“Inverno Amazônico”
Saindo a lama e chegando a poeira
Gestor municipal têm o dever
de realizar a pavimentação de ruas da cidade. Especialistas afirmam que obras
de asfaltamento trazem qualidade de vida. Porém, vias sem infraestrutura ainda
são realidade em vários bairros de Macapá.
Reinaldo Coelho
O inverno amazônico vem
registrando, anualmente, o crescimento do fluxo de chuvas sobre a região durante
o período de janeiro a julho, e, segundo meteorologistas, em 2019 não será
diferente. De acordo com dados informados pelo Sistema de Proteção da Amazônia
(Sipam) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), este ano já apresenta
medidas de chuvas maiores em comparação ao mesmo período do ano passado.
Durante a madrugada da
última quarta-feira (17), um temporal que durou cerca de 2 horas (3h e 4h),
choveu 56 milímetros na capital, enquanto a média mensal era 190 milímetros,
segundo a meteorologia. Ao todo foram 96 milímetros, metade do previsto para
todo o mês de julho o que provocou
inúmeros alagamentos em todas as zonas da cidade. A Defesa Civil do município
informou que pouco mais de 30 ocorrências foram registradas, entre elas,
desabamento de muros, avenidas inundadas e até uma passarela destruída pela
força dos ventos e das águas.
Parte do teto do aeroporto de Macapá que caiu com fortes chuvas — Foto WhatsApp-Reprodução |
Entre os danos estruturais,
o forro do novo aeroporto que desabou no início da manhã não deixou ninguém
ferido. A Infraero informou que uma goteira atingiu a estrutura de gesso, porém
o problema não alterou o funcionamento do terminal, que está em reparos. No distrito da Fazendinha, a
9 quilômetros de Macapá, a maré do rio Amazonas, influenciada pela chuva e
vento, derrubou a rampa de acesso ao local conhecido como Prainha. Equipes
estão atuando na manutenção da estrutura.
Na Zona Norte de Macapá
houve a queda de um muro numa residência no bairro Jardim Felicidade e também
de parte do muro da sede da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no São Lázaro,
onde um veículo particular e duas viaturas foram danificados parcialmente.
(Fonte: G1). De acordo com a Assessoria
de Comunicação a Prefeitura de Macapá está nas ruas da capital atuando em
várias frentes de serviços para evitar e sanar transtornos causados pelo grande
volume de água.
Estão sendo executados
serviços de desobstrução, desassoreamento e limpeza de vias pluviais durante
toda o dia em diferentes bairros de Macapá. Os trabalhos se concentram na
Avenida Cora de Carvalho, FAB com Santa Catarina, Av. Rio Grande do Norte,
Leopoldo Machado, Pacoval, com desobstrução de bueiros e galerias; limpeza do
talude e do canal do Jandiá com escavadeira hidráulica, limpeza e remoção de
entulho do canal da Avenida Ana Nery, com capina manual e mecanizada. Serviços
de limpeza e remoção de entulho também são executados na Rua Odilardo Silva e
avenidas Marcílio Dias e General Osório.
Clima
Os técnicos do Sistema de
Proteção da Amazônia explicam que toda essa água e a manutenção das chuvas
intensas está ligada a um fenômeno conhecido como zona de convergência
intertropical.
Por causa dele, há um
“aquecimento anómalo das águas do oceano da costa norte e os sistemas estão
demorando para passar, por isso, ela [chuva] deve continuar”.
Sem
estrutura é pior
Manifestação dos moradores do Goiabal e Lagoa dos Indios pelo asfalatamento do ramal que dá acesso a comunidade - Imagem JAP1 1 |
Para quem vive ou já viveu
em uma rua sem asfalto sabe muito bem o valor de ter esse direito garantido e
os transtornos enfrentados com a poeira, lama, buracos e pedras soltas. Ter uma
rua pavimentada com asfalto de qualidade é um direito de todos e dever das
prefeituras municipais, contudo vias sem infraestrutura ainda são uma realidade
nos municípios amapaenses, principalmente na capital, Macapá.
Segundo a Constituição Federal Brasileira de
1988 é dever de toda a prefeitura municipal prover uma pavimentação de
qualidade para as vias urbanas, realizar a manutenção, fazer a drenagem para a
água da chuva e a sinalização das ruas, investimentos estes que refletem
diretamente na economia, saúde e bem estar da comunidade.
Especialistas em urbanismo
afirmam que os investimentos para a pavimentação podem vir do próprio
município, por meio do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
(IPTU), pago anualmente pela ocupação do solo, ou por meio de convênios com o
governo estadual e federal. O asfalto traz qualidade de vida para a população,
pois oferece mais acesso para os pedestres e veículos, saneamento básico e
escoamento da economia local, definem.
