EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: DESAFIO OU POSSIBILIDADE? PARTE II
Maria Graciete Moreira
2.1 AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
(NTICS) COMO FERRAMENTA DE ENSINO
Após declarada a
emergência em saúde pública no Brasil, ocasionada pela pandemia da Covid-19, o
Ministério da Educação e Cultura (MEC) instituiu o Comitê Operativo de
Emergência – COE. A partir de então, foram publicadas a Portaria nº 343/2020 e
a Medida Provisória nº 934/2020 que normatizam a substituição das aulas
presenciais nas instituições de ensino do país por aulas em meios digitais, com
exceção para estágios, práticas de laboratório e, para os cursos de Medicina.
E, ainda, a flexibilização dos dias letivos, desde que mantida a carga horaria
mínima dos cursos (BRASIL, 2020).
É importante ressaltar que, no Brasil, o Ensino Superior tem
passado por inúmeras transformações nas maneiras de ensino e aprendizagem,
sendo primordiais para manutenção da qualidade de ensino e renovação das formas
de promover educação. Diante deste cenário, as Novas Tecnologias da Informação
e da Comunicação (NTICs) estão inseridas no ensino remoto e a Educação a
Distância (EAD) e, conforme Vieira e Teo (2018), são instrumentos favoráveis abrindo
espaço para a reflexão sobre o papel que as mídias têm desempenhado na
contemporaneidade, e na formação dos sujeitos, ou seja, dos futuros
profissionais.
5 O ensino remoto é proporcionado por videoconferência com
recursos visuais e de áudio em tempo real, com as mesmas disciplinas,
professores e horários, continuando assim a interação síncrona entre aluno e
professor, com os planos de ensino e materiais didáticos personalizados por
cada docente. Em contrapartida, o ensino EAD possui um método específico e
padronizado, no qual acontecem vídeo aulas gravadas, possibilitando aos
discentes uma maior flexibilização de horário para estudo (ALONSO; SILVA,
2018).
Independentemente de serem ofertados através do modelo
síncrono ou assíncrono, nessas possibilidades virtuais de educação as aulas e
os conteúdos ficam disponíveis nas plataformas digitais, podendo o acadêmico
revisar a explicação do professor(a) e esclarecer possíveis dúvidas. Segundo
Barbosa, Viegas e Batista (2020), tal recurso, viabiliza esse processo
educacional remoto e potencializa o método de ensino aprendizado ampliando o
contato do acadêmico com o mediador para debater e discutir sobre temáticas
pré-estabelecidas. Para Cordeiro (2020), a utilização das tecnologias constitui
em metodologias ativas favorecendo o processo de ensino e aprendizagem de
maneira mais eficaz e autônoma, com foco no desenvolvimento humano em todas as
suas vertentes e voltadas principalmente para a realidade na qual vivenciamos.
Nesta perspectiva, Filatro e Cavalcanti (2019) ressaltam que,
tanto acadêmicos quanto professores deixam o papel passivo e de meros
transmissores e receptores de informação, características estas de uma educação
conservadora, para assumir um papel ativo e de protagonistas da própria
aprendizagem. Pimentel (2017, p. 31) considera que “sendo o aluno o centro de
todo o processo educativo, ao estudar e aprender a distância, terá que
percorrer a maior parte do processo de forma autônoma e independente”, logo,
cabe ao planejamento pedagógico e às metodologias de ensino empregadas a função
de estimular e desenvolver a autonomia do acadêmico. Este aspecto de ação e
interação é o ponto fundamental do método ativo, que coloca o aluno em um papel
central no processo de ensino e aprendizagem, ou seja, o discente sai de uma
relação vertical, para uma horizontal, na qual o conhecimento não se restringe
apenas ao professor. Essa estrutura gera um dinamismo nas relações de ensino,
trazendo à tona a relevância da discussão e problematização da realidade, com
destaque ao papel centralizado do discente (MACEDO et al., 2018).
Tais assertivas evidenciam o quanto que o ensino e o mercado
digital estão em ascensão. No entanto, Sousa e Coimbra (2020) alertam que,
estas ferramentas 6 promovem o esvaziamento do papel do professor e do ato de
ensinar e, consequentemente, a substituição da mão de obra do professor pelas
tecnologias, concorrendo para a redução dos custos da atividade educacional e
aquecendo o mercado de insumos tecnológicos. Nota-se a tendência de que,
gradativamente, as funções intelectuais atribuídas ao professor no processo
educacional são simplificadas e transferidas para as plataformas de ensino,
gerando uma precarização e, consequentemente, a desvalorização mais acentuada
da ação docente.
Portanto, apesar de as instituições de ensino terem se
mobilizado e, muitas vezes, não terem medido esforços para promover o sucesso
das ações pedagógicas no ambiente virtual observa-se que, conforme os achados
de Nhantumbo (2020), essa mudança abrupta trouxe também obstáculos a serem
enfrentados. Dentre eles, notase, desde aspectos voltados à qualificação
docente para o uso das ferramentas tecnológicas, até à disponibilidade de
infraestrutura e equipamentos que atendam às necessidades dos próprios
acadêmicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário