sexta-feira, 5 de julho de 2019

Encerra a XI Reunião da Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça (CMT), no Amapá


Encerra a XI Reunião da Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça (CMT), no Amapá
 
Durante dois dias, representantes do Brasil e da França deliberaram sobre temas de cooperação para desenvolver região de fronteira. Foi tratado desde do visto, educação, cultura, transporte, desenvolvimento econômico e meio ambiente.


Reinaldo Coelho


A relação fronteiriça do Brasil com a França no extremo norte brasileiro nunca foi pacifico, o desafio de brasileiros em encararem uma migração, através de uma travessia ilegal e de altíssimo perigo, para beneficiar-se de uma economia europeia e que nunca foi bem recebido pelos governos franceses que administram o Departamento Ultramarino da Guiana Francesa.
Essa rivalidade é histórica. Pois, desde da época da colonização, quando os franceses quiseram anexar terras brasileiras a sua colônia na América do Sul, e invadiram o território nacional o que foi repelido pelos brasileiros que habitavam o torrão amapaense e depois tiveram as ações diplomáticas do governo brasileiro e até ameaça de invasão na época do governo militar.
Esses atritos duraram até o fim do Século XX, pois em 1997 o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso anunciou a construção de uma ponte estaiada de 378 metros ao custo de  30 milhões de dólares ao governo brasileiro e ao francês, Porém ela tornou uma ponte que não une.

A ideia era melhorar a conexão entre os dois países, mas de 20 anos se passaram sem que as conversas entre os dois lados avançassem. O município amapaense Oiapoque (no extremo norte brasileiro) está ligado ao município de St. Georges, mas quem cruzava a ponte só chegava até aí. Ficava proibido circular por outros municípios da Guiana Francesa e do Brasil sem visto.

Como ainda não há aparelhos de fiscalização, o transporte de carga está proibido por enquanto, e só carros particulares poderão realizar o bate-volta.
A fronteira do Amapá com a Guiana Francesa possui uma população estimada em 32 mil habitantes, sendo 26,6 mil pessoas só em Oiapoque, no extremo norte do Amapá, e aproximadamente 3 mil em Saint Georges, ambos divididos pelo Rio Oiapoque e, agora, interligados pela Ponte Binacional.

A Guiana Francesa é um departamento ultramarino da França com uma população total estimada em 296.711 e tem como principais atividades econômicas a agricultura, o turismo e a pesca. Para tratar das relações transfronteiriças, foi criada a CMT como parte do Acordo de Cooperação Mista, assinado em maio de 1996 e ratificado com o Plano de Ação da Parceria Estratégica, registrado e divulgado em fevereiro de 2008.


Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça (CMT)


Essas situações vem sendo discutidas entre os dois países, através de uma Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça (CMT) que se reúne a cada dois anos. A CMT faz parte do Acordo de Cooperação Mista, assinado em maio de 1996 e ratificado com o Plano de Ação da Parceria Estratégica, registrado e divulgado em fevereiro de 2008.

Este ano foi realizado a XI Reunião da CMT no Amapá. As interlocuções acontecem durante os dias 3 e 4 de julho. O encontro busca fortalecer as relações socioeconômicas entre o Amapá, no Brasil, e o departamento ultramarino da Guiana Francesa, na França. Entre os temas abordados estão: saúde, educação, segurança, desenvolvimento econômico, questões migratórias e meio ambiente.

Presidindo a CMT, o governador do Amapá, Waldez Góes, evidenciou a importância do evento dizendo que a Comissão Mista expõe os temas com os encaminhamentos que necessitam de atenção maior das autoridades francesas e brasileiras para destravar o desenvolvimento da região de fronteira. “Aqui nós deliberamos as questões que precisam ser resolvidas e levamos ao conhecimento do poder central do Brasil e da França, de onde vem a decisão de efetivar as políticas públicas de cooperação bilateral”, reforçou.

Waldez aponta a obtenção de vistos para brasileiros e o transporte de cargas, pessoas e bens, como um dos principais desafios para a atual edição da CMT. “São questões que exigem grandes esforços dos governos centrais da França e do Brasil”, considerou.

