A
SAÚDE DOS TRABALHADORES DA SAÚDE
Por Jarbas de Ataíde
Vivenciar para poder escrever. Olhar e
refletir o cotidiano. O dia-a-dia, a labuta diária no hospital é meu diário de
observação e meu livro de argumentação.
Vejo, escuto e presencio, diariamente,
as pessoas sentindo dores crônicas, físicas e emocionais. Escuto os lamentos e
as inquietações da alma e das emoções. Reclamações de dores crônicas; queixas
de cansaço e insônia. Angustia, melancolia e tristeza; prejuízo nas relações.
Essas são queixas comuns em meu local de
trabalho – o hospital--, não dos pacientes, mas de quem deveria estar
satisfatoriamente saudável para poder prestar cuidados aos pacientes: os
profissionais de saúde.
A crise sanitária que se cronificou nas
últimas décadas, agravada com a pandemia da Covid-19, fez crescer o número de
profissionais de saúde com agravamento de suas comorbidades e acometidos de Síndrome
de Burnout (SB) e lesões ocupacionais.
“Excesso de horas de trabalho, a
situação de encarar um inimigo desconhecido, os riscos e perdas e equipes
inteiras sob pressão, são os fatores de agravamento na atualidade, embora a SB
já fosse presente na área de saúde antes dos eventos do último ano”.
Essa é a situação por que passam os
trabalhadores da saúde da área hospitalar pública do Amapá, que estão doentes
no corpo e nas emoções, com SB, Lesões de Esforço Repetitivo (LER) e Doenças
Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT).
LER/DORT é comum nos ambientes de
trabalho. Segundo o Ministério do Trabalho, em 2017, mais de 22 mil
pessoas precisaram ficar 15 dias afastados das atividades por essas causas.
No Amapá, 20 casos foram registrados pelo INSS, segundo o G1 AP (06.07.2018)
Estar atento aos sinais da síndrome:
artralgia, falta de atenção, amnésia, lentificação do pensamento, sentimentos
de alienação, solidão e impaciência, insônia, fadiga, tensão muscular, dores de
cabeça, distúrbios digestivos.
Estudo realizado pela PEMED- healthtech,
“revela que 78% dos profissionais da saúde tiveram sinais e sintomas de SB
no período da pandemia. ...79% entre médicos, 74% entre enfermeiros e 64% entre
técnicos de enfermagem. A pesquisa ouviu 3.613 participantes: ... 2.932
médicos, 457 enfermeiros e 224 técnicos de enfermagem, de todas as regiões do
Brasil” (Afya Educacional, 09.09.2020).
“Ao menos um em cada seis profissionais de
saúde apresenta sinais de SB, de acordo com estudo realizado pelo Instituto
D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).A pesquisa foi feita com 715 profissionais da
saúde de 36 hospitais públicoseprivados(https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redação/2021/03/17)
Nesse estudo foi verificado os seguintes
elementos, que associados, expõem a condição porque passa a frágil saúde dos
funcionários públicos da saúde, que no Amapá possui um setor específico para
monitorar esses agravos -- o Centro de Saúde do Trabalhador-CEREST.
EXAUTÃO EMOCIONAL. Que vai além do
cansaço, com esgotamento dos recursos físicos e emocionais de uma forma
constante. Nessa situação o medico não
possui condições de atender seus pacientes, como o fazia antes.
DESPERSONALIZAÇÃO. Expressa por um
“cinismo, uma indiferença frente ao trabalho e a tudo o que o cerca. Perda
gradual do interesse; indiferença, com insensibilidade afetiva e afastamento
dos pacientes e colegas”. (SPACIO PSI, 12.07.2021).
REDUÇÃO DA REALIZAÇÃO PESSOAL. Ocorre
rebaixamento da autoestima, com reavaliação negativa do desempenho; diminuição
do sentimento de segurança e competência; prejuízo na capacidade de interagir
com outros.
Como prevenir a SB e outros agravos:
ajustes e melhoria nas condições de trabalho, revisão e incentivo salarial,
regularização de turnos, condições ergonômicas, promoção e suporte à saúde
mental. Deveria haver incentivo: pratica de atividade física, regularização do
sono, da alimentação, do lazer e apoio psicológico. JARBAS ATAÍDE, 02.11.2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário