AGENDAMENTO E TELECONSULTA NA
SEMSA: AVANÇO OU PREJUÍZO?
Por Jarbas de Ataíde
Apesar da carência de formação de
Médicos Pediatras ser uma constatação que atinge não apenas o Brasil, mas o
mundo, não se admite que uma criança, hoje chamada pela Justiça e o ECA de
“vulnerável” ou “incapaz”, não tenha o direito essencial a uma consulta de
rotina.
Nas escolas medicas da Europa e USA, a
formação é dirigida para ultra especialidade, onde a clínica pediátrica
clássica perde espaço para os profissionais extremamente qualificados, afastando-os
do atendimento primário e básico de saúde. A formação é dirigida aos hospitais
e clínicas, manuseando aparelhos sofisticados, tendendo à chamada “tele-
medicina”, onde não precisa tocar ou examinar o doente. A prevenção não é
prioridade.
A capital Macapá não foge dessa realidade,
onde essa deficiência é extremamente gritante. Temos apenas uma unidade de
referência de urgência/emergência pediátrica no Estado, que é o PAI/HCA, e a
Prefeitura (SEMSA) disponibiliza poucos Pediatras para prestar
assistência.
O site da SEMSA/PMM diz que dispõe
atualmente de 23 UBS funcionando e outras em construção, mas apenas a UBS do
Infraero 2 e Raimundo Hozanan (Muca) disponibilizam consulta pediátrica. Uma
disparidade muito grande. Oferece espaço físico, mas não oferecer um serviço
essencial básico.
Com o tele agendamento, a consulta
pediátrica, já não oferecida, ficou mais difícil ainda, gerando na população
infantil uma demanda reprimida, sem assistência especializada. Para agendar uma
consulta, você precisa ligar e aguardar o retorno para informar o dia da
consulta. A justificativa dessa deficiência ou carência é atribuída aos
usuários.
“Desde que iniciamos o atendimento por telefone, estamos com algumas
dificuldades em relação ao tempo de resposta para cada paciente, pois muitos ...
não estão de posse dos documentos, fazendo com que o atendimento seja demorado.
É importante informar à população que, ao ligar, além dos documentos, tenham em
mãos uma caneta para anotar o dia e horário da consulta”. (Coord. Média Complexidade, Mônica Castro,
26.08.2020).
Não recebendo esse “feedback”, os
pais são obrigados a procuram as UPAs e ao PAI, aumentando a demanda, nesses
serviços, com casos não considerados urgência/emergência. Como nesses locais, também, há carência de
Pediatra, as crianças agravam, chegando, em alguns casos, a necessitar de
internação em UTI, cujos leitos são deficientes.
Vejam como o SUS foi estruturado! Com
responsabilidades e competências das várias instancias. Quando a Atenção Básico
falha ou não atende à demanda, ela sobrecarrega os outros serviços de Média e
Alta Complexidade.
É contraditório a PMM anunciar uma
propaganda, pedindo para procurar a UBS mais próxima para receber atendimento,
mas, chegando lá não dispõe de Médico para atender. A reclamação é que “não tem Pediatra, a
consulta demora e o número de consultas é bastante reduzido”.
Várias UBS disponibilizam telefones, cujos “agendamentos
realizados ... possibilitam aprimorar a organização dos atendimentos, ...ressalta
Karlene Lamberg, Secretária da SEMSA. (Cristiane Mareco, 02.03.21).
“Agendamento de consultas nas Unidades
Básicas de Saúde de Macapá, de segunda a sexta-feira, das 08h às 17h.
Portanto, a SEMSA e os órgãos de defesa
da criança e controle externo, deveriam avaliar e repensar essa forma de marcação
por pré-agendamento e tele consulta, que não está atendendo a grande demanda
reprimida de crianças na cidade de Macapá e zona rural, incluindo os distritos,
como Bailique. Fonte: site SECOM/ PMM). JARBAS ATAÍDE. 13.12.2021.
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