Deputado estadual Jesus Pontes, um mandato dedicado ao crescimento do
setor primário e ao desenvolvimento amapaense
“Quando me formei, minha família
queria que eu fizesse concurso público, disse que não faria, pois não tinha
perfil para ser funcionário público, queria empreender. Graças a Deus, e ao meu
esforço com apoio deles em conjunto, tive sucesso. Mas. Não é fácil empreender
no Brasil e no Amapá. Então passo essa experiência para os mais novos. Vou as
Universidades e as escolas, faço palestra. Precisamos de uma geração de
empreendedora, para gerar emprego e o Amapá desenvolver. É o que mais queremos para
todos nós amapaenses”. Deputado Estadual Jesus Pontes (PTC).
Reinaldo Coelho
Ele nunca disputou cargo eletivo, sempre atuou
no setor privado, como empresário pecuarista, com formação superior em Economia,
teve uma carreira acadêmica destacada, com passagens também pela Fundação
Getúlio Vargas, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ocupou cargos
estratégicos no poder público voltados para o desenvolvimento do Estado do
Amapá. Jesus Pontes obteve 3.894 votos na eleição de outubro de 2019, sendo o
segundo mais votado em sua coligação, sendo filiado ao PTC (Partido Trabalhista
Cristão). Ele é um dos fundadores da Aprosoja no Amapá e desde que assumiu a
direção da Acriap perseguiu o objetivo de tirar o Amapá do incômodo status de
alto risco de aftosa em seu rebanho. Esteve ombreado com o poder público e a
iniciativa privada para galgar passo a passo a tão almejada Certificação Livre
de Aftosa com vacinação.
Com quase dois meses de mandato o deputado estadual
Jesus Pontes, vem conhecendo os bastidores e a máquina parlamentar amapaense e
mantém o posicionamento de que o mandato conquistado estará sempre voltado
principalmente à geração de emprego e renda para a população.
A editoria do Tribuna Amapaense conversou com
o deputado no seu escritório político e acompanhe um pouco mais sobre a atuação
e posicionamentos do jovem deputado sobre os problemas no Setor Primário e as
questões econômicas e principalmente as metas de superações dos gargalos
políticos e econômicos para o desenvolvimento e o crescimento do
Estado do Amapá.
Tribuna Amapaense – Estreante na política partidária e com sucesso na
primeira disputa eleitoral, como o senhor está vislumbrando essa nova atividade
na sua vida?
Jesus Pontes – Bom, estou a dois meses que assumi a cadeira de
deputado estadual do Amapá, com as pautas muito ligadas ao setor primário que é
as produções agrícolas e pecuária. Somos membro das Comissões de
Constituição, Justiça e Redação, Fundiária e Agricultura, a de Empreendedorismo
e sou suplente na de Relações Exteriores. Porque dessas comissões? Elas são de
suma importância para construir o modelo do setor produtivo dentro da Casa de
Leis e informar aos meus pares, de como podemos tirar o Estado do Amapá do
marasmo econômico. Sabemos do esforço político e estrutural que o Executivo tem
feito, mas a Assembleia precisa fazer sua parte. Por exemplo: Revisar a Lei
Ambiental do Estado, para flexibilização de novos negócios. Sabemos que hoje o
principal entrave no Estado é regularização fundiária, e temos que resolver
esse problema. E adianto a vocês que na próxima semana, teremos uma agenda com
o ministro da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e a nossa ideia é levar os
24 deputados estaduais, a Bancada Federal (deputados federais e senadores),
governador, para pedirmos uma Força Tarefa para o Estado para regularização
fundiária. E que comecemos a fazer a regularização pelas áreas que já estão produzindo e que se faz necessário. Em 2005/2006 fui líder de uma equipe que
tratou do Estudo da Pobreza no estado do Amapá, e foi detectado que tínhamos
23% da população abaixo da linha da pobreza, de lá para cá, esses números
somente aumentaram e estão em 46%, dobrou e porque isso aconteceu? Mesmo o governo
fazendo concursos públicos, investimentos em obras, etc.... Isso porque você
não tem negócio novos no Amapá e a falta de emprego é a forma natural de
empobrecimento. Então essa é a minha pauta clara, de resolver os gargalos
estruturantes do Estado, principalmente a Regularização Fundiária e o
Licenciamento Ambiental.
