
FILOSOFIA E RELIGIÃO
Por Jarbas de Ataíde
Ao longo da história tivemos Médicos que
se destacaram além das atividades da profissão, em vários campos do
conhecimento humano. Antes da era tecnológica, que teve impulso na Revolução
Industrial, os Médicos eram profissionais liberais. Eram chamados nas casas
para cuidarem dos enfermos; verdadeiros “médicos de família”. Prevalecia a
relação médico-paciente, tendo visão integral da realidade.
Falei desses atributos, dons e qualidades,
quando, no artigo anterior, lembrei e homenageei o Médico Dr. Papaléo Paes,
destacando sua visão humanista e sóciocomunitária, dando à profissão uma
atuação mais profunda, o que denominei carisma médico, qualidade e dom
natural, doado por Deus. Atributo da alma; dom divino doado a quem serve nas
dores, iniquidades e fraquezas humanas, muitas vezes no anonimato, sem a busca
do reconhecimento e de aplausos.
Mas além desse carisma e dom especial do
serviço, a Medicina e alguns Médicos se destacaram por atuação multifacetada,
multidisciplinar e intersetorial, buscando subsídios em outras disciplinas como
a Filosofia, a Astronomia, a Alquimia e a Religião. A interrelação dessas ciências chamamos de Metafísica.
Segundo Franz Hartmann, na
introdução de seu livro “Ciência Oculta em Medicina”, “a medicina secreta
dos antigos era uma ciência religiosa, enquanto que a moderna não reconhece
nenhum elemento religioso e, como consequência, não reconhece nenhuma verdade. A
separação da ciência em relação à verdade religiosa representou a construção da
primeira sobre uma base irracional, posto que a religião é uma relação do homem
com a natureza divina”.
Franz Hartmann, nesse livro, faz várias
referências ao Médico Alquimista e reformador da medicina do século XVI, Teophrastus
Bombastus Von Hohenheim (Paracelsus), que diagnosticava e tratava seus
pacientes baseado nos elementos aristotélicos (sal= corpo; mercúrio= alma;
enxofre= espírito).
A visão integral, vitalista e
espiritualista de saúde, antes chamada e considerada “ciência oculta”,
praticada pelos antigos médicos, que apelavam para os vários elementos da
natureza, considera que o “padrão de saúde existe para nós à medida que
reconhecemos a unidade e supremacia da Lei (natural); que o resultado da
obediência à Lei é a harmonia e a saúde, e o resultado da desobediência à Lei é desarmonia e a doença”.
A doença seria a desorganização fruto da
desobediência às leis naturais. A cura acontece quando “há restauração da
harmonia por meio do retorno à obediência à lei da ordem que governa o Todo”. É
necessário que se conheça a verdadeira constituição do homem, como um todo, “não
só de seu corpo físico, que é somente a parte mais inferior da casa que ele
habita, porém, toda a constituição física, astral e mental do ser chamado
Homem”.
A ciência da Alquimia antiga e da
Metafísica atual têm sua base espiritualista fundamentada não nas leis e
tradições religiosas, mas sim numa visão mais universal das forças espirituais
e emocionais. “Apesar de todas as descobertas apontadas pela química e pela
fisiologia, ainda é incapaz de realizar as curas que foram feitas por Paracelso....Seus
seguidores não cultivam o poder espiritual do conhecimento da alma, que é
chamado de “contemplação interior”, ao qual Paracelso chamava de Fé...Trata-se,
na verdade, de um poder que não pertence nem à natureza física, nem à animal, nem às espiritual do homem, mas á
porção mais elevada de seu ser.
Por isso, a religião desprovida de
Filosofia, despreza as nuanças da natureza humana, assim como a ciência,
desprovida de espiritualidade, se distancia da luz Verdade Divina, permanecendo
enterrada nos aspectos materiais e externos, que são limitados, fugazes e
efêmeros
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