As
migrações e o êxodo dos refugiados fugindo da fome e do fratricídio.
Reinaldo Coelho
Você já deve ter visto na
televisão ou ouvido no rádio que milhões de homens, mulheres e crianças estão
sendo obrigados a sair de seus países em busca de abrigo principalmente em algumas
regiões da Europa. Essas pessoas são chamadas de refugiados. Os refugiados
ficam com tanto medo de permanecer em seu país por causa de guerras ou
conflitos internos que são obrigados a fugir por um tempo. Mas não confunda
refugiados com imigrantes.
Os imigrantes são aqueles
que entram num país estrangeiro por escolha, com o objetivo de morar ou
trabalhar. Por exemplo, no século XIX, muitos italianos, espanhóis, japoneses e
alemães se mudaram para o Brasil para trabalhar.
Os
refugiados são pessoas que intrepidamente decidem largar suas casas, cidades, país e embarcarem
em barcos, navios decrépitos e à própria sorte para enfrentarem a fúria dos
mares, isso na Europa, e os desertos mexicanos e os policiais fronteiriços dos
Estados Unidos para conquistarem uma segurança e melhor tipo de vida.
Já imaginou você ser
obrigado a sair de sua casa, de uma hora pra outra, deixando pra trás suas
coisas, seus amigos e sua escola? É isso que acontece com as crianças
refugiadas. A Síria, por exemplo, é um dos lugares mais perigosos do planeta
para as crianças, hoje em dia. Em vez de irem à escola, as crianças estão sendo
forçadas a lutar na guerra e a fabricar bombas. A guerra na Síria já dura três
anos e parece que não vai terminar tão cedo. Isso vem sendo retratado muito bem
na novela global ‘Órfãos da Terra’
Esses
cidadãos são originários em sua maioria de países africanos (Nigéria, Angola,
Sudão, Oriente Médio), onde a guerra civil, a ditadura, a miséria, a fome e
principalmente o fratricídio predominam e procurarem outros países para conseguirem melhor
vida para seus filhos, pois a deles já está arruinada.
Por que, hoje em dia, tanta gente está fugindo de
seus países? É que os países onde os refugiados
nasceram estão enfrentando problemas. É o caso da Síria, do Afeganistão, da
Venezuela e da Somália, entre outros. Os cidadãos desses países estão fugindo
de guerras, da pobreza e da violência. Desesperados, eles tentam atravessar o
Mar Mediterrâneo para chegar à Europa em barcos improvisados e, infelizmente,
muitos deles acabam morrendo.
Em vários países de imigração hoje,
especialmente na Europa e na América do Norte, os “novos” imigrantes não
europeus são vistos como mais problemáticos do que os imigrantes “históricos”
da Europa.
Geralmente, os movimentos e políticos
anti-imigrantistas negam que sejam racistas, alegando que os novos imigrantes
não aceitam os valores ocidentais, e que suas características culturais impedem
a integração e produzem atitudes antidemocráticas, machistas e até terroristas.
ACNUR: Brasil tem que aproveitar bagagem cultural e profissional dos refugiados |
Esse posicionamento com a caracterização
dos novos imigrantes, gera uma amnésia social: o esquecimento do tratamento
sofrido por muitos imigrantes da periferia europeia no passado, e o
esquecimento do passado colonial e neocolonial dos países de imigração. No
passado, vários grupos imigrantes da periferia da Europa sofreram bastante
hostilidade e estigmatização nos principais países de imigração. Também precisamos
levar em conta o passado colonial para compreender as mudanças nos fluxos
migratórios e as representações dos novos imigrantes.
Hoje, na Europa,
na América do Norte e também na América do Sul, os imigrantes vistos como
“problemáticos” geralmente são os não brancos, ou não europeus, aqueles
oriundos do Oriente Médio, da Ásia ou da África que chegam à Europa, os
mexicanos e outros latino-americanos que chegam aos Estados Unidos, os
bolivianos, haitianos e africanos que chegam ao Brasil ou os paraguaios e
bolivianos que chegam à Argentina.
Há um contraste
que se elabora mais ou menos explicitamente na Europa e na América, entre os
velhos imigrantes europeus, que supostamente se integraram sem grandes
problemas, e os “novos” imigrantes não europeus, vistos como intrusos
provenientes de regiões sem vínculo com a Europa, portadores de uma alteridade
radical, atrasados e incapazes de se integrar em sociedades modernas e
democráticas.
Este contraste
comum – por exemplo, entre os poloneses e os turcos na Alemanha, entre os
italianos e os argelinos na França, entre os irlandeses e os indianos no Reino
Unido, ou entre todos os europeus e os mexicanos nos Estados Unidos – se baseia
na amnésia histórica, numa projeção retrógrada ao passado da condição atual dos
descendentes de grupos europeus relativamente bem integrados nos países para
onde seus avós ou bisavós também fizeram os mesmos caminhos. (Continua...)
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