Tribuna Amapaense – O Senhor se considera ambientalista?
Jesus Pontes – Me considero ambientalista, um produtor
ambientalista. Porque vivo da produção rural e não posso destruir o meio
ambiente, ao contrário temos de cuidar e esse é meu objetivo, trazer isso para
o parlamento estadual e termos o equilibro nas comissões e nas
tratativas políticas. Porque eu entendo, Reinaldo, que o Amapá precisa produzir
seu próprio sustento. Não dar para vivermos somente das verbas federais,
precisamos aumentar a arrecadação interna, aumentar a nossa produção,
principalmente a de alimentos, pois nos tornamos um estado importador. A
população cresce, não produzimos nada aqui e mandamos o pouco dinheiro que vem
de fora.
Tribuna Amapaense – Como está o setor pecuário amapaense, após a
Certificação sem aftosa com vacinação, a proteína vermelha está com aceitação
no mercado?
Jesus Pontes - O ano de
2019, vai ser o último ano que vai ser feita a campanha de vacinação contra
aftosa no Amapá. O segundo passo agora é certificar o Estado contra a brucelose
e tuberculose. A brucelose já iniciou em 2018, a campanha de vacinação e este
ano está ganhando mais força, e nos entendemos que será necessário de três a
cinco anos para o Amapá receber a certificação isento de brucelose. E o rebanho
terá de começar a ter assepsia, pois para a tuberculose animal não existe
vacina. Temos que fazer a parte sanitária dos animais que se encontram nas
fazendas. A agencia de defesa do Amapá tem feito esse trabalho e eu tenho
acompanhado de perto, pois é ai que você constrói a valorização do rebanho.
Após a certificação sem aftosa com vacinação o rebanho do Amapá, teve sua carne vermelha procurada pelo mercado internacional |
Tribuna Amapaense – Porque a certificação
contra aftosa era tão importante para o rebanho amapaense tivesse aceitação no
mercado nacional e internacional?
Jesus Pontes -
A certificação é um marco um emblema, a certificação do setor pecuário
do Estado a nível nacional. Tanto que hoje existe um interesse direto do
mercado internacional, principalmente do asiático (chineses), indianos e também
compradores da Guiana Francesa e do Caribe, tem feito visitas no Estado,
buscando comprar no Estado do Amapá. Só que, repito, ainda precisamos de duas
certificação.
Tribuna Amapaense – Ainda com referência à
agricultura, está tramitando no Senado Federal a PLS n° 292, de 2018 que altera
a Lei 11.947, de 16 de junho de 2009, para estender a preferência na aquisição
de produtos para a merenda escolar aos produtores rurais e suas cooperativas
que operem em regime de economia solidária? O Amapá já atua nesse setor
(agricultura familiar).
Jesus Pontes – Hoje a maioria dos agricultores
não conseguem fornecer para o Estado, pois as plantas de seus produtos, seja a
farinha, o açaí não tem a certificação da Agencia Agropecuária do Amapá
(Diagro). Algumas já foram certificadas, as pequenas plantas, pois. Você não
pode colocar na mesa e servir para as crianças, alimentação sem garantir a
qualidade daquele produto. Está em processo de evolução e muito rápido.
Acredito, que isso deverá acontecer ainda este ano, o mais tardar o ano que
vem.
Mosca da carambola |
Tribuna Amapaense – A comercialização da
proteína do rebanho amapaense, passou décadas estigmatizada pela falta de
controle da Febre Aftosa, hoje superada pela Certificação. Agora temos mais um
gargalo, no setor fruticultura, com a evidencia da ‘mosca da carambola’ em
nossas plantações, tanto que as frutas locais, não podem ser exportadas e o
combate está sendo acirrado a décadas e ainda não foi alcançado o sucesso
total. Qual seu posicionamento nesse
setor?