O governador mencionou que, desde a última edição da CMT, em 2016, houve avanços que beneficiaram os dois lados, especialmente nas áreas da saúde, segurança e educação. Como exemplo, ele citou a inauguração da Escola Estadual Profª Marly Maria e Souza da Silva, no Conjunto Habitacional Macapaba, na capital, sendo a primeira escola do Amapá a oferecer classes bilíngues (português e francês), inaugurada em 2018. “À frente, temos uma grande chance de avançar no desenvolvimento econômico, não só nas relações que já vêm sendo construídas, mas também pelo acordo que acaba de ser consolidado entre o Mercosul e União Europeia”, apontou Waldez Góes.
ENCERRAMENTO DA CMT


Infraestrutura, transporte, desenvolvimento econômico, defesa, segurança, questões migratórias e consulares, educação e cultura, saúde e agricultura foram os assuntos abordados. Ao término da reunião, um balanço foi feito com a presença do prefeito de Macapá, Clécio Luís Vieira, representantes do Legislativo estadual, e do presidente do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap), desembargador João Guilherme Lages.

Uma das principais metas do Governo do Amapá para os próximos anos é conseguir a isenção do visto para brasileiros entrarem na Guiana Francesa. A pauta foi apresentada pelo governador Waldez Góes ao governo francês. “Esta é a nossa meta e o trabalho que estamos fazendo em parceria com a Guiana Francesa, de combater atividades ilícitas, contribui para chegarmos neste objetivo”, afirmou o chefe do Executivo amapaense.

O embaixador da França no Brasil, Michel Miraillet, reconheceu o empenho do Brasil para avançar nas tratativas e a necessidade da não exigência do visto. “Reconhecemos a força de vontade do Amapá trabalhar em cooperação para resolver os entraves e acabar com essa questão do visto, no tempo necessário”, disse Miraillet.

Nos últimos dois anos Amapá e Guiana trabalharam em cooperação para sanar problemas que atingem a região e que são abordados na CMT, como os crimes transnacionais. Góes destacou os avanços conquistados, principalmente na área de segurança. Mas ressaltou que é preciso avançar nas tratativas referentes aos seguros, pois, mesmo com a redução feita pelo governo francês, ainda está distante da realidade brasileira.

Outro ponto positivo é o fortalecimento da relação com a Coletividade Territorial da Guiana Francesa (CTG) para além das reuniões da CMT, avançarem em projetos locais. A CTG equivale à mesma estrutura administrativa que um Poder Executivo. “Temos competências que nos permitem, na relação Amapá/Guiana, avançarmos em muitas áreas e conseguir resultados para a população amapaense e guianense”, reforçou o governador do Amapá.

Ao encerrar a reunião, o diretor do Departamento Europeu do Ministério das Relações Exteriores, ministro Carlos Perez, reiterou as principais demandas apresentadas no encontro. “Avaliamos o que funcionou e o que não funcionou para nortear uma cooperação fortalecida com a Guiana Francesa. Ficou evidente da parte francesa o interesse do governo brasileiro federal e estadual pela isenção do visto e redução do seguro para veículos e o tráfego via ponte”, concluiu o ministro.


Primeiro dia de discussões bilaterais abordará educação, saúde e meio ambiente


No primeiro dia as discussões foram pautadas em infraestrutura e desenvolvimento econômico, dois dos três temas macros pautados para a abertura do evento, que também tratou de segurança pública. “Este primeiro dia de reunião foi muito proveitoso, tratamos de assuntos importantes, e saímos com boas perspectivas”, avaliou o governador do Amapá, Waldez Góes.
Conforme o compromisso de mobilidade, proposto pela comitiva francesa, em agosto, a Ponte Binacional deverá funcionar em novo horário, inicialmente aplicado pelo lado francês.
A criação do centro de franco comércio, segundo destaque do primeiro dia de reunião, deverá movimentar a economia de ambos os lados. A ideia é construir uma espécie de free shopping, com comercialização de produtos de subsistência. O projeto está na fase de tratativas.
Além desses dois itens, o governador Waldez Góes, que conduz os trabalhos junto com o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Carlos Perez, destacou, como balanço deste primeiro dia de encontro, as tratativas para implantação de transporte aéreo ligando Macapá e Guiana Francesa. A linha aérea facilitaria também a rota de passageiros da Europa com destino ao Brasil.
“Sobre isso, o Amapá já prepara uma alíquota mais baixa, no sentido de incentivo. Estamos alinhando isso com a Guiana”, anunciou Waldez.
Na área de segurança pública, o governador lembrou que o trabalho de fronteira está funcionando satisfatoriamente, com as polícias de cada lado empenhadas no combate aos ilícitos. O compromisso de mobilidade terrestre com a abertura da Ponte Binacional em novo horário e a possibilidade de criação de um centro de franco comércio na fronteira entre Amapá e Guiana Francesa foram o ponto alto das discussões no primeiro dia (3) da XI Reunião da Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça (CMT), que aconteceu no Sebrae, em Macapá.
Segundo dia de discussões bilaterais abordará educação, saúde e meio ambiente

