ARTIGO DO REI Descanse em paz, minha querida amiga!
Josefa Rosa Mendonça da Silva – 88 anos
Faleceu nesta terça-feira (02) uma das mais cultuadas personagens da Avenida Euclides da Cunha, Josefa Rosa Mendonça da Silva, Dona Josefa faleceu aos 87 anos e deixou todos os familiares, amigos e da cultura marabaxeira de luto, emudecendo os tambores do Marabaixo, que sua sogra, dona Gertrudes Saturnino foi uma das pioneiras durante a instalação do ex-território. Dona Josefa foi homenageada na tarde desta terça-feira pelos familiares e os seus amigos e vizinhos de décadas que se despediram em prantos pela súbita partida dessa mulher negra forte e aguerrida, defensora de suas raízes e de sua família.
Nas décadas do Século XX, milhões de mulheres negras e guerreiras nasceram e cresceram anônimas, lutavam no silencio do lar, restritas aos comandos de uma sociedade escravagista e machista, não tinham conhecimentos de direitos somente de deveres e obrigações. As mulheres brancas eram treinadas para serem donas de casa, mães e esposas, servirem aos maridos e aos filhos e as negras era de servir a quem quer que fosse. Era triplica para elas serem serviçais.
Nessa situação nasceu Josefa Rosa Mendonça da Silva, mulher negra, de personalidade muito forte e espírito combativo, nunca aceitou a submissão imposta pelos padrões comportamentais da época. mas que não se submeteu e nem aceito continuar ‘escrava’. Passou a trabalhar fora de casa, e a criar os filhos rigidamente com uma educação voltada para o bem e para a honestidade e para isso tinha o apoio do marido Mamede da Silva com quem viveu a sua vida inteira, mesmo viúva, continuava casada com a sua alma gêmea. Deste eterno matrimonio nasceram 11 filhos, 19 netos e bisnetos.
Dona Josefa Silva, tinha uma única finalidade em sua vida, manter os seus filhos em seu colo e não deixou um minuto em mantê-los, pertos. Tudo era motivo de reunião familiar, dos filhos aos netos, estavam diuturnamente na sua residência. Os almoços eram feitos para todos, e olha que todos tinham suas residências próprias, mas era obrigatório almoçar na casa da mamãe e a mesa sempre foi farta.
Sabemos que um dia é inevitável, que mais tarde ou mais
cedo teremos que dizer o definitivo e terrível adeus a alguém que amamos. Mas jamais pensei que teria de viver essa despedida com você, amiga Josefa, que tive o prazer e a honra de conhece quando criança, no quintal da casa de meus avós Benedito e Josefina, no Bairro Central, através da cerca trocávamos goiaba por mamão e manga. Você trabalhava na Lavanderia Neves, do finado Guilherme Cruz.
Que tristeza, que impotência, que desespero! Pergunto porquê, mas ninguém sabe responder. Tento aceitar o impossível, mas meu coração se recusa a conceber a ideia de que não voltarei a ver seu sorriso, escutar sua voz, abraçar você e principalmente de cortar seus alvos cabelos brancos, que eu fiz por anos.
Você partiu, cedo demais e tão de repente. Seria semprecedo demais, mas agora sinto que ficou tanto por dizer, tanto por fazer, tanto por viver! Vou sentir a sua falta até que a vida se esgote também do meu corpo, e até lá honrarei sua memória e toda a história que construímos. Descanse em paz, minha querida amiga. Até sempre!
Sábias palavras, minha vó merecia tamanho homenagem, meu coração está dilacerado, é algo que ninguém esperava, eternamente minha Zefa, te amo vó, obrigada Ronaldo por cada palavra, família Silva agradece
ResponderExcluir