DE MAX MARTINS A MARAHU
Por Obdias Araújo
Em 1983 eu morava em Belém do Pará. Eu e Apologia, meu primeiro livro de poemas. Minha irmã Ivonilde Araújo trabalhava na Legião Brasileira de Assistência e muito me serviu nos momentos em que o bolso emagrecia.
A Avenida Nazaré era meu caminho preferido. Muitas vezes pisei aquele chão ao lado de pessoas com quem muito aprendi. De tantos, vou citar o fotógrafo maratonista Rufino Almeida, pranteado amigo, Leonam Cruz, Luiz Lima Barreiros e Max da Rocha Martins. Em nossas caminhadas, Max contava-me histórias. Algumas eu já conhecia de conversas anteriores com Alcy Araújo e Eymar Tavares.
Ruy Barata me ensinou muito nos botecos vizinhos da UFPª ou no Bar do Parque, onde me ouvia com a paciência dos velhos mestres. Com ele nunca andei pela Avenida Nazaré. Quando muito, eu fui (sempre um passo atrás) até a Adega do Rei que dava seus últimos suspiros.
O grande poeta Max Martins, sempre com o guarda-chuvas preso no ombro esquerdo, declamava poemas inteiros de seu novíssimo Caminhos de Marahu. Guardo este livro, dedicado e autografado, com a merecida vênia. Um livro Zen. Capaz de levar o leitor a ter uma experiência no além do além das palavras.
Não falei aqui do Alonso Rocha, que disputava comigo charadas novíssimas e apocopadas. Nem do Carlos Lima, que nunca me devolveu os obuses da Segunda Grande Guerra. Em contrapartida não lhe devolvi alguns Long-Play's, sub-repticiamente transferidos de sua caixa de papelão para a minha estante, no Guamá.
Tenho do Max Martins- além do Caminhos de Marahu – A Fala Entreparentesis (com Age de Carvalho) e O Risco Subscrito.
Alcy Araújo me pediu que trouxesse o Poemas do Homem do Cais para alguns poetas paraenses. Isso me deu a chance de beijar os pés destes gigantes e beber a sublime poesia de seus lábios.
Depois o Alcy subiu para o céu do Bar do Abreu e eu voltei meus solitários passos na direção de outra avenida, que não era a Nazaré
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