quinta-feira, 23 de julho de 2020

SAÚDE EM FOCO - OS ATRASOS DA ATENÇÃO BÁSICA PARA AS CRIANÇAS COM COVID-19


 OS ATRASOS DA ATENÇÃO BÁSICA PARA AS CRIANÇAS COM COVID-19




 Fonte: Quadra Esportiva do Santa Inês vira UBS p/ Centro Covid-19. SelesNafes.com  

Por Jarbas de Ataíde 


           Pode até parecer repetitivo, mas no Brasil as questões de saúde estão sempre atrasadas, colocando parcelas significativas da população em risco de doenças. A China escondeu do mundo a epidemia. A OMS custou reconhecer a pandemia e tomou tardiamente a adoção das medidas terapêuticas eficazes adotadas no mundo.
           O mundo começou a tomar ciência da epidemia de Covid-19 na China em outubro de 2019, com a divulgação tardia dos casos de Wuhan. No Amapá em 20 de março de 2020 foi confirmado o primeiro caso de uma mulher de Belém, que teve contato com alguém de S. Paulo. Mas, com certeza, em fevereiro, com as aglomerações do carnaval, o vírus já estava circulando em Macapá.   
            Assim como a OMS demorou em reconhece a pandemia de Covid-19, a Prefeitura Municipal de Macapá-PMM, responsável pela Atenção Básica, tomou tardiamente atitude no atendimento das crianças, se esquivando da responsabilidade. Eram despachadas ao Pronto Atendimento Infantil-PAI, cujo Estado (SESA) também não disponibilizou um local adequado para recebê-las.
           Essa atitude protelatória da PMM só foi amenizada com a abertura das adaptações do Hospital Universitário e com a criação de alguns leitos pediátricos, após praticamente 3 meses, quando a doença já estava alastrada na capital. No período pré-pandemia, ainda em 2019, a PMM fechou 9 UBS para “reformas”, com previsão de entrega em Dez/19, porém, apenas a UBS Pacoval foi “reinaugurada”, deixando vários bairros descobertos.
          No início a PMM instalou 2 Unidades: na UBS Lélio Silva e Marcelo Cândia, mas nenhuma para atender crianças. Os casos começaram a chegar no PAI, cuja SESA e Vigilância Sanitária não prepararam local e nem medidas de proteção aos profissionais. Crianças foram entubadas e internadas em local inadequado, contaminando os profissionais de saúde, afastando vários do serviço e levando ao óbito uma Técnica de Enfermagem.  
        O vírus tomou força em Macapá e atingiu o interior, chegando a mais de 544 óbitos. Aí que a PMM se despertou para criar mais um Centro Covid na UBS Marabaixo, além do Lélio Silva e Álvaro Correa. Também disponibilizou as UBS do Infraero I, Rosa Moita (Nova Esperança) e Raimundo Ozanan (Muca) para atendimento pediátrico, mas não para atender crianças suspeitas de Covid-19. O Centro Covid I, criado pela SESA no HCAL, foi somente para adultos, ficando as crianças sem um local digno e adequado.
       Somente agora, passado 4 meses de pandemia, com óbitos de centenas de pessoas entre Médicos e Enfermeiros, é que a PMM finalmente colocou a UBS Rubim Aronovitch, no bairro Santa Inês, para atender as crianças com suspeitas da doença. O espaço terá “médicos, enfermeiros, tec. de enfermagem, assistente social e farmacêuticos aptos para a prática do protocolo de atendimento pediátrico”.
        No Decreto municipal, de 23/03/20, as consultas de rotina foram suspensas para as crianças, assim como PCCU, USG, Dentista, Grupos Terapêuticos (idosos, Gestantes, Adolescentes, Hipertensos e Diabéticos), ou seja, apenas 1 doença parou toda a atenção básica, de responsabilidade da PMM.
       Finalmente, segundo o site da PMM, a Unidade do Sta. Inês é referência para atendimento de crianças com sinais e sintomas de Covid-19.  Agora estão divulgando ainda que as UBS Lélio Silva, Marabaixo e Álvaro Correa “também estão preparadas para atendimento de crianças suspeitas de Covid-19”. A SEMS/PMM divulgou que “já foram atendidas 329 crianças com casos confirmados e suspeitos da doença”, o que é muito baixo para quem é responsável pelo atendimento básico em Pediatria, influenciada pela subnotificação. (Fonte: site prefeitura de macapa). JARBAS ATAÍDE. 20.07.2020.




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