O DOM DE CIÊNCIA E DO CARISMA NA PROFISSÃO MÉDICA
Por Jarbas de Ataíde
Carisma, um termo intrigante que
desperta interesse e revela um atributo das almas elevadas de espiritualidade e
intervenção divina. Sempre tive
predileção sobre essa palavra, que esconde a mais sublimes das aspirações da
alma humana: escutar e cumprir a vontade de DEUS.
Esse assunto remonta desde minha
formação acadêmica e continuou ao longo de mais de 36 anos. No Teatro da Paz,
em 07.12.1985, em minha graduação em Medicina, declamei “Cristãos vestidos
de branco”. Mas foi com “Medicina: Profissão, Vocação e Carisma”, de
1980, ainda na fase acadêmica, que externei minha visão sobre o assunto.
Falar de carisma é falar de dom. A ideia de carisma iniciou com São Paulo, o
apóstolo dos gentios, quando tratou dos “dons do Espírito” em sua carta
aos gregos de Corinto (1 Cor 12,4-11). Na visão de S. Paulo não existe carisma
de liderança. Esses dons deveriam ser destinados a servir a unidade da
comunidade, sem necessidade de um líder imposto.
Desde o mais inferior ou humilde ser
humano, culto ou ignorante, livre ou escravo, moço ou velho, enfim, sem
qualquer distinção, Deus age, instigando, motivando, inspirando e impulsionando
os mais diversos dons.
Na visão cristã o carisma é considerado
um dom ofertado por Deus. Não é um simples atributo ou habilidade humana
manual, intelectual, verbal. A isso chamamos de vocação, que pode ser
despertada, aprendida e aprimorada com conhecimentos especifico. O dom
independe de nossa vontade.
Muitos médicos são excelentes técnicos em sua
atuação: são corretos no diagnóstico e prescrição, dominando as questões
técnico-profissionais. Mas quando se exige postura e atitude subjetiva, reagem
de maneira insensível, sem dar uma dimensão adequada, pois lhes falta a inspiração
carismática.
Assim, são os dons ou graças doadas por
Deus, que independe de nossos esforços, mas sim da intervenção direta do
Espirito Santo, por isso são chamados de ‘’Dons do Espirito Santo”,
descritos na 1ª Carta de S. Paulo aos coríntios: 1. Fortaleza; 2.Sabedoria ;
3.Ciência;4. Conselho; 5.Entendimento; 6. Piedade; 7. Temor de Deus. ( 1 Cor
12,4-11 )
Vamos
focar no 3º dom—Ciência--, pois ele está intrinsicamente relacionado ao
labor do Médico. Como falei antes, o
toque divino na profissão Medica é superior à vocação e ao conhecimento
técnico-cientifico. O dom da ciência desperta o profissional e o vocacionado a
aperfeiçoar o seu conhecimento, dando um valor e impulso maior às suas
habilidades, cientificas e culturais aprendidas, seguindo um desígnio divino.
Pode ser externado na maneira de abordar o
paciente, na relação médico-paciente, na paciência e prudência diante do
sofrimento e dor humana, na humildade da postura e na generosidade dos atos, no
consolo diante do inexplicável. O dom surge na alma e se alimenta das virtudes.
Se expressa nas ações menos complexas do que na inteligência.
O dom da ciência conduz e faz com que o
Médico, por intuição, assuma e realize coisas e até tome medidas que outros
nunca fazem, não entendem e nem compreendem o seu significado. É um talento que
não devemos nos orgulhar, porque de Deus é que recebemos.
Quando o Médico age com o dom de ciência
ele julga seu ato como iluminado pelo Espirito Santo e não apenas por seu
conhecimento e mérito pessoal. Quando não compreendemos a causa de um fato,
sentimento, sofrimento, dor ou doença, através desse dom o Senhor nos revela a
causa, sua raiz, com o objetivo de curar.
Isso pode se estender às demais
profissões. Mas na Medicina, esse dom de revelação, utiliza o profissional
apenas como instrumento de Sua cura, de transformação ou de conversão, através
do poder e da misericórdia de Deus, que cura o corpo, a alma e o coração. JARBAS
ATAÍDE, 04.06.2022. Dia de Pentecostes.
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