URGÊNCIA/EMERGÊNCIA NO SUS: CRISE QUE NÃO ACABA.
Por Jarbas de Ataíde
Por
décadas sempre se atribuiu ao governo federal o ônus das crises no sistema
público de saúde, em particular no SUS. Por 13 anos o sistema sofreu um
verdadeiro desmonte, com contingenciamento, subfinanciamento e descumprimento
do orçamento, cujo Conselho Federal de Medicina-CFM denunciou déficit de
bilhões que poderiam ser aplicados na melhoria e aprimoramento do sistema.
Entre
esses gargalos, a assistência de alta complexidade de urgência e emergência é
uma das mais críticas e deficientes no Brasil, em função de vários fatores que
foram somando ao longo desses anos.
Podemos
atribuir entre as causas a desestruturação e ideologização das estratégias na
Atenção Primária, entre as quais o Programa Saúde da Família-PSF e o “Mais
Médicos”, cujo montante de investimentos não foram aplicados no aprimoramento,
estruturação e qualificação da Atenção Básica, ofendendo a jurisprudência, as
regras educacionais, trabalhistas e as resoluções dos órgãos de classe (CFM e
CRMs).
Com a
desorganização desses programas, o reflexo recaiu sobre a Assistência
Secundária e a Alta Complexidade, em particular nas Urgências e Emergências,
que ficaram sobrecarregadas, sem equipamentos e sem recursos humanos
qualificados, o que persiste até hoje. O que vimos na pandemia da COVID-19 é
uma mostra de como está a maioria dos Estados e Munícipios do Brasil.
O Conselho
Federal de Medicina-CFM editou várias resoluções para os serviços de urgência e emergência, com
atribuições e competências dos profissionais médicos envolvidos no serviço e na
gestão das unidades de saúde. Dificilmente essas responsabilidades são
assumidas, em particular pelos gestores e responsáveis técnicos, recaindo a
culpa nos profissionais.
Outra
questão bastante grave e crônica é a carência de leitos no SUS . Uma crise
constante, em particular na urgência e emergência. A improvisação de leitos e a
falta de equipamentos e insumos é uma realidade que denota a falta de
infraestrutura nos estados e municípios, mesmo com os esforços do governo
federal na alocação de recursos.
Sem os investimentos necessários pelos
Estados, fica parecendo e recaindo a culpa ao Governo Federal atual.
A qualificação
dos profissionais que atuam nas urgências/emergências é outra estratégia do MS. Como trabalho há 19 anos na Emergência
Infantil-PAI, do Hospital da Criança e Adolescente/SESA, participei, em
fev/2022, de capacitação no Centro de Formação do Hospital Albert Einstein, em
São Paulo, no curso de qualificação em Urgência
e Emergência Pediátrica com Simulação Realística, promovido pelo MS.
A ação do MS, na gestão Marcelo
Queiroga, é investir na qualificação dos profissionais para atuarem nas
urgências e emergências, com o lançamento, dia 6.7.2022, da primeira etapa da
ação estratégica SOS de Ponta para Capacitação das Urgências e Emergências
do Brasil, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação
(SGTES). “O objetivo do programa é qualificar mais de 10 mil trabalhadores
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) para abordagem ao paciente crítico, e
fortalecer a atuação do SUS na resposta às situações de urgência e emergência”.
Nesta primeira etapa serão
disponibilizadas 1.514 vagas, nos sete estados da região Norte do Brasil.
Depois, na mesma região, mais 1.380 vagas, que serão lançadas em breve.
“Nosso objetivo é ter formação no SUS, formação de qualidade
internacionalmente conhecida como algo que muda o desfecho da saúde...” (SGTES, Hélio Angotti).
Para
participar é necessário: ser profissional da enfermagem, fisioterapia ou
medicina, com registro ativo nos conselhos; estar em exercício na assistência
em uma instituição pública ou privada sem fins lucrativos, que atenda ao SUS; e
registro no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
“A inscrição no edital deverá ser
realizada por meio de formulário eletrônico, disponível no endereço https://sosdeponta.unasus.gov.br.
Para acessar o link de inscrição é necessário realizar o cadastro prévio no
“Acesso UNASUS”. (Fonte: Diário do Amapá, 7.6.22. ). JARBAS
ATAÍDE, 13.06.2022.
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