Somos produtor de energia
hidrelétrica: Por que pagamos tão caro pelo consumo?
O
Brasil, e o Amapá possuem uma fonte de energia abundante, limpa e renovável,
por que pagamos tão caro pela energia elétrica que produzimos? Erros
na política energética, altos impostos e estiagens recorrentes oneram tarifas
no Brasil e quem sofre e paga por isso é o consumidor.
Reinaldo Coelho
A
energia elétrica é um dos custos que mais pesam no bolso do consumidor
brasileiro. O Brasil, rico em recursos naturais, é um dos poucos países no
mundo que dispõem de um sistema hídrico tão generoso, com abundância de rios e
quedas-d’água, com um enorme potencial para a geração de energia hidrelétrica. Não
à toa, que cerca de 60% da matriz elétrica brasileira é produzida pelas
hidrelétricas, ao todo, são cerca 218 usinas hidrelétricas, além de outras 7 em
construção.
A
conta de luz, e o contínuo aumento das tarifas de energia elétrica, impacta o
bolso de todos os habitantes do país que são responsáveis por um lar ou por uma
empresa. Nos estados nortistas, onde o verão amazônico acontecesse durante os
últimos seis meses do ano, chegando a temperatura há uma média de 36° o uso de
centrais de ar/ventiladores aumenta o consumo de energia elétrica. Em época de
pouca chuva, além das hidrelétricas, é preciso acionar as usinas térmicas, mais
caras.
Porém
as políticas energéticas eleitoreiras implantadas nos últimos anos é que estão
gerando esses altos valores das taxas que o brasileiro vem arcando e pagando e
quando não o faz é ‘castigado’ pelo ‘corte de sua energia’ e ele não foi
consultado nos subsídios que foram aplicados na década passada pela
ex-presidente Dilma Rousseff.
E
esse cenário preocupante vai persistir, pois o valor das indenizações que
precisam ser pagas às concessionárias de transmissão que aderiram à Medida
Provisória n.º 579 de 2012 já vão onerar as tarifas entre 5% e 7% até 2025. O
valor pago pelos consumidores é para ressarcir investimentos feitos por
empresas que aderiram à renovação antecipada de contratos, em um programa
polêmico para reduzir as tarifas lançado pela ex-presidente Dilma Rousseff.
De
13 reajustes a concessionárias concedidos pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) em 2018, o percentual médio ficou em 15,22%, bem acima da
inflação dos últimos meses. A inflação oficial (IPCA) do período entre julho de
2017 e maio de 2018 ficou em 2,68%.
Quem paga é o consumidor
O
fato é que o consumidor está pagando pelos erros da política energética
implantada sucessivamente e erroneamente, não há escapatória. Mas há também
problemas mais antigos e outros recentes, praticados na gestão de Michel Temer.
Um deles é o pagamento de outorgas em leilões de energia para definir o
vencedor de uma licitação. Uma das críticas é a destinação do dinheiro arrecadado:
o caixa único da União. O governo federal comemora quando faz o leilão e
consegue R$ 6 bilhões ou R$ 7 bilhões. Mas esse valor depois é cobrado do
consumidor na tarifa, e vai estar embutido no preço e ai que acontece a
majoração e o usuário se afoga nos valores absurdos cobrados pelas
distribuidoras.
E
o setor produtivo do Brasil vem reivindicando mudanças: quer que o valor da
outorga seja direcionado à redução dos custos. No Congresso, conseguiram um
projeto de lei que garante apenas 33% do que arrecadado em leilões; outros 33%
seriam destinados à Eletrobras, para saneamento do caixa, e o restante para o Tesouro.
Os
governadores também têm um papel crucial para o barateamento da energia
elétrica. Cada estado pratica uma alíquota, tem liberdade para atuar.
Atualmente o Estado do Amapá cobra 18% de alíquota de ICMS na faixa de consumo
médio do consumidor.
No
país inteiro, exceto Roraima, que não faz parte do sistema interligado, os
consumidores pagaram em julho R$ 1,50 a mais para cada 100 quilowatts-hora é o
custo extra da bandeira amarela. No mês de agosto foi estabelecida a bandeira
tarifária vermelha e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a
manutenção da bandeira tarifária vermelha em seu primeiro patamar no mês de
setembro. Com isso, as contas de luz continuam com taxa extra de R$ 4,00 a cada
100 quilowatts-hora consumidos (kWh).
“A
previsão hidrológica para o mês sinaliza permanência do quadro de estiagem, com
vazões abaixo da média histórica. Esse cenário requer a manutenção de parcela
relevante da oferta de energia sendo atendida por meio de acionamento do parque
termelétrico, influenciando o valor do preço da energia e sua repercussão sobre
os custos relacionados ao risco hidrológico”, diz a Aneel.
Mas
a bandeira tarifária é só uma parte da conta de luz: também pesam impostos e
tributos. E a maior parte da conta é a tarifa propriamente dita, que serve para
cobrir os custos de geração, transmissão e distribuição de energia e, os
encargos cobrados para manter o setor elétrico. A tarifa muda todo ano. Em boa
parte do Brasil, como no Amapá, ela subiu mais do que a inflação.
Em
dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica autorizou a
Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) a implementar o reajuste tarifário
médio de 4,6% no custo da energia elétrica no Estado do Amapá, sendo de 5,35%
para os consumidores residenciais e comerciais e de 2,22% para os consumidores
industriais, atendidos em alta tensão. Uma liminar do juiz federal João Bosco
Soares suspendeu o reajuste que foi derrubada em abril deste ano pelo
desembargador federal Carlos Moreira Alves, presidente do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região (TRF1).
