O ESTILO DE VIDA CONTRA O ESTRESSE
NEGATIVO
Por Dr. Jarbas de Ataíde
Vivemos num ritmo acelerado. A vida
moderna nos impõe uma série de fatores que vão interferir na saúde física e
mental, que, às vezes, nos passam despercebidos. Nos acostumamos com esses
fatores que causam mal-estar, desilusão e até sintomas físicos. Eles persistem
porque são alimentados pela reação ao estresse.
Vários são esses fatores, a maioria
comportamentais, pois as pessoas não estão dispostas a avaliar e mudar suas
emoções e temperamentos. Recomendações médicas e psicológicas são infrutíferas.
Os compromissos são passageiros e temporários, porém retornam ao estilo de vida
autodestrutivo, com uma algema que os mantém presos ao estresse.
Os tratamentos diversos, as dietas
mirabolantes, as sessões de terapia, as curas alternativas, se tornam intermináveis,
porém sem sair do lugar, permanecendo a procurar situações, comportamentos e
relacionamentos estressantes.
Vamos listar alguns desses fatores. O
excesso de cerebração, onde a mentalização excessiva, que busca
resultados sempre positivos, tornou-se comum nas populações urbanas. O sucesso
ficou acima dos limites do corpo e da capacidade mental. O nosso corpo reage,
mas a falta de sintonia com o corpo nos faz sofrer o peso das reações, sem
atentar para as reais causas.
O
ritmo rápido do cotidiano tornou a reação ao estresse tão comum, que sobra
pouco tempo para a reação de relaxamento. A isso os estudiosos chamam de “Síndrome
do Pensamento Acelerado” ou Comportamento A, onde prevalece “o excesso de
ação, de esforço e escassez de descontração e repouso. Ocorre desgaste físico,
ansiedade e a dedicação compulsiva, muito comum em nossa época.
O automatismo, a compulsividade
de atividades, tornou-se um fator importante de alienação humana. Os ritmos
impostos “pelas máquinas, pelos sistemas cibernéticos, têm seu principal efeito
no estresse psíquico e orgânico”.
A escassez de relaxamento, de
descontração, faz sobrecarregar o sistema nervoso autônomo (simpático) que
responde como descarga motora e alterações fisiológicas desnecessárias. Dai
surgem uma serie de distúrbios como alterações alimentares, falta de libido,
insônia, ansiedade, pânicos, surtos depressivos, comportamentos fóbicos e
explosivos (irritabilidade constante).
Às vezes ficamos doentes porque
buscamos dar muita satisfação a essa sociedade consumista, excessivamente
estereotipada com modismos, nos cobrando aquilo que não podemos e não
suportamos fazer. Tudo isso gera estresse, doença e insatisfação.
O
excesso de informatização e
automação das sociedades modernas limitou a criatividade, os trabalhos
manuais e a atividade física, reduzindo as práticas cotidianas. “As ações
físicas ficam reprimidas pelos condicionamentos repressivos e jurídicos da vida
social”
Para se contrapor a isso, devemos ter um
“estilo de vida construído a partir da maneira diária de nos alimentarmos,
investirmos no autoconhecimento, nos relacionamentos com os outros, praticarmos
atividades físicas, evitarmos hábitos nocivos”. Ou seja, um estilo de vida mais
saudável.
Devemos buscar a lucidez e a compreensão
sadia e real do mundo, do cotidiano, do mercado de trabalho, de investimentos e
possibilidade de novos empreendimentos, das regras sociais, dos comportamentos
mais valorizados, para termos equilíbrio entre indivíduo/sociedade, tornando os
níveis de estresse menores e aceitáveis.
Tudo isso reflete no nosso estilo de
vida, em particular na questão da saúde. “Certos hábitos e comportamentos têm
uma relação mais imediata com a saúde”. Ao longo do tempo, esses excessos se
manifestarão na forma de doenças físicas, emocionais e comportamentais,
reduzindo a qualidade de vida.
Essa concepção da promoção da saúde,
que deveria começar nas atividades escolares da 1ª infância e nos programas de
saúde, foram substituídos por políticas de globalização, pela moda, pelo
massivo, pelo consumismo, e não pelo individual, o subjetivo, o familiar e o
hábito positivo.
A cada dia a saúde deve ser o
objetivo. “Se quisermos concretizar
duradouramente esse objetivo, precisamos trabalhar nesse sentido,
esforçarmo-nos para que isso aconteça”. Fonte: Rodrigo P.do Rio. O Fascínio do Stress, 1998). JARBAS
ATAÍDE, 20.09.2021.
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