SAÍDA DO “MAIS MÉDICOS” NÃO DISCUTE AS CAUSAS.
Várias são as causas da recente saída
de médicos contratados para o programa “Mais Médicos”. As irregularidades e implicações
legais do antigo contrato da OPAS com os
governos Lula/Dilma/Temer repercutem até hoje, porém a mídia nacional apenas
coloca a culpa no governo atual.
. O próprio MS não esclarece os motivos, pois
contraria suas alegações de que há médicos suficientes. Estive no Oiapoque
recentemente, onde constatei as deficiências no atendimento básico pela
Prefeitura e na assistência hospitalar, marcada pela carência de recursos financeiros,
humanos, logísticos e de infraestrutura. O município, distante 600 km da
capital, muitas vezes não dispõe de uma ambulância.
Nos governos anteriores houve uma
verdadeira “quebra de braço” com as entidades médicas. Mas na sua criação (Lei
12.871/2013) teve apoio do Congresso e legitimada pelo STF em 2017, como um
programa de educação/serviço e consolidou o acordo com a OPAS. Agora, o governo
federal atual não incorporou os intercambistas cubanos que permaneceram no
Brasil, exigindo o Revalida, contrariando a promessa de campanha.
Inicialmente a proposta do “Mais Médicos”
era para incorporar profissionais nas
cidades do interior com menos de 50.000 habitantes, mas centenas foram
contratados para cidades maiores, como em Santana-AP, que tinha médicos na
assistência, (municipal e estadual), e possuí mais de 50.000 habitantes.
Conforme a demografia médica/2013, feita
pelo CFM antes do programa “Mais Médicos”, dos “portadores de diplomas
estrangeiros 65% eram brasileiros. Os demais eram de outras nações: Peru,
Colômbia e Cuba, entre outras”, todos submetidos às exigências legais de
revalidação do diploma e inscrição nos CRMs”. (Jornal Medicina, fev/2013), o
que foi dispensado para os cubanos.
A justificativa de que o que interessava
para a população dos municípios era a
presença do médico, seja ele qualquer,
caiu por terra diante da situação da carência e sucateamento da saúde local
.Será que bastava apenas o medico na UBS e a atenção secundária de maior
complexidade descoberta ? . Será que bastam ensinar a lavar as mãos,
ferver a água, se não dispunham de meios diagnósticos e laboratoriais? Fazer o pré-natal sem USG; oferecer remédio
de verme e soro oral para diarréia numa cidade sem esgoto e saneamento básico.
Até que ponto isso melhorou a assistência?
Outra situação séria gerada pelo
contrato anterior foi o desconhecimento da língua, do sistema de saúde e da
estrutura e complexidade do SUS. As orientações eram desencontradas, fazendo
com que diante das dúvidas se dirigissem aos hospitais, aumentando a demanda e
colocando em risco o usuário. Tudo isso contraria a propaganda e a intenção de
desafogar a rede hospitalar.
Mas, hoje, a grande mídia nada disso
divulga. Esconde os relatórios das carências feitos pelo CFM e enviadas aos
governantes anteriores e ao Ministério Publico. Esses dados foram ignorados pelos
Deputados Federais e Senadores, que votaram a favor do programa, sem melhorar
as condições de trabalho dos médicos brasileiro, sem votar a tão propalada
carreira oficial do SUS; o contingenciamento dos recursos para a Atenção Básica
reduziu os gastos de investimentos, levou ao abandono das prefeituras com
orçamentos minguados, pagando aos médicos nacionais salários aviltantes, em
verdadeiro desrespeito a cidadania.
Estamos passando na área da saúde por
uma fase de transição, onde o governo atual adquiriu uma maquina administrativa
ineficaz, inchada, cara e infiltrada de vícios e corrupção, que perdurou por 30
anos, marcada por medidas populistas e eleitoreiras, cujas consequências
estamos sofrendo, e cujas causas não podem ser atribuídas à classe medica . JARBAS ATAÍDE, 08.04.2019.
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