sábado, 1 de junho de 2019

RECANTO LITERÁRIO - OBDIAS ARAÚJO

 
POEMA DO MÊS DE DESGOSTO

Meu pequeno
Samsung Ladia
Está fechado
Em minha mão.

Silenciosamente

Fechado.

Não toca.

Não toca.
Não toca....
oOo

ESPERA


Você se lembra

mana?

A gente era tão pequeno

e já
comia mamorana...
oOo

MONGUBA


Te prometo, Poeta,

que no próximo entardecer
vou pintar um arco-íris
para deixar tua tardezinha
menos triste.

Hás de sentir que o entardecer

pode ser tão belo
quanto o alvorecer
que ilumina teu rosto
e abre sorrisos no teu olhar

Presta atenção, Poeta,

essa hora que entristece a tua alma
é o momento solene
no qual Deus apaga o sol
para acender a lua e as estrelas

Principalmente aquela estrela

que tanto te encanta
quando estás 
tecendo sonhos
e versos na madrugada.

###


Quando Osmar Jr. cantava Violino no Lennon Bar

teus galhos cadenciadamente
Moviam-se como se arcos fossem.

Sempre havia enorme lua

em tua copa num eterno
esconde-esconde com as estrelas.

Dia desses levantaste a raiz

de súbito e o poeta tropeçou
quebrando a rima na calçada.

E rias!

Como tu rias!

Alcy falou avistar sempre

um casal de alicornes na ramagem
e teus pés obra e graça
do Albino viviam cobertos
de oferendas esquecidas
por velhas entidades.

Lágrimas entrecortam o poema.

Requiescat in Pace
minha amiga Faveira.
oOo.

R.I.P


1

Era só enfiar o dedo indicador
No canto da boca
Melar bem de cuspo
E erguer a mão
Com o dedo apontado.
O friozinho dedurava
a direção do vento.

Chiquinho Marques...

Alvorada com mel de Jataí......
Bom mesmo era à boca-da-noite
Quando soprava o terral
E as cangulas chinavam
Lá pras bandas do Del Pillar.

Foi ali

bem pertinho
da barbearia do Timboteua.
O sujeito em ridículo decúbito dorsal
Calça Brim-Coringa até os joelhos
Parafuso de ponte – dos grandes! -
Atoxado no fiofó.

Acolá

no Clipper o Amilar Brenha no cavaco
fazendo ponteados
para o Mercedes Benz
do Caixa-de-Cebola.

-Aquilo ali

É um Fenemê.
-É bem da Prefeitura...

2

Pai D’égua também
Era brechar as putas do Jenipapeiro
E da Maria Mucura
Ou as filhas do Santa Brígida
Nuinhas nuínhas
Tomando banho
Embaixo do coqueiro
Todo meio-dia.

3

Em frente ao Bar du Pedro
O Inspetor Oto
Vermelho de proncha
Esbravejava que 
O balão de aço do moleque petequeiro
Era roubado da balança
do Mercado-de-Carne.

-Mentira!

Ele queria mesmo
era as petecas.

4

O inspetor Erundino
Sacudia negativamente a cabeça
Mas o Barba Chata e o Beiço de Bobó
Encheram os bolsos e sairam
Assoviando a Canção da Guarda Territorial
Na versão do Mário Melo
Sem dar bola para
O Choro das Crianças.

5

Os meninos choramingavam
que as esferas de aço da balança
tinham uma cintura para a prancha não deslizar
debaixo dos quartos de boi
que o Picolé trazia nas costas
segurando com uma das mãos
o calção de zuarte.
Paneiros enormes
de peixe e de pupunha.

6

De repente
As baladeiras foram esticadas
E a Tropa do Aningal
Tacou no lombo dos meganhas
o que sobrou das petecas.

7

Eu conto porque vi.
Não me contaram.
Eu estava lá.
Jogando peteca.
Sapequei com gosto meu balão
Bem no peito do Evangelista.

Meu balão de aço

da balança do Mercado
tinha uma cintura
para a prancha não deslizar
debaixo dos paneiros e paneiros
que o Mucura e o Chico
Irmao do Manga
Traziam 

8

Meu Balão.
Meu primeiro balão.
Roubado da única balança do mercado
Bem debaixo do único olho
Do Lachinha.

oOo

MERCADO DE CARNE
###
Meu rosto cansado e triste
O rosto que vês agora
Já não é o mesmo rosto
Que conhecestes outrora.

O brilho já não existe

No rosto cansado e triste
Depois que fostes embora.
oOo

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