DOIS MODOS PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL EM
CRISE
Rodolfo Juarez
A infraestrutura física de módulos próprios para o
desenvolvimento econômico, isso em qualquer regime e em qualquer país, precisa
de cuidados permanentes, principalmente dos representantes do povo em cargos
públicos, para concretizar o próprio desenvolvimento e, como consequência, a
melhoria da qualidade de vida da população.
A população do norte do Brasil tem sido sacrificada, com
raras e honrosas exceções, por uma espécie “deixa pra lá” no tratamento da
infraestrutura por parte das autoridades no que seria elo importante no
desenvolvimento das questões dos portos, tanto para atender a navegação
regional, como de cabotagem, como a navegação de longo curso, prejudicando as iniciativas
de exportação a partir da norte brasileiro.
Outro descuido, este muito mais concentrado no Estado do
Amapá, acontece com outro módulo importante da infraestrutura pra o
desenvolvimento – as rodovias, tanto federais como estaduais.
O caso emblemático da BR-156, uma rodovia federal que
este mês completa 88 anos que foi iniciada, se constitui na rodovia como maior
tempo de construção no Brasil e que só o gasto em manutenção supera, em muito,
os custos para a sua conclusão.
Lembre-se que, em manobra administrativa, oportunista e
visando comprovar “realizações” não realizadas por iniciativa que continua no
anonimato, se coincidiu trechos, das duas rodovias federais no Amapá (BR-156 e
a BR-210) e, além disso, se deslocou o marco zero da Rodovia BR-156 para dentro
da cidade, no intuito de aumentar o tamanho do trecho asfaltado em determinado
momento.
Esta manobra confunde tudo até hoje e deixa ao
esquecimento o verdadeiro trecho da BR-210, a Perimetral Norte, que teria o
marco zero na entrada de Porto Grade e seguiria para fazer o Arco Norte, até
Boa Vista, em Roraima.
Portos e rodovias no Brasil são dois modos da
infraestrutura por onde caminha a economia e que no Amapá estão esquecidos, ou
sendo mal alimentados tanto administrativamente como politicamente.
O desconhecimento da realidade desses módulos (portos e
rodovias) é uma realidade lamentável, pelo descaso dos agentes públicos em
declarar a sua imprescindibilidade e urgência.
Recentemente a notícia da conclusão do trecho da BR-163,
trecho entre Sinop, no Mato Grosso, e Miritituba, no Pará, trecho pronto e
inaugurado em junho pelo residente da República, acabou repercutindo por aqui,
com pronunciamentos na imprensa de políticos e de analistas, de maneira
distorcida que só confundiu a população e não escamoteou a realidade.
É importante lembrar que a BR-163 é uma rodovia
longitudinal das mais extensas do Brasil, com mais de 3.400 km, com o marco
zero em Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, e chegada a Santarém, no Pará.
O Porto de Macapá, em Santana, administrado pela
Companhia Docas de Santana, que tem a concessão para essa administração, foi
planejado e construído para ser um porto de contêineres e, por isso tem na sua
infraestrutura um dos maiores pátios da região, mas apenas construído dois cais
de atracação, sendo que um deles está com a construção pela metade.
A concessão do Porto de Macapá, em Santana, para
município de Santana foi assinado em dezembro de 2002 pelo ministro dos
Transportes e o prefeito de Santana, com duração 25 anos, podendo ser renovado
por mais 25, ou seja, em dezembro de 2027, daqui a sete anos, ou renova a
concessão ou devolve o porto para a União.
Isso quer dizer que dos dois modos do sistema de
transporte, um está inacabado (faltando asfaltar 50 km entre Macapá e Santana),
sem contar com as necessidades urgentes de manutenção em sua pista de
rolamento, principalmente no trecho entre Ferreira Gomes e Tartarugalzinho; e
outro está precisando também de conclusão ou se tornará útil para o
desenvolvimento local. Assim, corre o risco de se transformar em um grande
problema e ser devolvido à União, o que seria um grande erro.
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