OS ATRASOS DA ATENÇÃO BÁSICA PARA AS
CRIANÇAS COM COVID-19
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Fonte: Quadra Esportiva do Santa Inês
vira UBS p/ Centro Covid-19. SelesNafes.com
Por Jarbas de Ataíde
Pode até parecer repetitivo, mas no
Brasil as questões de saúde estão sempre atrasadas, colocando parcelas
significativas da população em risco de doenças. A China escondeu do mundo a
epidemia. A OMS custou reconhecer a pandemia e tomou tardiamente a adoção das
medidas terapêuticas eficazes adotadas no mundo.
O mundo começou a tomar ciência da
epidemia de Covid-19 na China em outubro de 2019, com a divulgação tardia dos
casos de Wuhan. No Amapá em 20 de março de 2020 foi confirmado o primeiro caso
de uma mulher de Belém, que teve contato com alguém de S. Paulo. Mas, com
certeza, em fevereiro, com as aglomerações do carnaval, o vírus já estava
circulando em Macapá.
Assim como a OMS demorou em
reconhece a pandemia de Covid-19, a Prefeitura Municipal de Macapá-PMM,
responsável pela Atenção Básica, tomou tardiamente atitude no atendimento das
crianças, se esquivando da responsabilidade. Eram despachadas ao Pronto
Atendimento Infantil-PAI, cujo Estado (SESA) também não disponibilizou um local
adequado para recebê-las.
Essa atitude protelatória da PMM só
foi amenizada com a abertura das adaptações do Hospital Universitário e com a
criação de alguns leitos pediátricos, após praticamente 3 meses, quando a
doença já estava alastrada na capital. No período pré-pandemia, ainda em 2019,
a PMM fechou 9 UBS para “reformas”, com previsão de entrega em Dez/19, porém,
apenas a UBS Pacoval foi “reinaugurada”, deixando vários bairros descobertos.
No início a PMM instalou 2 Unidades:
na UBS Lélio Silva e Marcelo Cândia, mas nenhuma para atender crianças. Os
casos começaram a chegar no PAI, cuja SESA e Vigilância Sanitária não prepararam
local e nem medidas de proteção aos profissionais. Crianças foram entubadas e
internadas em local inadequado, contaminando os profissionais de saúde,
afastando vários do serviço e levando ao óbito uma Técnica de Enfermagem.
O vírus tomou força em Macapá e atingiu
o interior, chegando a mais de 544 óbitos. Aí que a PMM se despertou para criar
mais um Centro Covid na UBS Marabaixo, além do Lélio Silva e Álvaro Correa. Também
disponibilizou as UBS do Infraero I, Rosa Moita (Nova Esperança) e Raimundo
Ozanan (Muca) para atendimento pediátrico, mas não para atender crianças
suspeitas de Covid-19. O Centro Covid I, criado pela SESA no HCAL, foi somente
para adultos, ficando as crianças sem um local digno e adequado.
Somente agora, passado 4 meses de
pandemia, com óbitos de centenas de pessoas entre Médicos e Enfermeiros, é que
a PMM finalmente colocou a UBS Rubim Aronovitch, no bairro Santa Inês,
para atender as crianças com suspeitas da doença. O espaço terá “médicos,
enfermeiros, tec. de enfermagem, assistente social e farmacêuticos aptos para a
prática do protocolo de atendimento pediátrico”.
No Decreto municipal, de 23/03/20, as
consultas de rotina foram suspensas para as crianças, assim como PCCU, USG,
Dentista, Grupos Terapêuticos (idosos, Gestantes, Adolescentes, Hipertensos e
Diabéticos), ou seja, apenas 1 doença parou toda a atenção básica, de
responsabilidade da PMM.
Finalmente, segundo o site da PMM, a Unidade
do Sta. Inês é referência para atendimento de crianças com sinais e sintomas de
Covid-19. Agora estão divulgando
ainda que as UBS Lélio Silva, Marabaixo e Álvaro Correa “também estão
preparadas para atendimento de crianças suspeitas de Covid-19”. A SEMS/PMM
divulgou que “já foram atendidas 329 crianças com casos confirmados e suspeitos
da doença”, o que é muito baixo para quem é responsável pelo atendimento básico
em Pediatria, influenciada pela subnotificação. (Fonte: site
prefeitura de macapa). JARBAS ATAÍDE. 20.07.2020.
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