AS PESSOAS ESQUECERAM-SE DAS FLORES?
Rodolfo Juarez
Está terminando o mês de maio e não faz tempo este mês
era considerado o mês das flores, das debutantes, das noivas e de Maria. Não
sei se as adolescentes já não debutam mais e se as pessoas esqueceram-se das
flores. As noivas ainda gostam do mês de maio e Maria continua sendo
referenciada com respeito e esperança.
Debutante é a palavra usada para
designar a adolescente que completa seus quinze anos de idade. A palavra vem do
francês débutante, que significa iniciante ou estreante.
O baile de debutantes é
um rito de passagem da infância para a adolescência ao qual as jovens são
submetidas, geralmente sendo realizado quando as mesmas completam quinze anos.
O mês de setembro é reconhecido como o
mês das flores, entretanto para nós, que moramos sob a influência da linha do
equador esse detalhe fica mais para ser desenvolvido pela consciência do que
pela Astronomia e, por isso, provavelmente, foi escolhido pelo amapaense de
antes dos anos 2000, como o mês mais adequado para chamar de mês das flores.
Com relação ao mês de maio ser considerado o mês das
noivas, ao longo dos séculos,
esses elementos foram sendo associados à celebração do amor no casamento. Essa
mesma ligação com as flores e a feminilidade fez com que maio, além de mês das noivas, também fosse
considerado o mês das
mães e de Maria.
Essas datas, não faz tempo,
foram muito importantes para a sociedade amapaense. Os clubes, as associações e
as famílias tinham uma programação especial para ser executada durante o mês de
maio, sempre com grande glamour e presença de bandas ou cantores de sucesso que
se constituíam em uma atração a mais para tornar o momento inesquecível para as
debutantes, as noivas e as famílias.
Essa tradição foi abruptamente
quebrada e, pelo que se observa, saiu completamente da rotina dos clubes, das
associações e das famílias, provavelmente contribuindo para muitos dos
problemas que hoje são enfrentados pelos pais que não sabem o que fazer nos
quinze anos das filhas, trocando o baile por presentes ou viagens que separam
os pais dos filhos no dos momentos mais importantes da vida de uma jovem.
Não sei se isso explica
muitas das mazelas sociais que são enfrentadas todos os dias nas “bocas” de
venda de droga, nas maternidades atendendo as jovens engravidaram precocemente,
além do distanciamento de membros de uma mesma família.
Voltar para fazer a mesma
coisa justificando que esse comportamento social deu certo outrora, não aprece
ser uma boa medida, mas é importante considerar a necessidade de se dispor de
um momento que possa indicar a melhor forma de preencher a lacuna que foi
aberta com a dispensa dessas homenagens à adolescente no momento em que a
adolescente mais precisa.
A música eletrônica, as
melodias sensuais, as letras com dupla interpretação não conseguiram melhorar a
condição social das adolescentes que nem percebem que estão entrando na fase
adulta sem qualquer preparação e imaginando que sabem tudo, e que estão
perfeitamente conscientes e preparadas para enfrentar as questões do dia-a-dia
longe dos olhares de seus primeiros instrutores, os pais.
Está muito claro que, pelo
menos neste importante momento, a responsabilidade pelas “cabeçadas” das
adolescentes é muito mais da família do que de qualquer outra organização ou
entidade que possa ser apresentada como observadora e orientadora dessas jovens
meninas que são estimuladas a saírem para enfrentar a vida sem a preparação que
a vida requer.
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