No segundo dia do CMT na quinta-feira (4), entraram em pauta os temas saúde, educação, agricultura e meio ambiente, com perspectiva de uma discussão favorável, com destaque para a saúde e educação, em função dos bons resultados alcançados pelo Amapá, como os avanços no combate a infecções sexualmente transmissíveis na área de fronteira e a criação de uma escola com classes bilíngues (português e francês), inaugurada em 2018, no Conjunto Macapaba, em Macapá.
  Ponte Binacional

Aberta desde março de 2017, a Ponte Binacional que liga a fronteira de Oiapoque com a Guiana Francesa deverá passar a funcionar em um novo horário. A proposta foi feita pela delegação francesa 
A proposta da comitiva francesa é de que a partir do dia 1º de agosto deste ano a travessia de pessoas e cargas seja aberta de ambos os lados das 8h às 18h nos sete dias da semana, incluindo feriados. Atualmente a travessia acontece das 8h às 18h de segunda à sexta-feira, aos sábados das 8h às 12h e fecha aos domingos.
Diante do exposto, o diretor do Departamento da Europa do Ministério das Relações Exteriores, ministro Carlos Luiz Dantas Coutinho Perez, propôs a formalização da proposta e a inclusão de exceções para casos de acidentes, manutenção e motivos de ordem política.
A expectativa é de que esses pontos sejam definidos através de videoconferência até o final deste mês de julho. Além disso deverá ser discutida a divisão das responsabilidades para manutenção da ponte em ambos os lados.
Infraestrutura  

As condições para o trânsito de pessoas e cargas, por acessos terrestre, marítimo e aéreo, entre o Amapá e a Guiana Francesa começaram a ser estabelecidas entre Brasil e França. A região fronteiriça fica localizada no extremo norte brasileiro. Os debates para construção de um acordo bilateral entre os dois países, no que diz respeito à Infraestrutura e Transporte para a entrada de passageiros e carregamentos, ocorreram nesta quarta-feira, 3, no primeiro dia da XI Reunião de Comissão Mista Transfronteiriça (CMT), que ocorre em Macapá. A reunião foi presidida pelo anfitrião do encontro, o governador do Amapá, Waldez Góes, que conduziu os trabalhos junto com o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Carlos Perez.
Via terrestre
No primeiro item da pauta, dentro do eixo comunicação terrestre, o secretário adjunto de Transporte do Amapá, Odival Monterrozo, explicou à delegação francesa sobre a conclusão da BR-156, que interliga as regiões norte e sul do Estado. Ele disse que o trecho norte da rodovia, que une a capital amapaense ao município de Oiapoque, na fronteira com a Guiana, está com a pavimentação licitada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). E, atualmente, está em fase de conclusão o estudo para a transferência de comunidades indígenas da faixa de servidão da rodovia para outras áreas.
O governador Waldez Góes garantiu à delegação francesa que o prazo máximo de conclusão da BR-156 é o ano de 2020. Ele ressaltou que a bancada federal amapaense, com articulação do Executivo, está concentrada na garantia de recursos para que as obras não estagnem até a conclusão.
Passageiros