Funções do vereador e
prefeito
No quesito pavimentação os representantes dos
cargos do legislativo e executivo tem função essencial. O vereador é o
responsável por levar as queixas da população à câmara e apresentar propostas
para o prefeito. A pavimentação também deve estar incluída no plano de governo
do prefeito.
A pavimentação pode ser feita por uma equipe
da prefeitura ou por uma empresa contratada através de licitação. Os
funcionários do município devem verificar a qualidade do material que está
sendo usado e se os prazos estão sendo respeitados. A população pode reclamar
dos serviços de baixa qualidade nas ouvidorias da prefeitura ou até na
Procuradoria do Patrimônio Público.
Realidade em Macapá
AVENIDA CEARÁ É ASFALTADA em 2017 pela pmm |
Apesar do ideal de se ter ruas de qualidade
com o direito de ir e vir, em muitos bairros macapaenses a realidade é bem
diferente. A falta de pavimentação nas ruas e avenidas deixa a população sem
serviços essenciais, acessibilidade além de trazerem problemas respiratórios
com a poeira nos dias de sol e a lama dentro das residências em dias chuvosos.
“A rua é toda esburacada, não entra nem
ambulância e nem viatura da polícia, uma falta de respeito com o cidadão”, diz
a diarista Gilsa Viera que é complementada pela comerciante Eduarda Santos que
desvenda que tem uma cicatriz na perna de uma queda que levou na rua onde mora,
devido aos buracos e desníveis.
Oferecer um asfalto de
qualidade significa um pavimento sem saliências ou ondulações, onde o motorista
não fique com o carro quebrado devido aos buracos e onde os pedestres possam
passar sem problemas e isso é ficção em Macapá, onde mesmo onde tem camada asfáltica,
o serviço paliativo de ‘tapa buraco’ cria saliências que trazem transtorno e
problemas de saúde física.
Manifestação dos moradores do Goiabal e Lagoa dos Índios pelo asfaltamento do ramal que dá acesso a comunidade - Imagem JAP1 |
Essas reclamações se multiplicam
em todos os bairros de Macapá. A atual administração da capital amapaense, não
tem conseguindo avançar e apresentar uma solução para essa problemática que
prejudica tanto a saúde pública, quando a mobilidade urbana, passando pelos prejuízos
financeiros dos proprietários de veículos e já se vão seis anos e seis meses e
o serviço prestado é o de ‘tapa buraco’ sofrível, que cria ‘calombos’ indefensáveis.
As justificativas da
administração são as mesmas: Período chuvoso e no verão as obras vão acontecer
e nada. Sai a lama e chega a poeira.
Nessa semana os moradores do
Ramal do Goiabal interditaram a rodovia Duca Serra em protesto à situação em
que se encontra o local. Portando
faixas, os moradores manifestantes pediam o asfaltamento do ramal e David
Covre, secretário municipal de obras de Macapá pediu paciência dos moradores porque a
prefeitura vai operar no Ramal do Goiabal tão logo pare de chover.
E assim os fatos se repetem
em todos os bairros periféricos da capital amapaense, De forma geral, as
periferias das grandes cidades brasileiras, dentre estas as amapaense,
caracterizam-se pelo provimento inadequado, a quem as habita, de serviços
essenciais, como saúde, educação, lazer, dentre outros, ensejando por consequência
maior necessidade do exercício de mobilidade para suprir suas carências que, em
geral, não são atendidas nos bairros nos quais reside, logo, a mobilidade que
deveria ser sinônimo de urbanidade passa a ser compulsória.
Valas e Burcaos em ruas do Jardim Felicidade 1 |
Em Macapá, a urbanização
periférica se fez sentir com maior intensidade na década de 1980, com a
multiplicação de bairros cada vez mais longínquos, que passaram a abrigar uma
população oriunda do interior e de
outros Estados que afluíam na ânsia de
lograr melhores condições de vida.
Não obstante a necessidade crescente
de deslocar-se para suprir suas necessidades, a mobilidade torna-se um agravante, uma vez
que essa população tem seu acesso ao serviço de transporte público coletivo de
forma limitada, seja pelas altas tarifas incompatíveis com a renda da maior
parte da população, seja por sua provisão inadequada, restando-lhes, assim,
criar alternativas para exercer o direito de ir e vir.
Para a população que mora nos bairros periféricos
a falta de asfaltamento somando a serviço precário de transporte coletivo,
aumenta as dificuldades durante os longos períodos invernosos, com a lama e as ‘lagos’
e o de verão com a poeira e isso somando as doenças oriundos dessas situações.
Piorando com os despejos de lixo doméstico e a falta escoamento da água usada na cozinhas e
banheiros em plenas avenidas.
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