A força do perdão
Maiara Pires*
“Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os
publicanos também o mesmo?” (Mateus 5.46).
Como está o seu convívio dentro de casa? O isolamento imposto pela
pandemia do novo coronavírus forçou a humanidade a uma convivência que muitos
não estavam acostumados tendo, agora, que se suportar uns aos outros.
A proximidade escancarou tantas fragilidades nos relacionamentos
familiares ao ponto de se registrarem pedidos recordes de divórcio em várias
partes do mundo.
“É fácil amar de longe”, diz o bispo Luciano Nascimento.
Realmente devia ser fácil para maridos, esposas, filhos, irmãos só se
verem após o expediente de trabalho ou estudos mantendo a distância “segura” do
que agora parece ser insuportável – a convivência.
Esses dias eu li uma pergunta que dizia: “Qual a real necessidade do
outro em nossa vida?”
Respondi que é de nos aperfeiçoar. Só que o outro não sabe disso. Nós é
quem devemos enxergar as oportunidades de crescimento e aprendizado,
principalmente, nos momentos críticos, na hora dos desentendimentos.
Então, lembrei de um trecho da música do Sérgio Lopes que diz:
♫♪ Se eu te
machuquei, reconheço que errei / Eu agora percebi quanto mal eu te causei
/ Como vou falar de amor se eu não souber amar / Eu preciso de você para me
ensinar / Eu me arrependi e revelei meu coração / Agora é sua vez de me ensinar
uma lição / Preciso de você pra conhecer a dor / Ou conhecer a força do
perdão ♫♪
Bom, já sabendo o quão difícil é a convivência do ser humano com outro,
o apóstolo Paulo escreveu o seguinte ensinamento de Cristo: “Suportando-vos uns
aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra
outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também” (Colossenses
3.13).
Mas, ele não escreveu isso por escrever. O evangelho é assertivo na sua
doutrina. Paulo disse isso sabendo o que acontece se o coração do homem não
estiver limpo: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém
verá o Senhor” (Hebreus 12.14).
Se estamos seguindo a jornada do reino dos céus, há requisitos a serem
cumpridos para chegar lá. No Sermão da Montanha, o Senhor Jesus também falou a
esse respeito: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”
(Mateus 5.8).
Como amar quem é desagradável
A especialista em desenvolvimento humano, Heloisa Capelas, fala que o
perdão sempre serve para quem perdoa e não para quem é perdoado. “É uma questão
de inteligência”, completa. Ela diz, ainda, que as pessoas não perdoam por medo
de voltar a sentir a dor, mas, o que não percebem é que essa dor vai aumentando
a conta gotas. “O orgulho sempre sustenta ou protege uma dor”, afirma.
E infelizmente esse é o retrato dos últimos dias como bem adiantou o
apóstolo Paulo a Timóteo: “Porque haverá homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães,
ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados,
orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2 Timóteo 3.2-4).
A sociedade vai se destruindo sem perceber, mas, principalmente, por
causa do orgulho, muitas vezes, se abstendo da reconciliação. Olhe ao redor
para ver se estas características descritas acima não são encontradas em vários
relacionamentos do dia a dia, seja de pessoas conhecidas ou relatados nos
veículos de comunicação ou mídias sociais.
O que nos falta é olhar com atenção e intenção de perceber as
oportunidades de aperfeiçoamento do nosso próprio eu para que possamos nos
tornar à imagem e semelhança de Deus e refletir a imagem de Cristo. E,
finalmente, aprender que amor é esse de que Jesus tanto ensinou:
“A prova real do amor é quando somos capazes de amar quem é
desagradável; quem é incapaz de retribuir” (Bill Johnson).
*Maiara Pires é jornalista, escritora, coautora do livro "Como a
PNL mudou minha vida" e autora do blog asabedoriadoalto.blogspot.com

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