Este é meu recanto preferido. A parte que me cabe neste latifúndio. Aqui repousa minha caixa craniana no aconchegante nicho do poema.
Falar em caixa, as pequenas são exemplares de meu último livro. A maior é um fogão que minha esposa impôs à minha responsabilidade.
Acordei a pouco de um sonho. Bom. Muito agradável. Sonhei que fui à padaria. Uma padaria limpa, organizada onde apenas eu era freguês.
Sentado ao caixa o dono da panificadora conversava com a funcionária de avental em pé a seu lado e éramos nós três os humanos daquele universo de torradas, rosquinhas, sonhos e pão careca. Meu amigo, aquele senhor parecia muito com meu irmão Osmar Junior (Grão-Mestre de Pirauba. Senhor de Todos os Guarás).
Caia-lhe bem aquela cara de Bolacha Maria.
Foi então que percebendo minha presença o homem pedindo desculpas apontou-me à mulher que foi buscar meu pão cotidiano. E eu me apressei no dizer-lhe que estava tudo certo. É que às vezes desligo.. Vou para a dimensão dos loucos onde nada importa e de tudo um pouco existe.
Um lugar onde a vida é lenta e todos os problemas têm solução na próxima página. As mulheres são mulheres os homens são amigos e as crianças crescem direcionadas à bifurcação natural dos gêneros.
Muitas vezes passo dias e dias neste lugar.
É quando estou umbilicalmente conectado ao poema.
O resto é pão com manteiga e dois reais de salgadinhos para a menina amada.
-Psiu, Telma Salomão!
Feliz Dia dos Namorados!
Eu te amo!
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Arraias e boto
Presenciaram o evento
: O poeta senta-se
Às costas do velho Eliezer
Bebe um gole de redenção
E esfrega as mãos
De paz com o mundo.
E mãos limpas
E puro coração
Assina de testemunha:
O Amazonas
Acaba de parir
O sol.
oOo
CHANSON
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Ah
O balir das rimas
E este desejo insano
De apascentar poemas...
Ah
O girar mundos...
Reler Baudelaire no original
E respirar os ares
De Sevilha...
E bem ali na Ferro de engomar
Ignorar solenemente as formigas
E devorar Benilton Cruz
Alonso Juracy Francisco Nascimento
Eimar e outros
Paraoaras poetas
De ildoneidade soeiramente
Comprovada.
oOo
SOLEDAD
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Branquinha:
Estas são palavras
Difíceis de falar.
Não. Não é nada fácil
A transmutação do verbo
No sentimento de gratitude
Que te trago alinhavado
No amor que a ti dedico.
Você chegou como uma brisa.
Leve. Diáfana. Angelina.
E logo logo eis ali um vento impetuoso.
Forte como o Simum que rasga sulcos
No rosto de teus irmãos que rasgam sulcos
Na carantonha do Saara.
Quente como o Simiel
Que assinalou teus Jorges.
Nas asas de ti anjo voo.
Volamos juntos.
Volamos lejos
Y cerca los lábios yugo
Y las alas temblorosas
Entrelaçadas.
Obrigado meu amor
Por seres e estares.
Não que eu mereça
E sim porque o teu amor
Afoga todas as minhas máculas
Desempenando meus
Gestos imperfeitos.
Eu te amo. E a vida
Que a gora vivemos juntos
É esta vida que a ti dedico.
À tua sombra. Em teu regaço.
Ao alcance de teus lábios de anjo
oOo
DENTRO DO BONGÔ
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Meu amor por ti
É tocável todo tempo
O tempo todo.
Tua imagem
É visgo do bom.
Retinta retina.
Teu amor por mim
É retorno
Gotejando paranás
De doçura.
Teu amor
Meu amor
É puro
E bom.
CICIO
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Uma noite inteira
Sonhando com ela.
Um sonho de tombadilho
Com direito a aurora boreal
Flashes de Salvador Dali
Pudim de cogumelo
Do excremento da vaca-búfala
E muchas locuras más.
Por isso acordo agora.
Por mim tanto faz.
Durmo de novo
E volto a sonhar
Contigo!
oOo
EXTASE
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Se um dia
O amor
Acabar
Ainda assim
Restará
A saudade.
Uma saudade
Insana!
oOo
IMPROBABILIDADE
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