COBAIAS HUMANAS
Brasileiros, indianos, africanos, asiáticos e norte-americanos
serão ‘voluntários’ para o teste das vacinas contra COVID-19 produzidas pela
AstroZeneca/Oxford e pela empresa chinesa Sinovac
'Infelizmente', alta dos
casos de Covid faz Brasil virar local de oportunidade para testes de vacina e
de medicamento, diz infectologista.
Em humanos,
os testes têm apenas 50% de chance de sucesso.Afinal de contas, por que usar pessoas para entender doenças e testar remédios cujos efeitos nem conhecemos? E como garantir que os experimentos sejam seguros? A primeira pergunta é fácil de responder. A segunda não!
Reinaldo Coelho
O
governo brasileiro anunciou nos últimos dias de junho, uma parceria com a
farmacêutica britânica AstraZeneca e com a Universidade Oxford, no Reino Unido,
para desenvolvimento e produção de vacina contra o novo coronavírus. Essa
parceria será conduzidos no Brasil
pelo Centro de Referência para Imunológicos Especiais (Crie) da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). A Fundação Lemann está financiando a estrutura
médica e os equipamentos da operação. A vacina, de acordo com a OMS, é a que está
em fase mais avançada de desenvolvimento, e pode vir a ser distribuída no
Brasil ainda em 2020.
VACINA
CHINESA - CoronaVac
A
outra vacina que está sendo testada em brasileiros é a produzida pela empresa
chinesa Sinovac, pesquisadora da vacina, que tem como parceiro o Instituto
Butantan, após receber autorização da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa),
deverá começar a ser testada em 20 de julho no Brasil, inicialmente em São
Paulo e, depois, em outras cinco unidades da Federação, incluindo o Distrito
Federal. A imunização, chamada CoronaVac, é considerada uma das mais
promissoras contra o novo coronavírus.
Ao
todo, 9 mil profissionais da saúde participarão dos testes, de maneira
voluntária. O Butantan ficará responsável por administrar o recrutamento e
lançará, ainda esta semana, um aplicativo de smartphone para inscrição. A
convocação dos interessados está programada para começar em 13 de julho.
Podem
se candidatar médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde que atuam ou
atuaram na linha de frente da covid-19, desde que ainda não tenham contraído o
vírus. Outra restrição é que o voluntário não deve participar de outros estudos
e, sendo mulher, não pode estar grávida nem planejando uma gestação nos
próximos três meses. Além disso, há impossibilidade de participarem candidatos
com doenças instáveis ou que precisem de medicações que alterem a resposta
imune.
A vacina
inglesa
A
parceria do Brasil com as produtoras da vacina inglesa lhe dará possibilidade
que tenha pelo menos 30,4 milhões de doses até janeiro de 2021. Dois mil
brasileiros participarão dos testes, e o Brasil será o primeiro país fora do
Reino Unido a começar a testar a eficácia da imunização contra o Sars CoV-2. Além do Brasil, a Índia, África do Sul e Asia
e os EUA, terão mais 50 mil ‘voluntários’.
Questionamento
das escolhas dos ‘voluntários’
O
EUA tem interesses financeiros para que a empreitada da cura do Novo coronovírus
seja um sucesso, assim como a humanidade agradece. Porém queremos questionar
essas decisões nas escolhas das cobaias, sentindo que quando pior é melhor.
Pois, somente com o crescimento da contaminação os povos escolhidos serão os cobaias.
E os brasileiros estão sendo um dos escolhidos. E de acordo com especialistas,
esse posicionamento do Brasil nos primeiros lugar de número de contaminados lhe
deu essa chance de ser incluídos entre os países beneficiados pelas primeiras
remessas da vacina se se tornar eficiente, e isso não está garantido.
As indústrias farmacêuticas
e os gigantes laboratórios estão de ‘olho’ no Brasil e a AstraZeneca, que tem
filial no Brasil, recebeu investimento de mais de 1 bilhão de dólares da
Biomedical Advanced Research and Development Authority (Barda), órgão do
Ministério da Saúde dos EUA para o desenvolvimento, produção e entrega da
vacina.
O programa de
desenvolvimento inclui um ensaio clínico de Fase III com 30 mil participantes,
além de um estudo com foco em pacientes pediátricos.
Uma distorção, porém tem
colocado a eficiência das ações da companhia farmacêutica AstraZeneca, que
firmou um acordo para produzir e distribuir a vacina do novo coronavírus
desenvolvida pela Universidade de Oxford e afirmou, na primeira quinzena de
junho que estava preparada para iniciar a produção da vacina em escala entre o
final de junho e o início de julho. E já estar quase terminado a primeira
quinzena e nada de concreto foi vinculado até agora. A
AstraZeneca tem uma fábrica em Cotia, São Paulo, que não está habilitada para a
produção de vacinas.
De acordo com a empresa
que é a responsável pela produção e a distribuição da vacina desenvolvida pela
Oxford, as doses cabíveis ao Brasil poderão ser fabricadas no país pelo
Instituto Butantã e a Fiocruz e com o compromisso de que o preço de venda não
vise lucro, durante a pandemia.