Jesus Pontes – Temos esse gargalo através de
nosso vizinho, que é a Guiana Francesa. A ‘mosca da carambola’, atravessou o
Rio Oiapoque para o Estado do Amapá e a muito tempo é o único estado brasileiro que
faz o combate a essa mosca e diga de passagem, com muita eficiência, pois a
incidência dela caiu, infelizmente, agora ela já passou para o Estado do Pará.
Mas, temos uma força tarefa do Pará e do Amapá, para conseguirmos barrar nos
dois estados essa praga. Pois se ela chegar, por exemplo em
Pernambuco, o maior setor de exportação de frutas para o Japão, com contrato de
longo prazo de 20/30 anos, será uma catástrofe para a economia brasileira . Hoje, existe esse esforço do Executivo e com o apoio
do Legislativo que seja feita essa força tarefa com mais atores como a
Associação de Frutas Brasileira. O ministério da Agricultura de tratar direto
com os dois governadores e com os presidentes das Diagros amapaense e paraense.
Várias barreiras sanitárias forma montadas. Por exemplo na Região do Maracá, no
Posto do Km 9 na BR156. O Amapá tem feito sua parte.
Tribuna Amapaense – E pelo lado da Guiana
Francesa?
Jesus Pontes – Eu já venho entrando em contato
com deputados federais franceses, pois a Guiana Francesa é um Departamento Ultramarino francês,
para que possamos tratar desse assunto e eles tem que se juntar a esse processo.
Hoje, eles se abastem da discussão, pois é um estado importador, ele não
exportar os produtos, e também não deixam que seja utilizado as ‘iscas’ para o combate a
mosca em seu território e com isso atrapalhando toda a economia do setor no
Estado do Amapá.
Tribuna Amapaense – Deputado e o setor de grãos no Amapá, como caminha
esse segmento? Pois temos tidos denúncias, investigações e até prisões que
envolvem atores que atuam nesse setor.
Jesus Pontes – Primeiro defendemos que os órgãos de controle
atuem, o Ministério Público Estadual e Federal, a Policia Federal, que atuem em
qualquer questão que esteja errada. Nos entendemos também que grande parte que
foi vinculado, não condiz com a verdade. Pelo que eu sei até agora o empresário
Daniel Sebben não foi denunciado, ele era secretário de Estado do
Desenvolvimento Rural, uma cabeça brilhante, que o Amapá teria como consultor
do Desenvolvimento Econômico do Estado, com experiência internacional e não
pode atuar no setor público, por parte dessa questão. Respeitamos estamos
esperando os fatos serem apurados e vamos conversar com a sociedade a partir
disso. Entendemos que há uma estagnação do processo natural da produção de grãos
no Amapá, por essa questão. Quando isso chama atenção do poder público, o
Executivo Federal e Estadual se mexe. O governador colocou a frente do Imap um
procurador de carreira, que está atendo a todas as questões locais, o que
torcemos e pedimos que resolvam o quanto antes, pois a produção de grãos do
Estado é necessária para todas as cadeias produtivas do Amapá.
Tribuna Amapaense – Com referência a cadeia produtiva do Amapá, nas
diversas categorias, tanto de grãos quanto a da produção familiar, está
atendendo as necessidades do mercado interno?
Jesus Pontes – Primeiro estamos certificando o Estado para podermos
exportar, quando também a produção de grãos que é um mercado fantástico, que já
sai do Amapá e alcança o mundo. Nós temos um cálculo aproximado de
possibilidades de chegarmos a R$ 2,9 bilhões de faturamento para o Amapá,
somente com o Açaí. Temos aproximadamente 150 mil hectares de açaizais nativo
que podem ser manejados e isso gerará os 2.9 bilhões e temos somente 5% desse
total de produção. A produção de farinha, a mandi cultura do Estado precisa
evoluir rápido, precisa de mãos-de-obra penificada e a mecanização para que
possa produzir. Hoje a média é de 16 toneladas por hectare de mandioca, pode
chegar a 48 toneladas/hectares dentro da
mesma área sem fazer queima de novas áreas, colocando calcário, adubando
aumenta a produtividade e possibilita produzir aqui e abastecer o mercado
local, que hoje praticamente os produtos industrializados, como a tapioca vem
do Paraná, estado que não tem a mandioca nativo que é aqui do norte do Brasil.
