram a receber premiação assim como
os paratletas. Outro marco importante, no para-desporto brasileiro, é a
possibilidade que o governo estuda de inserir o atleta-guia no programa
bolsa-atleta.
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