Fraser Hall, presidente da AstraZeneca do Brasil, |
“Nosso plano é produzir globalmente a vacina entre o final deste mês e o
início de julho, em escala. Se fizermos isso teremos 400 milhões de doses
iniciais no final de setembro, começo de outubro”, disse o presidente da
AstraZeneca do Brasil, Fraser Hall, em entrevista à Exame.
As doses chegarão,
portanto, antes do encerramento do teste clínico com a vacina, que tem duração
de um ano. A vacina desenvolvida pela universidade está em fase 3 de teste, que
deve envolver 50.000 pessoas, sendo pelo menos 2.000 pessoas no Brasil. Outras
10.000 pessoas serão testadas no Reino Unido, e 30.000 nos Estados Unidos.
Também devem participar do teste países da África e da Ásia, ainda não
confirmados.
Testes
já começaram no Reino Unido
Com a previsão otimista de
ficar pronta ainda em 2020, a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford
ofereceu proteção em um estudo pequeno com seis macacos, resultado que levou ao
início de testes em humanos no final de abril.
Adrian Hill, diretor do Jenner Institute de Oxford, |
Em humanos, os testes têm
apenas 50% de chance de sucesso. Adrian Hill, diretor do Jenner Institute de
Oxford, que se associou à farmacêutica AstraZeneca para desenvolver a vacina,
disse que os resultados da fase atual, envolvendo milhares de voluntários,
podem não garantir que a imunização seja eficaz e pede cautela.
A vacina já está sendo aplicada
em 10 mil voluntários no Reino Unido. A dificuldade para provar a possível
eficácia está no fato de os cientistas dependerem da continuidade da circulação
do vírus entre a população para que os voluntários sejam expostos ao
coronavírus Sars-Cov-2. Ou seja, o Brasil precisa perdurar com o crescimento da contaminação de brasileiros
para poder ter um resultado positivo ou negativa da vacina, pois a eficácia é
incerta.
A pergunta
que não quer calar
Afinal
de contas, por que usar pessoas para entender doenças e testar remédios cujos
efeitos nem conhecemos ? E como garantir que os experimentos sejam seguros? A
primeira pergunta é fácil de responde. A segunda não!
Qual
o motivo e com que base o povo brasileiro, indiano, africano, asiático e norte
americano foram os escolhidos como
cobaia da humanidade?
Os Estados Unidos tem um motivo financeiro e de cura, pois estão investindo US$ 1 bilhão, nas pesquisas inglesas e os demais países o interesse na cura dessa praga que está destruído lares, famílias e a humanidade.
Os Estados Unidos tem um motivo financeiro e de cura, pois estão investindo US$ 1 bilhão, nas pesquisas inglesas e os demais países o interesse na cura dessa praga que está destruído lares, famílias e a humanidade.
Essa
história de testes científicos em seres humanos voluntários tem um hiato, não existe acordo
financeiro entre as partes? Pois na situação financeira e econômica que a
maioria dos brasileiros estão passando, desempregados e com contenção de rendas
e dívidas acumuladas, estão aceitando qualquer acordos para beneficiar os seus familiares.
O
exemplo tivemos em nossa própria casa, em 2002 para avaliar a eficácia de
medicamentos e vacinas, ribeirinhos das comunidades de São Raimundo do Pirativa
e São João do Matapi, que foram utilizados como iscas para mosquitos
transmissores da malária, em testes realizados entre 2002 e 2003. Os
ribeirinhos eram submetidos a picadas de mosquitos transmissores da doença.
Eles recebiam R$ 12 (depois elevado para R$ 20) para cada uma das nove noites
de trabalho. As cobaias humanas eram picadas e alimentavam, com o próprio
sangue, 100 mosquitos, duas vezes por ano. Todos contraíram malária, que se
espalhou nas comunidades.
Os
amapaenses estão se perguntando se a decisão de incluir o Brasil no grupo de
países responsáveis pelas pesquisas em direção de encontrar a vacina para o
COVID-19, se deve a capacidade do país em encontrá-la, pois muitas instituições
brasileiras já estão com pesquisas de medicamentos e de estudos da
possibilidade de produzir uma vacina em parceria com instituições
internacionais. Ou em segunda hipótese utilizar-se dos ‘voluntários’ brasileiros para
testagem dessa experiência que pode dar errado e termos mais mortes. Essa parte
já está sendo debatida por especialistas em infectologia brasileira. Uma das situações bizarras é que de acordo com as divulgações os ' voluntários' serão composto por profissionais da saúde que estiveram ou estão na frente do combate do CIVID-19.
Porém, um detalhe chamou a atenção da editoria com referencias ao decreto de Cadastro de Voluntário onde na
Porém, um detalhe chamou a atenção da editoria com referencias ao decreto de Cadastro de Voluntário onde na
Ficha de Inscrição para o banco de dados de Voluntários
para o enfrentamento ao Coronavírus no Estado do Paraná é exigido a idade de 18 a 59 anos, e pode ter qualquer profissão. Ou seja, existe algo estranho.