Reclamações
Tarifa
é o valor a ser cobrado pela prestação dos serviços de geração, transmissão e
distribuição de energia. Já o preço é a composição da tarifa com os impostos. O
que você paga é a energia consumida em kWh (quilowatt-hora) multiplicada pela
tarifa vigente na sua região. Bom é isso que significa a conta de consumo de
energia elétrica apresentado pela distribuidora no estado, no caso a Companhia
de Eletricidade do Amapá (CEA).
Porém,
na maioria das vezes os valores oscilam e não representam a realidade do seu
consumo, pois as taxas estabelecidas variam constantemente e mesmo você
exercendo um controle rigifo no seu consumo, nunca consegue diminuir esses
valores.
A
sistemática do corte de energia realizado pelas concessionárias em razão da
constatação de problemas no controle/medição da energia elétrica efetivamente
consumida nas residências ou empresas da população brasileira vem
acentuando-se, gerando a cobrança de débito pretérito, muitas vezes em valor
elevado, sob a denominação de recuperação de consumo. E isso o
usuário/consumidor não conhece.
Esses
inconstâncias no valores cobrados pelas distribuidoras de energia elétrica, devido
as imposições realizadas pela Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vem
acontecendo desde 2015, em visto de ações estabelecidos pelo Governo Federal e
que hoje o consumidor está arcando com os débitos ocasionados pela política
energética eleitoreira adotada.
Valores altos
A
magnitude dos reajustes da conta de luz tem gerado inúmeras reclamações por
parte dos consumidores. Além de questões estruturais, os desmandos populistas
do governo ao longo dos últimos anos podem ser apontados como as causas desse
fenômeno.
Porém,
o consumidor amapaense, desconfia dos medidores e dos leitoristas, pois não
acompanham essas leituras e as contas não chegam em suas residências, tendo de
que procurar no Super Fácil ou acessar através de aplicativos.
Leitura irregular
A leitura do medidor de energia deve ser feita
por funcionário da distribuidora diretamente na residência do consumidor,
exceto quando não há ninguém em casa e o marcador não é visível do lado de
fora. Neste caso, a cobrança na conta de luz é feita pela média dos últimos
três meses.
Quando a cobrança é feita pela média, o
ajuste, para mais ou para menos, vem na próxima conta em que for feita a
leitura, em kWh. A cobrança pela média pode gerar dúvidas e mesmo não
corresponder à realidade de consumo, especialmente para quem está economizando.
Neste caso, o consumidor pode entrar em
contato com a distribuidora para que seja feita uma leitura real. Ou seja, será
marcada uma data para a visita do funcionário. Além disso, este tipo de leitura
pela média não pode ser repetido pela quarta vez, ou seja, ultrapassar o
trimestre.
No Center Calls da CEA, são centenas de
pessoas diariamente reclamando dos valores cobrados e a maioria garante que
controla o consumo energicamente, literalmente. Uma das reclamantes é uma
professora aposentada que pagava R$ 160,00 em média de consumo e no mês de
julho sua conta veio triplicada esse consumo chegando o valor a R$ 700,00, o
que a assustou, pois houve retira de alguns eletrodomésticos nesse período e o
menor consumo não apareceu.
Dona Maria Luiza, conta que passa o dia fora
de casa, pois é doméstica e durante a noite utiliza um ventilador e possui uma
geladeira e sua conta não sai do patamar de R$ 400,00, consumindo 40% de sua
renda mensal.
“Pagava, em média, R$ 400, e faz quatro meses que dobrou, chegando a R$
800, e nada mudou em casa, tenho os mesmos eletrodomésticos. Sem falar que
somos 4 pessoas que moram em casa e a gente praticamente só chega para dormir.
Acho injusto, a gente já paga tanto imposto e agora mais uma taxa, por menor
que seja, impacta no orçamento”, conta Maria Luiza.
Bruna Alves do Carmo também criticou os
sucessivos reajustes nas contas de consumo. "Tenho uma empresa onde
funcionam somente dois computadores, uma central de ar e um bebedouro, não
abrimos todos os dias, e minha energia passou de R$ 100 para R$ 600 este ano”,
conta.
A maior revolta dos consumidores é que os
valores são altos, e não conseguem as devidas reduções, pois a CEA alega
veracidade e o usuário não tem como comprovar o contraditório devido necessitar
das provas técnicas que são realizadas pela própria empresa.
Além de que paga caro pela deficiência pois as
reclamações por queda do serviço, cobranças indevidas, prejuízos por
oscilações, entre outras, Com 45.375 registros, a falta de energia foi
disparada a principal reclamação recebida pela Companhia de Eletricidade do
Amapá (CEA). O número representa 91% dos 49.368 registros computados em 2018.
Os dados contabilizam as solicitações nos canais de atendimento e também na
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que divulgou relatório do serviço
em todo o país.
O relatório aponta que o estado possui 204.918
unidades consumidoras e, em média, ocorre uma reclamação a cada quatro
domicílios. Essa condição representa um aumento de 12% comparado a 2017, que
teve 43.716 notificações. O
levantamento também divulgou que em 2018 a CEA ressarciu R$ 21.332,28 em
créditos aos consumidores em função de problemas registrados, valor abaixo do
dispensado em 2017: R$ 61.265,50.
Nenhum comentário:
Postar um comentário