Ainda dentro do eixo de comunicação terrestre, o trânsito de passageiros, no itinerário Caiena/Macapá e Macapá/Caiena, foi debatido. O ministro Carlos Perez lembrou que já existe consenso entre os dois governos para a criação da linha comercial internacional de transporte coletivo, com interesse de empresas brasileiras e francesas de operação na rota.
Contudo, faltam ainda estabelecer aspectos técnicos, como o seguro de passageiros, taxas, padrão de requisitos de segurança e comodidade dos veículos que irão circular na linha, e a apresentação de uma proposta consolidada para exploração do serviço do lado francês.
As soluções para estas demandas serão apresentadas na reunião da Comissão Transfronteiriça de Transporte, marcada para os dias 12 e 13 de setembro, em Macapá. O principal objetivo do encontro será definir o regime jurídico conjunto para o funcionamento do serviço.
Cargas
Até o momento, existe apenas um acordo experimental entre as duas regiões para transbordo de carga – operação de transferência de mercadoria de um veículo para outro na fronteira. O Brasil quer estabelecer um acordo definitivo de transporte para as cargas – operação na qual os veículos circulam de um território até o outro, transpondo a fronteira.
Na prática, o Brasil quer que um acordo simular ao que vigora no Mercosul, onde a carga pode ser entregue livremente via terrestre em qualquer lugar (cidade, distrito, estado) do país signatário do bloco econômico, seja estabelecido no caso de Amapá e Guiana Francesa – o que seria relevante para a economia amapaense com a geração de acordos comerciais, arrecadação e emprego.
No entanto, a questão do seguro de cargas entre os dois países ainda precisa ser estabelecida. As delegações dos dois países acordaram a formação de um Grupo de Trabalho, com a missão de apresentar uma proposta até o mês de outubro, na próxima reunião da Câmara do Comércio.
Cooperação militar para solução de crimes transnacionais


Na reunião da XI CMT a defesa e segurança pública foram levantadas com discussões sobre cooperação militar para combater crimes transnacionais. O tema é um dos seis em pauta no encontro que acontece até quinta-feira, 4, no Sebrae, e reúne autoridades do Amapá e Guiana Francesa.

De acordo com as discussões, a cooperação militar, policial e aduaneira visam combater a exploração ilegal do ouro e a pesca ilegal. As comitivas brasileira e francesa falaram sobre compartilhamento de informações, e sobre as tratativas para instalação do Centro de Cooperação Policial em Saint-Georges.

Cooperação militar

O general da 22ª Brigada do Exército Brasileiro Viana Filho apresentou, na ocasião, o trabalho que o Exército desenvolve na fronteira do Amapá, em conjunto com a Guiana Francesa. O militar falou também sobre a interlocução que é mantida através da Reunião Regional de Intercâmbio Militar.

“As Forças Armadas do Brasil e as Forças Armadas da França, junto com as demais instituições ligadas a inteligência, estão sempre em avanço na cooperação do combate ao crime. Sobre o garimpo ilegal, não podemos ficar combatendo apenas o garimpeiro, estamos matando formigas em vez de acabar com o formigueiro”, comparou.
Para ele, é necessária mais cooperação para o apoio logístico das forças policiais. “São 17 mil quilômetros de fronteira, e, por isso, precisamos de mais apoio logístico, como acesso a pista de voo de Camopi”, opinou.
O embaixador da França no Brasil, Michael Miraillet, disse que essa é uma solução que já está encaminhada para o combate ao crime organizado com mais eficiência.

“Já discutimos essa solução em outro encontro durante a Reunião Regional de Intercâmbio Militar, pois a França tem interesse na presença do Exército na Vila Brasil, que fica próxima ao Camopi. No entanto, infelizmente, há um impasse na regulamentação francesa para o trânsito aéreo livre. Já estamos discutindo com Paris uma solução”, disse o embaixador.
 Compartilhamento de informações
São 20 órgãos e agências envolvidas em ações na fronteira. O representante da Polícia Federal na Guiana Francesa, delegado Daniel Daher, falou a respeito do compartilhamento de informações federais e de que forma isso pode ajudar no combate às organizações criminosas.

“Temos que atuar em todos os ciclos da atividade de exploração do ouro, e não somente da exploração em si. Existem os crimes conexos que estão envolvidos na exploração, que são todos relacionados com armamento, prostituição e tráfico humano, que abastecem os garimpos. Nós estamos dispostos a avançar junto com as autoridades francesas nesse sentido”, afirmou o delegado.
Combate à pesca ilegal
A França apresentou propostas para o combate à pesca ilegal, destacando a utilização da Marinha brasileira em conjunto com a francesa. O Brasil destacou que as operações vêm sendo realizadas de forma organizada e com cronograma.
“Fazemos o ano inteiro atividade operacional, principalmente, o trabalho de prevenção desse tipo de crime, inclusive, destacamos que estamos com excesso de participação nesse quesito”, ressaltou o general Viana Filho.
Centro de Cooperação Policial
No que diz respeito ao Centro de Cooperação Policial (CCP), efetivamente, ele funcionará para a troca de informações entre as entidades ligadas a inteligência. A delegação da França propôs a instalação do CCP na área francesa, logo após o pátio aduaneiro. A delegação brasileira se posicionou no sentido de colaborar com informações técnicas, e se propôs a manter a linha direta, para contato, com todas as instituições que atuam na fronteira.
Segurança e Defesa Civil
A Defesa Civil se apresentou durante a reunião, ressaltando a cooperação que vem fluindo no acordo que existe entre as duas nações, para apoio em situações de sinistros, crises ou acidentes. O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Wagner Coelho, disse que já há exemplos práticos sobre a necessidade da cooperação.