Recebemos de uma paranaense uma postagem de revolta contra a inclusão de brasileiros, se descrever benefícios que eles deveriam receber para participarem, garantias de tratamentos pagos devido aos efeitos colaterais que deverão acontecer. Os norte-americanos pagam seus voluntários, muitos vivem desses recursos, aqui no Brasil é proibido pagamento para testes ou doação de sangue, por isso é que sempre está em falta nos hemocentros.
"Nos EUA essas pessoas são muito bem pagas, recebem até US$ 6 mil por quinze dias de testes. mas aqui se igualaram aos ratos. Só um povo brasileiro que não sabe nem o que vai acontecer com ele? E as garantias? ".
Realmente nos EUA, é garantido o pagamento para que voluntários participem de testes científicos
Como
encontrar a cura para o câncer, a Aids ou Covid-19 se não houver pessoas dispostas a se
submeter a tratamentos experimentais? Mas quem são esses voluntários? O que os
motiva a fazer isso? A que riscos estão expostos? Cada remédio que existem na prateleira da farmácia precisou antes ser testada em seres humanos.
Nos
Estados Unidos, todos os anos são realizados milhares de estudos clínicos
remunerados. Há
um grande número de voluntários dispostos a participar desses experimentos.
Alguns são migrantes e pessoas de baixa renda que buscam maneiras de pagar
despesas básicas, como moradia, alimentação e transporte.
"Talvez quando estiver à beira da morte, lamente ter colocado minha saúde
em risco para ganhar US$ 6 mil em 15 dias. Mas onde você ganha tanto dinheiro
em tão pouco tempo em Miami?", define um cubano morador da Florida.
Explicações
do consorcio AstraZeneca/Oxford
Em
entrevista exclusiva, a cientista brasileira Daniela Ferreira, que participa do
projeto como Coordenadora dos testes com vacina para Covid-19 na Inglaterra explica, já tinha adiantado
ao G1 o dilema da prova de eficácia: os responsáveis pela pesquisa em Oxford
viam com preocupação o impacto da diminuição da curva de casos no Reino Unido
na pesquisa.
“Já
naquela época o grupo se organizava para ampliar os testes em uma região com
altas taxas de circulação do Sars-Cov-2 para poder acelerar a comprovação da
possível eficácia da vacina”. explicou. "Um dos fatores limitantes de tudo
isso é se a gente vai continuar a ter, nos países em que as vacinas estão sendo
testadas, um número de infecção que permite que você teste essa vacina
rapidamente", explicou Daniela Ferreira.
A
chefe do departamento de ciências clínicas da Escola de Medicina Tropical de
Liverpool define que para provar mais rapidamente se a fórmula é eficaz, é
preciso que os voluntários tenham contato com o vírus e, atualmente, o Brasil é
considerado o epicentro da pandemia.
“É uma
situação um pouco bizarra, porque você quer que o coronavírus desapareça, não quer
que as infecções continuem".
A brasileira explicou que,
com um número baixo de novos casos confirmados de coronavírus, fica mais
difícil avaliar se a vacina funcionou efetivamente nos voluntários. Segundo a
pesquisadora, isso já aconteceu em pandemias anteriores, como a do Sars e do
Mers.
Aprovado
pela Anvisa
Para ser conduzido no
Brasil, o procedimento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), com o apoio do Ministério da Saúde. Em São Paulo, os testes
serão feitos em mil voluntários e conduzidos pelo Centro de Referência para
Imunológicos Especiais (Crie) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A
Fundação Lemann está financiando a estrutura médica e os equipamentos da
operação.
Os voluntários serão pessoas
na linha de frente do combate ao coronavírus, com uma chance maior de exposição
ao Sars CoV-2. Eles também não podem ter sido infectados em outra ocasião. Os
resultados serão importantes para conhecer a segurança da vacina. "Assim
que as vacinas ficaram prontas para serem testadas, as epidemias tinham passado
e não se conseguiu testar" comentou a cientista.
"Tem vários candidatos
a vacinas para estas doenças. Elas estão no freezer de laboratórios, prontas
para serem testadas caso tenha uma outra pandemia do mesmo vírus."
Aumento da infecção no
Brasil e os brasileiros serão os testados
O infectologista da Fiocruz
Julio Croda confirma e afirma que o fato de o Brasil receber testes da vacina
contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford é resultado direto
da curva de casos de Covid-19 em crescimento.
"Infelizmente, pela
condição epidemiológica do Brasil, de curva ascendente, o país está sendo visto
por várias indústrias e por vários institutos de pesquisa como local de
oportunidade para o teste de novas vacinas e novos medicamentos também. (...)
Isso permite que o desenvolvimento de vacinas seja acelerado porque você tem
'desfechos frequentes', que é ter ou não a doença, em um curto espaço de
tempo", analisou Croda, que participou da gestão do ex-ministro Luiz
Henrique Mandetta no Ministério da Saúde.
"Quando uma empresa ou
instituto de pesquisa busca um novo sítio de pesquisa ele quer que em um espaço
curto de tempo as pessoas que forem vacinadas, que não têm a doença, que são
voluntários, tenham uma probabilidade grande de se expor ao vírus para
justamente ver a diferença entre as pessoas que foram vacinadas e as pessoas
que não foram", afirma Croda.
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