Os conflitos entre o espiritual e o carnal
Reinaldo Coelho
A
palavra “carne” (sarx, no grego) é usada no texto do Novo Testamento, tanto
para designar o corpo físico natural, no qual não há inerentemente qualquer mal
moral, senão o mau uso que se pode fazer do mesmo, e também, a condição da
natureza terrena decaída no pecado que se opõe a Deus e à Sua vontade. A
revelação bíblica apresenta um contraste entre o que é espiritual e o que é
natural e carnal, e não propriamente material, como costumeiramente ocorre ao
modo de se pensar em geral. Sendo que o carnal e o natural aqui referidos
reportam, respectivamente, o primeiro ao que é pecaminoso, e o segundo ao que é
pertencente à vida moral, que não é espiritual, celestial, sobrenatural e
divina. (Silvio Dutra em Espiritual X Carnal)
Veja
o que a Bíblia nos ensina sobre a luta que existe permanentemente entre a carne
e o Espírito, e vice- versa: "Porque
a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem
um ao outro, para que não façais o que quereis." (Gál 5.17).
Sabemos
que o corpo, a alma e o espírito do homem formam uma grande unidade, e estão
intimamente ligados, de modo que se pode dizer que são uma só coisa, assim como
Deus é um, e no entanto são três pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito.
No
início dessa reflexão temos a explicação bíblica para o conflito carne contra
espirito, observe que ela afirma que a
carne e o Espírito se opõem mutuamente para que
não façamos o que seja do nosso querer.
Veja
dentro de você se existem somente desejos para o bem e a pureza. Geralmente,
queremos aquilo que o nosso corpo deseja ou vai satisfazer os prazeres carnais.
A carne, em seu sede, opõe-se ao
Espírito, e o Espírito à carne; entre eles há antagonismo, por isso não fazeis
o que quereis (cf. Gl 5,17).
Entretanto,
como o pecado continua operando na carne, há necessidade do trabalho da cruz
para que sejamos as pessoas espirituais que Deus planejou desde antes da
fundação do mundo.
"Digo, porém: andai no Espírito e
jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o
Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que
não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo
Espírito, não estais sob a lei."
(Gálatas 5: 16-18)
Há
muitos pontos essenciais de diferença entre o que teme a Deus e aquele que não
o teme - entre o crente e o incrédulo. Mas há um mais marcante do que qualquer
outro, principalmente por este motivo, que vem mais de perto para o coração, e
está mais claramente de acordo com a experiência de cada filho de Deus. Essa
marca distintiva é o conflito entre a carne e o Espírito. Aqueles que estão
mortos em pecado não podem sentir nenhum conflito, pois neles não há princípio
oposto à carne.
Na
sua profundidade, os desejos não são pecados, mas podem se tornar um grande
meio para o pecado. Precisamos querer somente Deus, inclinar-nos para Ele e
buscar o Alto. Não nos deixemos ser seduzidos pelas vontades humanas nem
influenciados pelos outros. Canalizemos tudo para o Senhor.
O
amor deve ser a aspiração maior do nosso coração, pois causa em nós o desejo do
bem ausente e a esperança de consegui-lo (cf. CIC 1765). Queremos o mal e
aquilo que nos leva para longe de Deus, porque ainda não experimentamos o amor
d’Ele em nossa vida, que é capaz de preencher toda solidão e ausência de bem. “A
graça desvia o coração dos homens da ambição e da inveja, e o inicia no desejo
do Sumo Bem; instrui-o aos desejos do Espírito Santo, que sacia sempre o
coração do homem (CIC 2541).
De
maneira que ao falar em separação de alma e espírito, pela Palavra de Deus, a
Bíblia quer nos mostrar que precisamos ser governados pelo espírito, e não
meramente por nossos sentimentos, vontade, emoções, pensamentos e até mesmo
pela nossa própria razão.

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