A POLARIZAÇÃO ESQUERDA-DIREITA
Rodolfo Juarez
No mundo da política a polarização pode referir-se à
divergência de atitudes políticas entre extremos ideológicos.
Quase todas as discussões da polarização em ciências
políticas são tratadas no contexto dos partidos políticos em sistemas
democráticos de governo. Nos debates entre esses extremos a moderação ganha
espaço e poder de influência, equilibrando e, em alguns casos, decidindo
disputas eleitorais ou questões sociais ou legais que precisam de regras claras
para contribuir com a satisfação da população.
Levando em consideração o espectro político
esquerda-direita pode-se dizer que se trata de um conceito geral de
enquadramento de ideologias e partidos. Esquerda e direita são muitas vezes apresentadas
como opostos, embora um indivíduo ou grupo possa, eventualmente, assumir uma
posição mais à esquerda em uma determinada matéria e uma postura mais à direita
ou até de extrema-direita em outra.
Na França onde os termos se originaram, a esquerda tem
sido chamada de “o partido do movimento” e a direita de “o partido da ordem”. A
classificação pouco tem tido a ver com a prática política dos franceses.
Há um consenso geral de que a esquerda inclui
progressistas, sociais-liberais, ambientalistas, social democratas,
democrático-socialistas, libertários socialistas, secularistas, socialistas,
comunistas e anarquistas. Por outro lado a direita inclui neoliberais,
econômico-libertários, conservadores, reacionários, neoconservadores,
anarcocapitalistas, monarquistas, teocratas e nacionalistas.
Segundo estudiosos do assunto, são quatro as dimensões
que mais assertivamente definem os elementos da divisão ideológica entre
esquerda e direita: política, econômica, religiosa e de temporalidade.
Existem, entretanto, críticas consideráveis e
consistentes sobre a “simples redução” a um eixo esquerda-direita. Cientistas
políticos têm sugerido que a classificação de “esquerda” e “direita” perdeu o
seu significado no mundo moderno. Embora esses termos continuem a ser utilizados
eles defendem um espectro mais complexo que tenta combinar as dimensões
políticas, econômicas e sociais.
Os termos “direita” ou “esquerda” são cada vez menos
relevantes na arena pública e mesmo no seio da população, onde os reflexos
ideológicos são certamente menos acentuados do que antes, e as diferentes
visões do mundo e da sociedade já não podem expressar claramente no contexto
habitual da polarização esquerda-direita.
É exagerado ver o aspecto político como uma linha (eixo),
com os chamados “revolucionários” à esquerda, os conservadores à direita, e os
liberais no meio, como se cada grupo estivesse posicionado no canto de um
triângulo.
O Brasil conta, no momento, com 33 partidos registrados
no Tribunal Superior Eleitoral e é comum observar alianças entre partidos,
principalmente nos estados e nos municípios, contrariando as anunciadas
ideologias claramente opostas, mas que chegam a se entender ao ponto de
firmarem coligação. Esse comportamento é menos comum quando tratado
nacionalmente.
Imaginemos dividir os partidos no Brasil em quatro
grupos: de esquerda-conservadora, de esquerda progressista, de direita
conservadora e de direita progressista. Em qual deles se coloca cada um dos 33
partidos registrados do TSE.
Claro que precisa haver critério para inserir o partido
políticos em um desses grupos. A votação nas matérias mais polêmicas seria um
indicador importante, mas não o único.
E quais seriam essas matérias?
Poderiam ser, por exemplo: a) a mudanças nas regras na
expansão do pré-sal; b) a reforma trabalhista; c) a redução da maioridade
penal; d) reforma da previdência; e) pacote anticrime; f) reforma na legislação
tributária; g) taxação das grandes fortunas; h) privatização; h) outras de
igual relevância e a escolha do leitor.
Avaliando esses comportamentos se acharia, mais
facilmente, em quais dos grupos melhor se enquadra o partido.
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