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Cadastro positivo vira lei e deve ser regulamentado pelo BC |
A partir deste mês de setembro, os
birôs de crédito, como Serasa, SPC, Boa Vista e Quod, passarão a receber das
instituições financeiras informações dos consumidores para o novo Cadastro
Positivo. Sancionada em abril deste ano, a nova lei passou a valer a partir de
julho oficialmente, mas os cadastros não estavam ativos ainda, pois o mercado
aguardava algumas instruções e aprovações operacionais do Banco Central.
A nova lei torna compulsório o cadastro
do perfil de crédito dos consumidores, que serão encarregados de pedir a
exclusão do sistema, caso não queiram suas informações disponíveis. Em 2011,
quando o Cadastro Positivo passou a vigorar de maneira optativa, apenas 5% dos
consumidores, 6 milhões de brasileiros, haviam aderido voluntariamente. A
partir deste ano, a expectativa é que o novo Cadastro absorva informações de
110 milhões de pessoas, segundo o BC.
Breno Costa, diretor da Neurotech,
empresa que utiliza inteligência artificial para mensuração de risco de
crédito, aconselha que os consumidores, mesmo aqueles que estão endividados,
fiquem no novo Cadastro Positivo, pois este sistema pode melhorar a oferta até
para quem está negativado. “Os pagamentos das contas mais diversas, desde luz,
telefone, tv à cabo, quando feitos em dia, influenciarão positivamente a nota
de crédito. Às vezes a pessoa ficou negativada por conta de dificuldades
pontuais, e isso não deveria ser o único ponto a avaliar numa oferta de
crédito. Com o Cadastro Positivo, outras varáveis entram no jogo, o que melhora
o acesso a recursos do mercado”, analisa o especialista.
Desta forma, a avaliação é de que o
Cadastro contribua para a inclusão financeira da população e democratize o
crédito. Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas
(CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), no Brasil existem mais de 62
milhões de consumidores negativados. Além disso, existem 45 milhões de
brasileiros que não têm conta em banco, mas possuem contas de consumo e,
portanto, farão parte do Cadastro Positivo também. O dado, do Instituto
Locomotiva, aponta que esta população “desbancarizada” movimenta mais de R$ 800
bilhões por ano.
“Quando você está inserido no Cadastro
Positivo, e vier a solicitar um crédito, seus dados estarão disponíveis e
podem melhorar a análise do seu crédito e, por consequência, quesitos como:
Valor do Crédito, Prazo de Pagamento melhores, Taxas de Juros Melhores e até
tempo de decisão menor”, destaca Costa. Nesse sentido, quanto mais acurado for
o banco de dados referente ao cliente, mais a concessão de crédito tende a
crescer – tanto em volume quanto em qualidade.
Segundo o especialista, existem
diversas outras informações que podem ser consideradas, principalmente com a
ajuda de tecnologia de ponta, como a inteligência artificial. Dados internos da
Neurotech mostram que é possível para uma instituição financeira aumentar
aprovações de crédito em mais de 15% utilizando ferramentas mais acuradas de
análise, conforme a experiência de empresas clientes.
“O sistema financeiro já dispõe de
várias ferramentas para identificar o perfil do tomador de crédito e continua
ampliando os investimentos em análise de dados. O uso mais intenso de
ferramentas tecnológicas pode melhorar significativamente os índices de
inadimplência e os spreads”, afirma Costa.
Vai ganhar mercado quem souber usar a
ferramenta para adequar suas ofertas ao perfil de cada um dos consumidores. “As
ofertas têm que ser individualizadas o que demandará grande poder de uso
dos dados disponíveis, dos novos e dos que estão disponíveis de forma não direta”,
ressalta.
Como funciona o Cadastro Positivo
O Cadastro permitirá que cada
brasileiro tenha uma nota de crédito (escore), definida de acordo com o
pagamento de suas contas, como empréstimos bancários, cartão de crédito e de
serviços públicos de fornecimento de água, luz e telefone. Terá escore mais
alto quem paga todos os seus compromissos em dia. E tal reputação será
considerada pelas instituições financeiras na hora de conceder crédito ao
consumidor. Atualmente, o sistema contém os dados de aproximadamente seis
milhões de clientes.
Análise do Banco Central demonstra que,
nos Estados Unidos, após a adoção de um sistema de Cadastro Positivo, 80% da
população passou a ter acesso a crédito, com redução da inadimplência. No
México e na Colômbia, houve crescimento na concessão, principalmente para a
população de baixa renda e para públicos que tinham mais dificuldade de acessar
linhas mais baratas.
As estimativas mais conservadoras,
compiladas pelo BC, projetam que o Cadastro Positivo no Brasil pode trazer um
aumento de R$ 600 bilhões na carteira de crédito com recursos livres, além de
movimentar mais R$ 450 bilhões em impostos federais e R$ 200 bilhões em
arrecadações estaduais nos próximos dez anos
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