Ciclo Junino 2019
Um mês de festejos
de uma tradição cultural brasileira
É
início da manhã do dia 19 de março e os agricultores do Nordeste se apressam em
sair de casa e observar o tempo, procurando algum sinal de chuva. Reza a
tradição que, se for plantado nessa data, dia de São José, e houver chuva, não
faltará milho em uma das festas mais esperadas pelo sertanejo, a de São João.
Festa rica, com fartura de comida e bebida, fogos e fogueiras, e em tradições
seculares, o ciclo junino é um dos mais cultuados pela população nordestina,
seja nas grandes cidades ou nos sítios escondidos do interior.
O
Brasil ainda era colônia de Portugal quando as festas juninas começaram por
aqui, trazidas pelos jesuítas para festejar os santos de junho: Antônio, João e
Pedro, de acordo com a tradição da Igreja Católica. Hoje, essas festas fazem
parte do folclore e são as manifestações populares mais praticadas no Brasil;
no Nordeste, são mais aguardadas e concorridas que o Natal. É um evento em que
todos comemoram, comem doces e comidas típicas, vestem-se a caráter e dançam
quadrilhas.
Nessa
época o trio Antônio, João e Pedro se revezam durante os festejos, que começa realmente
na véspera do dia de Santo Antônio, dia 12. É quando ele entrega a festa para
São João (no dia 24), que entrega para São Pedro (dia 29), que, por sua vez,
entrega a festa para Santana, mãe da Virgem Maria (29 de julho)'.
Se
São João tem o apreço popular, Santo Antônio - tido apenas como um santo
casamenteiro na maior parte do Brasil - tem outro status em Igarassu. Além da
forte devoção popular, o santo também é vereador municipal. Ainda nos tempos do
Brasil Colônia, ele foi investido da patente de Tenente de Artilharia e
Capitão, mesmo naquela época não havendo nenhum quartel na cidade. Mais
recentemente, Santo Antônio foi eleito vereador, com o título de Protetor da
Câmara, e seu salário atualmente é destinado ao Convento de Santo Antônio, que
data de 1588.
No
Estado do Amapá, onde predomina a migração nordestina, esses festejos já
estivem em altas no seio da sociedade, com as tradicionais fogueiras, nas
portas das residênciaas, onde se trocavam as guloseimas da época e as famílias realizavam
a famosa ‘pular-fogueira’ com as crianças das quais se tornavam madrinhas/padrinhos.
Além da apresentação dos bois bumbás e quadrilhas das ruas eram apresentadas. Com
o desenvolvimento veio o asfalto, os prestamentos e as fogueiras sumiram das
ruas de Macapá.
Nas
próprias escolas, onde essa data era enriquecida pela apresentação das
quadrilhas e vendas de práticos típicos e os famosos e disputadíssimos ‘Miss
Caipira’ que ajudavam os cofres das Caixas Escolar e possibilitavam adquirir ou
construir alguma coisa em benefício da escola.
Esses
festejos no Amapá, estão restritos a algumas iniciativas e predomina a grande
disputa das quadras juninas, que cresceu e tornou-se um desfile apoteótico, com
grandes números de membros e com designes, coreografias e apresentações luxuosas
que envolve todos os 16 municípios amapaenses.
Um
total de 16 grupos se apresentaram no sábado (18) e domingo (19), dando início
a 11° edição do "Arraiá no Meio do Mundo". As apresentações aconteceram
na praça onde fica o prédio do Super Fácil do bairro Beirol, na Zona Sul de
Macapá.
As
apresentações das quadrilhas não foram classificatória, mas foram avaliadas
pelos oito jurados e premiadas de forma simbólica, para que os grupos tenham
uma prévia do que precisa ser melhorado e corrigido. Aconteceu a entrega de
troféus aos primeiro, segundo e terceiro lugar, assim como o melhor marcador e
a vencedora do concurso de musa junina e mister junino, que também ocorre no
dia.
Segundo
explica um dos organizadores do evento, Urielson Duarte, o pré-festival é o
"ponta pé inicial" da festa que teve seus preparativos iniciados em
novembro, mas acontece oficialmente entre 26 de junho e 10 de julho, entre as
fases eliminatórias e classificatórias.
"Nosso
trabalho se estende por oito meses do ano, entre visitas técnicas, ensaios,
seletivas e apresentações. Com essa prévia do que é o festival Arraiá no Meio
do Mundo, os grupos possam fazer os
ajustes necessários em suas apresentações", explicou.
Durante
a comemoração da quadra junina, além das apresentações das quadrilhas, haverá,
no dia 30 de maio, o coquetel de apresentação dos casais de noivos e garoto e
garota Fefap nas categorias estilizada, diversidade e tradicional. Todos
compõem a corte junina. Também serão sorteadas as chaves da ordem de
apresentação dos grupos de quadrilha.
A
programação se estende ainda aos grupos de quadrilhas dos municípios de Porto
Grande, Pedra Branca, Calçoene, Oiapoque na etapa da seletiva intermunicipal,
que acontece no dia 22 julho, na cidade de Ferreira Gomes.
De
acordo com a organização, mais de 5 mil pessoas são esperadas nos dias de
festa, que recebem, ao todo, 72 grupos de quadrilhas juninas do estado, durante
a programação completa. Desses, 40 são da capital, divididos entre três
categorias, grupos 1, 2 e tradicionais.
No
dia 26 de junho ocorre a etapa eliminatória do concurso interestadual de
quadrilhas e nos dias 5 e 6 de julho serão realizadas as finais do concurso
estadual. Os ingressos individuais custam R$ 5 e a mesa com quatro pessoas R$
40. Todo valor arrecadado será revertido para melhorias na estrutura da festa.
Festas juninas agitam
comércio em Macapá, Mazagão e Santana
Decoração, comida, bebidas quentes e trajes típicos são indispensáveis
nas tradicionais festas juninas. Nesta época do ano, a procura por artigos
movimenta alguns setores do comércio de forma significativa na capital amapaense.
O comércio das duas maiores cidades amapaenses já está preparado para
esse período festivo, que não acontece somente neste mês de junho, já que as
festas se estendem até julho e agosto. A festa junina é uma cultura bem popular
e em vários pontos das cidades de Macapá e Santana e nos demais municípios
acontecem festejos, seja na rua e até mesmo em escolas, o que estimula o
consumo desses produtos”, O comércio informal, no casos os ambulantes, são
beneficiados nesse período, principalmente nas edições das disputas das
quadrilhas no "Arraiá no Meio do
Mundo".
Arraiá no Meio do Mundo
O Arraiá no Meio do Mundo é realizado desde 2008. Neste
ano de 2019 o evento foi iniciado em maio, com os pré festivais nos polos
municipais, concursos para escolher a Corte Junina, seletivas nos polos e agora
segue para o Festival Estadual, que acontece em Macapá.
Participam do 11º Arraiá no Meio do Mundo grupos juninos
de todo o Amapá selecionados nas disputas nos polos municipais, que são: Leste,
Norte, Macapá e Jari, que não realizou a seletiva por transtornos climáticos.








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