LUTO, ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO E REAÇÃO DE
RELAXAMENTO
Por Jarbas de Ataíde
Quando apenas
escrevemos sobre as diferentes reações e dores que sofremos é muito fácil
teorizar. Mas quando estamos passando´, pessoalmente, por essa situação não é
fácil escrever e externar nossas emoções.
O tema do luto é complexo, pois envolve a realidade da inexoralidade da
morte.
Em artigos de
2019 e 2020 dei pistas e refleti sobre “as chagas e feridas que não estão no
corpo”, das nossas decepções, dores da alma e angustias que sofremos e como
tentar conviver ou superá-las.
Passados 2 anos,
estou experimentando essas mesmas situações e vou contar como estou superando a
angustia do luto do meu filho mais velho.
O trauma
emocional pela perda pode nos levar ao que os estudiosos chamam de “estresse
pós-traumático” (TEPT). Ele pode anteceder a dificuldade em superara fase
de luto. Perdas traumáticas e abruptas podem prejudicar gravemente os
sobreviventes por anos, conforme Kristin Glad, do Centro Norueguês p/
Estudos de Violência e Estresse Traumático.
Foi observado que
os portadores de sintomas de TEPT eram propensos a desenvolver sintomas de luto
complicado, ou seja, “anseio intenso e persistente, saudade e
tristeza, geralmente acompanhados por pensamentos ou imagens insistentes do
falecido e um sentimento de descrença ou incapacidade de aceitar a dolorosa
realidade da morte da pessoa”.
Desenvolver
estratégias, maneiras e caminhos para evitar ou se contrapor a essas sensações
dolorosas, é a função de uma equipe multidisciplinar, que envolve primeiramente
o apoio familiar e em seguida os profissionais qualificados.
Sensações de julgamento, culpa, remorso,
revolta e até de autopunição são muito comuns num estado de luto complicado. Mas a aceitação da realidade da morte, não
passa apenas pelos conselhos e técnicas profissionais. Ela envolve questões
éticas, religiosas e espirituais, que, às vezes, são omitidas. Não é só uma
questão de sublimar a dor emocional.
O luto prolongado
ou complicado pode extrapolar o campo emocional e se instalar no corpo, causando
sintomas e distúrbios que vão configurar um estado permanente de TEPT, com
complicações orgânicas por desequilíbrio do sistema nervoso autônomo (
parassimpático):
·
Taquicardia
(batimentos cardíacos acelerados);
·
Distúrbios
gástricos e intestinais (azia, diarreia, vômitos);
·
Reações
alérgicas na pele (descamação, seborreia, prurido);
·
Sensação
de febre;
·
Redução
da concentração e memória;
·
Choro
desmotivado;
·
Fadiga,
cansaço e desmotivação diante da lembrança.
Em media um estado de TEPT pode durar em torno de 1 mês, após
a fase aguda do luto. Mas quando essas alterações se prolongam por anos, de
maneira persistente, sem resolução ou superação, o organismo vai sofrer as
consequências do estresse crônico.
Quando isso acontece, as patologias preexistentes ou comorbidades
se agravam ou pioram
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