Entendemos que o novo secretário de Desenvolvimento Rural, o zootecnia a Daniel
Montagner, que vem da Embrapa, onde é pesquisador e estava há frente da
Secretaria de Tecnologia da Embrapa é formado em uma das mais importantes Universidades,
a de Santa Maria do Rio Grande do Sul, berço do agronegócio brasileiro, ele
está preparado para construir a evolução, principalmente da agricultura, Açaí,
Soja, Milho e Carne do estado do Amapá, confiamos nele e vamos lhe dar todo o
apoio para que possa desenvolver um bom trabalho e contamos com toda a
sociedade para defender isso.
Tribuna Amapaense – Deputado com referência ao
setor da mandiocultura, já vem sendo aplicado projetos de mecanização e de
novos estilos de plantio da mandioca, como o de Santarém, foram adquiridos
maquinários para a mecanização do plantio e está ainda faltando recursos para
que isso seja implementado?
Jesus Pontes – O que falta no Estado do Amapá
é a regularização fundiária. O Governo não deve assumir para si o preparo do
solo, mas sim gerar a política pública necessária para que o produtor possa
entrar na cadeia produtiva como nos outros Estados. Ele tem o título da sua
terra e vai entrar no início do ano no Plano Safra, para receber o seu
financiamento, vai alugar o trator se não puder comprar um, individualmente ou
em grupo, através das cooperativas, comprar os insumos, produzir, vender a
produção, tirar a parte para remunerar o seu trabalho e o restante pagar seus
compromissos. Nos 54 assentamentos que temos no Amapá, não dá para viver nesses
locais, onde são verdadeiras favelas rurais, onde não tem infraestrutura, não
tem posto de saúde, nem médicos, nada... E as pessoas ficam ali abandonadas.
Tem que emancipar, dar o título daquelas pessoas e elas tomarem o caminho da própria
vida, seja em conjunto ou individual, mas tomando suas decisões.
Campus da UEAP no municipio de Amapá |
Tribuna Amapaense – Enquanto isso, os nossos jovens, o futuro do nosso
estado, o que está sendo feito para prepara-lo para se inserir no mercado de
trabalho ou empreender. Eles tem que ter opções educacionais técnicas, que lhes
garanta essas ações. Nossa instituições educativas estão vendo essa
possibilidades?
Posse de Jesus Pontes como deputado estadual do Amapá, com a família |
Jesus Pontes – Acredito que sim, pois temos no município de Porto
Grande, a carreira de Engenharia Agronômica, pelo fato do município ser um polo
de fruticultura do Estado. Temos a carreira de Relações Internacionais em agronegócios,
em Santana. A Unifap, já tem o curso de medicina, para ajudar na questão da
saúde pública, temos a UEAP que está desenvolvendo estratégias de
interiorização, colocando campus no interior do Estado, como o do município de
Amapá com a Agronomia e Matemática. E é esse o caminho, educar o jovem para o
mercado de trabalho. Que ainda tem a meta do Concurso Público, de estudar para
esse objetivo. Nós temos que ter educação empreendedora no Amapá. Eu sou um
exemplo. Quando me formei, minha família queria que eu fizesse concurso
público, disse que não faria, pois não tinha perfil para ser funcionário
público, queria empreender. Graças a Deus, e ao meu esforço com apoio deles em
conjunto, tive sucesso. Mas. Não é fácil empreender no Brasil e no Amapá. Então
passo essa experiência para os mais novos. Vou as Universidades e as escolas,
faço palestra. Precisamos de uma geração de empreendedora, para gerar emprego e
o Amapá desenvolver. É o que mais queremos para todos nós amapaenses.
Verdade é uma pessoa muito competente
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