RELAXAMENTO, MEDITAÇÃO E VISUALIZAÇÃO NA SAÚDE.
Por Jarbas de Ataíde
Em
artigo anterior falamos de estratégias mentais e comportamentais para lidar com
a reação ao estresse. Agora vamos falar de um estudo pioneiro feito pelo
Cardiologista americano, Herbert Benson, da Universidade de Harvard, em
1969, que relaciona a reação ao estresse à vários distúrbios ou doenças crônico-degenerativas. Várias delas são
comorbidades que agravam a COVID-19.
Ainda no século XX ninguém
correlacionava doenças, como hipertensão, ao estresse. Por muito tempo
atribui-se à “síndrome do jaleco branco” o aumento repentino da PA, em função
da ansiedade provocada pela ida ao consultório ou o simples fato de ir ao
médico, mas não se atribuía esse efeito ao estresse. Foi observando isso que
Benson começou seus estudos.
Para chegar às suas conclusões, de
conexão entre estresse e pressão, que depois passou a se chamar de “medicina
mente-corpo”, baseou-se em Robert Keith Wallace, da Universidade da
California, sobre Medicina Transcendental, em que quedas da PA e da respiração
ocorriam durante a meditação. Inspirou-se também em B.F. Skinner e Neal
Miller sobre biofeedback, sobre a capacidade de ensinar o corpo a
controlar funções orgânicas involuntárias.
Ele chamou o fenômeno de “reação
de relaxamento” e atribui à ela o oposto da reação ao estresse, controlada
pelo estímulo de uma parte diferente do hipotálamo, que é responsável para
reduzir e até anular a reação de alarme que frequentemente passamos. Isso abriu o leque para outros começassem a
observar o fenômeno, em particular os praticantes de meditação avançada, que
reduziam até em 20% as taxas de metabolismo.
Benson buscou ajuda com os
monges tibetanos, que, inicialmente, não queriam ajudar. Com apoio de Dalai
Lama, continuou suas pesquisas nas gélidas temperaturas do Himalaia, onde
os monges, vestidos com túnicas e tecidos úmidos, em vez de sentirem frio ou
hipotermia, conseguiam fazer subir a temperatura corporal, capaz de secar os
tecidos.
Ficou a constatação de que a meditação
e a visualização eram capazes de desencadear a reação de relaxamento e a
utilidade dos pensamentos e da mente em influenciar respostas corporais, que as
pessoas desejavam alcançar. Os estudos
prosseguiram e, ao longo de anos, catalogou centenas de pacientes e registrou
em artigos científicos.
A lista de distúrbios e doenças que
respondem à reação ao estresse e, portanto, podem se beneficiar com a reação de
relaxamento, foi cada vez mais crescente. Vamos citar algumas.
ANGINA e ARRITMIA CARDÍACA. Dor ocasionada no coração devido contração da
artéria coronária, reduzindo a oxigenação no coração, e alteração do ritmo
cardíaco.
REAÇÕES ALERGICAS DE PELE E PULMONAR.
O estresse altera o sistema imunológico e desencadeia reações
inflamatórias e alérgicas. A contração
dos bronquíolos e a secreção produzida pode gerar dispneia (asma).
ÚLCERAS PÉPTICAS. Devido a redução da proteção gástrica, a
hipersecreção ácida e aumento da permeabilidade da mucosa gástrica, que fica
sensível aos agentes agressivos. Ocorre disbiose, com excesso de gases, náuseas
e vômitos.
ARTRITE REUMATÓIDE. Pelo mesmo mecanismo
das reações alérgicas de pele e pulmonar, surgindo anticorpos contra o próprio
corpo, inflamando as articulações.
DORES CRÔNICAS. Dores nas costas,
Cefaleias tensionais, cólicas abdominais, fibromialgia, artrites não
especificadas, torcicolos, artralgias diversas. O estresse reduz a produção de
endorfinas e serotoninas, reduzindo o limiar de dor.
Em 1975, Benson publicou o livro The
Relaxation Response, onde descreve o mecanismo natural que o corpo é capaz
de atingir “um estado de quietude fisiológica, que pode ser induzido e permitir
reparar os danos causados pela reação lutar ou fugir” (reação ao estresse).
Além da meditação, ele indicou quatro componentes principais para chegar à
reação de relaxamento: 1) ambiente calmo; 2) uma técnica mental, uma frase, uma
palavra, um mantra; 3) atitude não reativa, passiva; 4) uma posição
confortável. Fonte: Lissa Rankin, 2016. JARBAS ATAÍDE, 28.06.21.

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