quarta-feira, 4 de março de 2020

Naufrágio sinalizado


                    Naufrágio sinalizado




Por: Bruno Aarão


Eu não farei ilações a cerca desse acidente. Porém, eu vou levantar umas questões e falar algumas coisas que observo.

I. Todos os anos nessa época do ano acontecem acidentes dessa magnitude nos rios da Amazônia.

II. Na época de Julho, a capitania dos portos diz intensificar as fiscalizações por conta da maior demanda por esse tipo de transporte.

III. Quem já viajou nesses barcos que fazem transporte pra Belém e Santarém, já se deparou com o transporte de veículos em barcos de transporte de passageiros. Exemplo: transportam várias motos no primeiro pavimento do navio. Quando não, e eu já presenciei, em 2015, atravessarem um carro no meio do navio para ele ser transportado de Santana para Belém.

Poderia ir muito além disso. Mas vamos nos ater a esses três fatos fazendo algumas perguntas:

1) Se a fiscalização da marinha do Brasil não está conseguindo detectar um barco de transporte de passageiros que muda a rota e trafega sem autorização, será que a nossa marinha está fazendo o controle eficiente das fronteiras?

2) Se há falha na fiscalização de um barco que sai de um terminal público na qual presume-se que haja a presença de agentes dos mais diversos órgãos, será que não há falha na fiscalização de barcos com contrabandos e entorpecentes?

3) Por que a fiscalização tão intensa que acontece no mês de Julho não acontece nos demais meses do ano? Será por conta da cobertura midiática que se faz no mês das férias? Em Julho, ver-se marinheiro e fiscais dando entrevistas com suas roupas impecáveis e seus óculos escuros limpos com flanelinha mágica para transmitir a melhor impressão possível a sociedade e aos parentes. E agora diante de mais uma desgraça?

4) Será que não é o momento de expor todos os agentes públicos responsáveis por mais esse acidente e criar uma fiscalização intensa que envolva um comitê com a participação efetiva dos usuários desse tipo de transporte? Ou será que o transporte marítimo chegará ao mesmo pedestal que é o transporte urbano: com ônibus sucateados, sujos e a fiscalização inexistente?

“A ausência de fiscalização é o primeiro sinal de corrupção”

Bruno Aarão (via grupo do Jornal Tribuna Amapaense em quarta-feira, 4 de março de 2020 às 12:17)

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