sábado, 20 de março de 2021

EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: DESAFIO OU POSSIBILIDADE? PARTE II

 EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: DESAFIO OU POSSIBILIDADE?  PARTE II

 


Maria Graciete Moreira

 

2.1 AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (NTICS) COMO FERRAMENTA DE ENSINO

 

 Após declarada a emergência em saúde pública no Brasil, ocasionada pela pandemia da Covid-19, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) instituiu o Comitê Operativo de Emergência – COE. A partir de então, foram publicadas a Portaria nº 343/2020 e a Medida Provisória nº 934/2020 que normatizam a substituição das aulas presenciais nas instituições de ensino do país por aulas em meios digitais, com exceção para estágios, práticas de laboratório e, para os cursos de Medicina. E, ainda, a flexibilização dos dias letivos, desde que mantida a carga horaria mínima dos cursos (BRASIL, 2020).

É importante ressaltar que, no Brasil, o Ensino Superior tem passado por inúmeras transformações nas maneiras de ensino e aprendizagem, sendo primordiais para manutenção da qualidade de ensino e renovação das formas de promover educação. Diante deste cenário, as Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs) estão inseridas no ensino remoto e a Educação a Distância (EAD) e, conforme Vieira e Teo (2018), são instrumentos favoráveis abrindo espaço para a reflexão sobre o papel que as mídias têm desempenhado na contemporaneidade, e na formação dos sujeitos, ou seja, dos futuros profissionais.



5 O ensino remoto é proporcionado por videoconferência com recursos visuais e de áudio em tempo real, com as mesmas disciplinas, professores e horários, continuando assim a interação síncrona entre aluno e professor, com os planos de ensino e materiais didáticos personalizados por cada docente. Em contrapartida, o ensino EAD possui um método específico e padronizado, no qual acontecem vídeo aulas gravadas, possibilitando aos discentes uma maior flexibilização de horário para estudo (ALONSO; SILVA, 2018).

Independentemente de serem ofertados através do modelo síncrono ou assíncrono, nessas possibilidades virtuais de educação as aulas e os conteúdos ficam disponíveis nas plataformas digitais, podendo o acadêmico revisar a explicação do professor(a) e esclarecer possíveis dúvidas. Segundo Barbosa, Viegas e Batista (2020), tal recurso, viabiliza esse processo educacional remoto e potencializa o método de ensino aprendizado ampliando o contato do acadêmico com o mediador para debater e discutir sobre temáticas pré-estabelecidas. Para Cordeiro (2020), a utilização das tecnologias constitui em metodologias ativas favorecendo o processo de ensino e aprendizagem de maneira mais eficaz e autônoma, com foco no desenvolvimento humano em todas as suas vertentes e voltadas principalmente para a realidade na qual vivenciamos.

Nesta perspectiva, Filatro e Cavalcanti (2019) ressaltam que, tanto acadêmicos quanto professores deixam o papel passivo e de meros transmissores e receptores de informação, características estas de uma educação conservadora, para assumir um papel ativo e de protagonistas da própria aprendizagem. Pimentel (2017, p. 31) considera que “sendo o aluno o centro de todo o processo educativo, ao estudar e aprender a distância, terá que percorrer a maior parte do processo de forma autônoma e independente”, logo, cabe ao planejamento pedagógico e às metodologias de ensino empregadas a função de estimular e desenvolver a autonomia do acadêmico. Este aspecto de ação e interação é o ponto fundamental do método ativo, que coloca o aluno em um papel central no processo de ensino e aprendizagem, ou seja, o discente sai de uma relação vertical, para uma horizontal, na qual o conhecimento não se restringe apenas ao professor. Essa estrutura gera um dinamismo nas relações de ensino, trazendo à tona a relevância da discussão e problematização da realidade, com destaque ao papel centralizado do discente (MACEDO et al., 2018).

Tais assertivas evidenciam o quanto que o ensino e o mercado digital estão em ascensão. No entanto, Sousa e Coimbra (2020) alertam que, estas ferramentas 6 promovem o esvaziamento do papel do professor e do ato de ensinar e, consequentemente, a substituição da mão de obra do professor pelas tecnologias, concorrendo para a redução dos custos da atividade educacional e aquecendo o mercado de insumos tecnológicos. Nota-se a tendência de que, gradativamente, as funções intelectuais atribuídas ao professor no processo educacional são simplificadas e transferidas para as plataformas de ensino, gerando uma precarização e, consequentemente, a desvalorização mais acentuada da ação docente.

Portanto, apesar de as instituições de ensino terem se mobilizado e, muitas vezes, não terem medido esforços para promover o sucesso das ações pedagógicas no ambiente virtual observa-se que, conforme os achados de Nhantumbo (2020), essa mudança abrupta trouxe também obstáculos a serem enfrentados. Dentre eles, notase, desde aspectos voltados à qualificação docente para o uso das ferramentas tecnológicas, até à disponibilidade de infraestrutura e equipamentos que atendam às necessidades dos próprios acadêmicos.

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