sexta-feira, 24 de setembro de 2021

SAÚDE EM FOCO O ESTILO DE VIDA CONTRA O ESTRESSE NEGATIVO

 

O ESTILO DE VIDA CONTRA O ESTRESSE NEGATIVO

 


Por Dr. Jarbas de Ataíde

        Vivemos num ritmo acelerado. A vida moderna nos impõe uma série de fatores que vão interferir na saúde física e mental, que, às vezes, nos passam despercebidos. Nos acostumamos com esses fatores que causam mal-estar, desilusão e até sintomas físicos. Eles persistem porque são alimentados pela reação ao estresse.

       Vários são esses fatores, a maioria comportamentais, pois as pessoas não estão dispostas a avaliar e mudar suas emoções e temperamentos. Recomendações médicas e psicológicas são infrutíferas. Os compromissos são passageiros e temporários, porém retornam ao estilo de vida autodestrutivo, com uma algema que os mantém presos ao estresse.

     Os tratamentos diversos, as dietas mirabolantes, as sessões de terapia, as curas alternativas, se tornam intermináveis, porém sem sair do lugar, permanecendo a procurar situações, comportamentos e relacionamentos estressantes.

       Vamos listar alguns desses fatores. O excesso de cerebração, onde a mentalização excessiva, que busca resultados sempre positivos, tornou-se comum nas populações urbanas. O sucesso ficou acima dos limites do corpo e da capacidade mental. O nosso corpo reage, mas a falta de sintonia com o corpo nos faz sofrer o peso das reações, sem atentar para as reais causas.

       O ritmo rápido do cotidiano tornou a reação ao estresse tão comum, que sobra pouco tempo para a reação de relaxamento. A isso os estudiosos chamam de “Síndrome do Pensamento Acelerado” ou Comportamento A, onde prevalece “o excesso de ação, de esforço e escassez de descontração e repouso. Ocorre desgaste físico, ansiedade e a dedicação compulsiva, muito comum em nossa época.

        O automatismo, a compulsividade de atividades, tornou-se um fator importante de alienação humana. Os ritmos impostos “pelas máquinas, pelos sistemas cibernéticos, têm seu principal efeito no estresse psíquico e orgânico”.

         A escassez de relaxamento, de descontração, faz sobrecarregar o sistema nervoso autônomo (simpático) que responde como descarga motora e alterações fisiológicas desnecessárias. Dai surgem uma serie de distúrbios como alterações alimentares, falta de libido, insônia, ansiedade, pânicos, surtos depressivos, comportamentos fóbicos e explosivos (irritabilidade constante).

          Às vezes ficamos doentes porque buscamos dar muita satisfação a essa sociedade consumista, excessivamente estereotipada com modismos, nos cobrando aquilo que não podemos e não suportamos fazer. Tudo isso gera estresse, doença e insatisfação.

        O   excesso de informatização e automação das sociedades modernas limitou a criatividade, os trabalhos manuais e a atividade física, reduzindo as práticas cotidianas. “As ações físicas ficam reprimidas pelos condicionamentos repressivos e jurídicos da vida social”

       Para se contrapor a isso, devemos ter um “estilo de vida construído a partir da maneira diária de nos alimentarmos, investirmos no autoconhecimento, nos relacionamentos com os outros, praticarmos atividades físicas, evitarmos hábitos nocivos”. Ou seja, um estilo de vida mais saudável.

       Devemos buscar a lucidez e a compreensão sadia e real do mundo, do cotidiano, do mercado de trabalho, de investimentos e possibilidade de novos empreendimentos, das regras sociais, dos comportamentos mais valorizados, para termos equilíbrio entre indivíduo/sociedade, tornando os níveis de estresse menores e aceitáveis.  

         Tudo isso reflete no nosso estilo de vida, em particular na questão da saúde. “Certos hábitos e comportamentos têm uma relação mais imediata com a saúde”. Ao longo do tempo, esses excessos se manifestarão na forma de doenças físicas, emocionais e comportamentais, reduzindo a qualidade de vida.

         Essa concepção da promoção da saúde, que deveria começar nas atividades escolares da 1ª infância e nos programas de saúde, foram substituídos por políticas de globalização, pela moda, pelo massivo, pelo consumismo, e não pelo individual, o subjetivo, o familiar e o hábito positivo.

        A cada dia a saúde deve ser o objetivo.  “Se quisermos concretizar duradouramente esse objetivo, precisamos trabalhar nesse sentido, esforçarmo-nos para que isso aconteça”.   Fonte: Rodrigo P.do Rio.  O Fascínio do Stress, 1998). JARBAS ATAÍDE, 20.09.2021.

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