“Podem vir a acontecer acidentes automobilísticos com incêndio e atentados de suicídio na ponte. Já houve combate de incêndio no lado de Saint-George, onde foi acionado o apoio do Corpo de Bombeiro do Amapá, e um acidente no lado de Oiapoque, onde foi acionado o acordo, para que a equipe técnica de saúde de Caiena ajudasse na estabilização do paciente. Os protocolos são diferentes, por isso, a necessidade dessa cooperação e troca de experiência”, finalizou.
 Brasil negocia com a França aumentar quantidade de carteiras para que brasileiros circulem na Guiana

O Ministério das Relações Exteriores quer aumentar a fiscalização na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. O acordo vai definir o tempo de permanência dos brasileiros no país vizinho que faz fronteira com o Amapá.
A proposta do governo brasileiro ao francês é para aumentar a quantidade de carteiras emitidas semanalmente e a distância que os brasileiros podem circular dentro da Guiana. A carteira transfronteiriça é emitida pelo território francês para brasileiros que moram em Oiapoque, ao extremo Norte do Amapá, há pelo menos um ano. Ela garante a permanência de pessoas a 300 metros da fronteira por 72 horas.
A questão é que apenas 15 documentos são emitidos por semana, a região possui população estimada de 32 mil pessoas, sendo que 80% vivem em Oiapoque e 3 mil em Saint Georges. As cidades estão divididas pelo rio Oiapoque e, agora, interligadas pela ponte binacional. De acordo com a comitiva francesa, o principal entrave para atender o pedido é a utilização indevida do documento por brasileiros, em que, alguns casos, excedem o tempo permitido de permanência.
Como solução, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil sugeriu a ativação de uma comissão de administração local para fiscalizar as irregularidades. A proposta vai compor um acordo que sairá da comissão mista de cooperação transfronteiriça, que está acontecendo em Macapá.
CULTURA
Em pauta no segundo e último dia da XI Reunião da Comissão Mista de Cooperação Transfronteiriça (CMT), nesta quinta-feira, 4, foram evidenciadas as demandas culturais entre Amapá e Guiana Francesa. A delegação francesa propôs a criação de um comitê para acompanhar as ações culturais entre as duas regiões, sendo composto por representantes governamentais e sociedade civil organizada, com espaço para indígenas e reuniões semestrais.

“Observamos que as ações culturais atualmente são particulares e bem feitas, mas o Amapá e a Guiana Francesa não estão trabalhando juntos. Por isso, houve um distanciamento institucional em relação a esse assunto e, agora queremos mudar esse cenário, através deste comitê”, justificou o diretor do Instituto Francês do Brasil e conselheiro de Cooperação e Ação Cultural, Alain Boudon.

O comitê envolve, ainda, o fortalecimento estrutural para uma rede de museus entre as duas regiões. A Guiana Francesa tem o interesse em promover acervos brasileiros em seu território e evocar materiais de sua cultura no lado brasileiro, envolvendo o Museu Sacaca, em Macapá. “Temos uma rica e extensa linha de materiais culturais de antepassados e povos indígenas desta região e, por isso, necessitamos evidenciar esta parte cultural”, completou Alain Boudon.

A chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Clotilde David, foi quem representou o Amapá nas discussões sobre esta cooperação. Ela recordou que existia esse intercâmbio há 20 anos com a Guiana, mas foi desativado. “Com essa intenção dos representantes franceses em estabelecer essa relação, nos colocamos também à disposição e faremos todos os esforços para termos programações envolvendo a parte cultural entre Brasil e França”, assegurou.

As preposições dos franceses envolvem, também, estudos socioeconômicos nas regiões e intercâmbio entre apresentações multiculturais de artistas amapaenses e guianenses. Todas elas foram inseridas na ata da reunião da CMT.

Do lado brasileiro, as iniciativas do comitê ficarão sob a responsabilidade da Secult e o prazo para a formação geral e efetiva do grupo, será de responsabilidade das instituições culturais do Amapá e da Guiana Francesa.


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