“Vai uma
graxa, aí?”
Por Reinaldo
Coelho
A profissão de engraxate, que há muitos
anos sustentou famílias, criou e formou filhos, atualmente está extinta, até os
garotos que circulavam nas ruas oferecendo o serviço desapareceram, a maioria é
agora ‘flanelinhas’.
Com exceção da Câmara Municipal de São
Paulo, que em 2012 contratou um engraxate com salário superior a R$ 10 mil
reais (Estadão, 03.07.2012), em raros órgãos públicos se encontra a “bancada”
para uma melhora visual nos sapatos. Era point as bancadas de engraxates próximo
aos locais de grande movimento, especialmente em hotéis e nas praças públicas.
Os engraxates de habilidades
reconhecidas e de grande procura tinham uma sala onde os usuários podiam sentar, ler o
jornal enquanto aguardavam a vez para deixar seus sapatos brilhantes com
profissionais que cobravam R$ 10 ou 15 reais pelo serviço.
Buscamos, no Wikipédia, a definição da
palavra “engraxate”: Engraxate ou engraxador é homem responsável pelo polimento
e limpeza de sapatos. A tradição remete ao ano de 1806 o nascimento do ofício
de engraxate, quando um operário poliu em sinal de respeito às botas de um
general francês e foi recompensado com uma moeda de ouro por isto.
Durante a Segunda Guerra Mundial
apareceram os “sciusciàs”, garotos que para ganhar qualquer coisa lustravam as
botas dos militares, além de terem cópias de jornais, goma de mascar e doces.
Ao término da guerra, desapareceram o
sciusciàs e também os engraxates de Nápoles, no início dos anos cinquenta eles
eram apenas mil. Após a imigração italiana aparecem, por volta de 1877, na
cidade de São Paulo, os primeiros engraxates. No início eram poucos, de 10 a 14
anos, todos italianos e percorriam as ruas, das 6 horas da manhã até a noite,
com uma pequena caixa de madeira com suas latas, escovas e outros objetos.
“Vai uma graxa, aí?”
As cadeiras de engraxate foram
inventadas por Morris N. Kohn em 1890. Em São Paulo, atualmente, existe uma
empresa especializada em serviços de engraxates para escritórios, condomínios e
eventos.
Em Macapá, no Mercado Central era o
ponto preferido e de atuação dos engraxates. Dezenas de garotos se revezavam,
nas décadas de 50, 60, 70 e até meados de 80, em grupos, para atender à
clientela.
Barbearias e bares e outras casas
agrupavam os engraxates, em sua grande maioria menores com idades entre 9 e 14
anos. Diante das dificuldades em trazer a caixa de engraxar e seus produtos até
o centro, diariamente, algumas casas guardavam este material de um dia para o
outro. Outros estabelecimentos forneciam a graxa, água, flanela, escovas, e
cobravam um percentual dos engraxates.
Muitos movimentos sociais e religiosos
faziam o agrupamento de garotos e forneciam os equipamentos o que ajudavam a
completar a renda familiar. Mas as vezes no meio infiltravam-se lavadores de
automóveis das ruas, batedores de carteira e outros.
Foram muitos os engraxates que migraram
para a profissão de sapateiro, pois nessas oficinas de sapatos, após os consertos
eram eles que davam o ‘brilho’ no calçado e muitos engraxates que ajudaram a
sustentar as famílias na segunda metade do século passado, graças à caixa, as
escovas e as flanelas para “dar um lustro” em botas e sapatos.
Muitos atribuem a extinção da profissão
ao fato de que as ruas estão todas calçadas, existe a facilidade em se adquirir
os produtos (graxas, ceras líquidas) e o preço dos sapatos, também acessíveis. Porém,
os bons tempos, as boas lembranças de quem via a cidade através das caixas de
engraxates das praças, bares e outros pontos jamais sairão de suas memórias.
Confira algumas dicas do “Engraxate”:
I. Evite utilizar o mesmo sapato por
dois dias seguidos. O ideal é deixá-lo em um lugar bem arejado para que ele
possa respirar.
II. Um bom truque para evitar a umidade
e o mau cheiro é guardá-los sempre com um jornal ou papel absorvente dentro do
sapato e deixar de um dia para o outro.
III. Caso o sapato tenha algum tipo de
mancha por ter respingado água, espere secar totalmente e só depois esfregue um
pano.
IV. Procure usar desodorantes para
calçados e talcos.
V. Sapatos e botas de couro nunca devem
ser molhados com água em excesso. A limpeza deve ser feita somente com panos
úmidos.
VI. Para limpeza interna dos calçados,
não use água, apenas uma escova ou pano úmido.
VII. Couro legítimo nunca deve ser limpo
com produtos químicos, como detergente, sabão, ou outros produtos que não sejam
específicos para couro.
VIII. Para evitar mofos e bolores nos
seus artigos de couro, nunca guarde os sapatos em sacos plásticos, nem em
lugares úmidos ou sem ventilação.
IX. Nunca guarde a peça de couro dobrada
ou amassada.
X. Para evitar que o couro quebre ou
descasque, procure o profissional mais próximo para limpar, hidratar e polir
seus sapatos semanalmente.
Com essas dicas você poderá manter uma
vida longa de seus sapatos, ter o maior retorno do investimento feito e sempre
estar impecável da cabeça aos pés. PALAVRA DE ENGRAXATE!
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