sábado, 3 de julho de 2021

SAÚDE EM FOCO - RELAXAMENTO, MEDITAÇÃO E VISUALIZAÇÃO NA SAÚDE.

RELAXAMENTO, MEDITAÇÃO E VISUALIZAÇÃO NA SAÚDE.




Por Jarbas de Ataíde 

Em artigo anterior falamos de estratégias mentais e comportamentais para lidar com a reação ao estresse. Agora vamos falar de um estudo pioneiro feito pelo Cardiologista americano, Herbert Benson, da Universidade de Harvard, em 1969, que relaciona a reação ao estresse à vários distúrbios ou doenças  crônico-degenerativas. Várias delas são comorbidades que agravam a COVID-19.   

             Ainda no século XX ninguém correlacionava doenças, como hipertensão, ao estresse. Por muito tempo atribui-se à “síndrome do jaleco branco” o aumento repentino da PA, em função da ansiedade provocada pela ida ao consultório ou o simples fato de ir ao médico, mas não se atribuía esse efeito ao estresse. Foi observando isso que Benson começou seus estudos.

            Para chegar às suas conclusões, de conexão entre estresse e pressão, que depois passou a se chamar de “medicina mente-corpo”, baseou-se em Robert Keith Wallace, da Universidade da California, sobre Medicina Transcendental, em que quedas da PA e da respiração ocorriam durante a meditação. Inspirou-se também em B.F. Skinner e Neal Miller sobre biofeedback, sobre a capacidade de ensinar o corpo a controlar funções orgânicas involuntárias.

           Ele chamou o fenômeno de “reação de relaxamento” e atribui à ela o oposto da reação ao estresse, controlada pelo estímulo de uma parte diferente do hipotálamo, que é responsável para reduzir e até anular a reação de alarme que frequentemente passamos.  Isso abriu o leque para outros começassem a observar o fenômeno, em particular os praticantes de meditação avançada, que reduziam até em 20% as taxas de metabolismo.

           Benson buscou ajuda com os monges tibetanos, que, inicialmente, não queriam ajudar. Com apoio de Dalai Lama, continuou suas pesquisas nas gélidas temperaturas do Himalaia, onde os monges, vestidos com túnicas e tecidos úmidos, em vez de sentirem frio ou hipotermia, conseguiam fazer subir a temperatura corporal, capaz de secar os tecidos.

        Ficou a constatação de que a meditação e a visualização eram capazes de desencadear a reação de relaxamento e a utilidade dos pensamentos e da mente em influenciar respostas corporais, que as pessoas desejavam alcançar.  Os estudos prosseguiram e, ao longo de anos, catalogou centenas de pacientes e registrou em artigos científicos.

       A lista de distúrbios e doenças que respondem à reação ao estresse e, portanto, podem se beneficiar com a reação de relaxamento, foi cada vez mais crescente. Vamos citar algumas.

      ANGINA e ARRITMIA CARDÍACA.  Dor ocasionada no coração devido contração da artéria coronária, reduzindo a oxigenação no coração, e alteração do ritmo cardíaco.

     REAÇÕES ALERGICAS DE PELE   E PULMONAR.  O estresse altera o sistema imunológico e desencadeia reações inflamatórias e alérgicas.  A contração dos bronquíolos e a secreção produzida pode gerar dispneia (asma).

     ÚLCERAS PÉPTICAS.  Devido a redução da proteção gástrica, a hipersecreção ácida e aumento da permeabilidade da mucosa gástrica, que fica sensível aos agentes agressivos. Ocorre disbiose, com excesso de gases, náuseas e vômitos.

      ARTRITE REUMATÓIDE. Pelo mesmo mecanismo das reações alérgicas de pele e pulmonar, surgindo anticorpos contra o próprio corpo, inflamando as articulações.

      DORES CRÔNICAS. Dores nas costas, Cefaleias tensionais, cólicas abdominais, fibromialgia, artrites não especificadas, torcicolos, artralgias diversas. O estresse reduz a produção de endorfinas e serotoninas, reduzindo o limiar de dor.

     Em 1975, Benson publicou o livro The Relaxation Response, onde descreve o mecanismo natural que o corpo é capaz de atingir “um estado de quietude fisiológica, que pode ser induzido e permitir reparar os danos causados pela reação lutar ou fugir” (reação ao estresse). Além da meditação, ele indicou quatro componentes principais para chegar à reação de relaxamento: 1) ambiente calmo; 2) uma técnica mental, uma frase, uma palavra, um mantra; 3) atitude não reativa, passiva; 4) uma posição confortável. Fonte: Lissa Rankin, 2016. JARBAS ATAÍDE, 28.06.21.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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