sexta-feira, 22 de julho de 2011

Das chuvas intensas à focos de incêndios

 A anormalidade do começo do verão amapaense
Abinoan Santiago
Da Reportagem/Estagiário
Com o fim do primeiro semestre, acaba também o período de chuva, que por sinal castigou e muito os amapaenses nesse ano de 2011. Na edição n° 237 de 22 a 28 de Janeiro de 2011, o Jornal Tribuna Amapaense junto com o Núcleo de HidroMeteorologia (NHMET) do Instituto de Estadual de Pesquisa do Amapá (IEPA) alertaram as autoridades sobre os níveis anormais de chuvas que nós enfrentaríamos nesse inverno, a precipitação pluviométrica foi acima do normal no estado do Amapá, se tornando a maior dos últimos trinta anos, alagando municípios como: Ferreira Gomes, Porto Grande e criando pontos de alagamentos na capital, Macapá. Isso tudo se deve a um fenômeno da natureza chamado La Niña, fenômeno que também fez com que se alongasse esse período de chuva, ou você não percebeu as chuvas fortes em pleno verão amapaense?
La Niña e o começo anormal do verão amapaense
O fenômeno que é oposto ao El Niño. Corresponde ao resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, formando algumas “piscinas de águas frias” nesse oceano. La Niña apresenta uma maior variabilidade de temperatura. Um fenômeno que também no qual apresenta uma forte mudança na dinâmica geral da atmosfera, nele ainda podemos notar ventos mais fortes que o habitual. Todo esse processo acontece no pacífico, mas podemos perceber as influências em todo o globo terrestre, enquanto aqui no Amapá as influências são mais notáveis na questão da chuva, como afirma o meteorologista do NHMET, Jeferson Vilhena, “Quando estamos no ano de La Niña, aumenta a intensidade e há o prolongamento do período das chuvas”.
Geralmente um episódio de La Niña começa a desenvolver-se em certo ano, no nosso caso no ano de 2010 e atinge sua intensidade máxima no final daquele ano ou no seguinte, “Pegamos o fim de 2010  e o começo desse ano como o fenômeno La Niña, ela começa a ser monitorada em setembro e permanece até o ano posterior, o seu apogeu é em média nos meses de abril, maio e junho, então como estávamos no período chuvoso normal, mas quando a La Niña atingiu o ápice conseqüentemente aumentou o volume de água e prolongou esse período”, explica Jeferson Vilhena.
As fortes chuvas originam-se na costa do Amapá, no Oceano Atlântico, normalmente aquece a água do mar, ela evapora e forma nuvens que são empurradas pelos fortes ventos para dentro do Amapá.
Se estivéssemos em um ano de El Niño, o inverno seria mais curto e com menos intensidades de chuvas, “No início de junho já teria acabado e começado a estiagem, mas como não estamos sobre o efeito do El Niño, as chuvas se prolongaram até meados do verão”, contou o meteorologista.
Verão amapaense em 2011
Com a chegada do verão vem a preocupação dos focos de incêndio pelo interior do estado do Amapá, especificamente falando dos municípios de Oiapoque, Laranjal do Jarí, Ferreira Gomes e em áreas no município de Macapá, mas afastadas do setor urbano.
Como no verão as chuvas tendem a diminuir e a vegetação teoricamente ficará mais seca e com a ajuda do sol, facilitará as incidências dos focos de incêndios. O vento é o grande vilão nessa história, pelo fato dele propagar os focos, como explica o coordenador do NHMET, Daniel Neves, “O vento pode causar um incêndio a partir de um mero foco, afinal, o vento forte do La Niña os espalham pelo mato seco”. Quando isso acontece se torna muitíssimo difícil conseguir controlar o incêndio.
Quando aumenta o calor o vento também aumenta de velocidade, então quanto mais quente, mais teremos focos de incêndio teremos e conseqüentemente mais ventos fortes para transformá-los em incêndios. A diferença entre a temperatura da terra com o mar faz com que o ar se desloque cada vez mais rápido pela atmosfera.
Mas se engana quem pensa que a natureza é a única que pode originar um incêndio por motivos climáticos. Em Laranjal do Jarí Por exemplo, são poucos os incêndios naturais em massa, que são os incêndios realmente provocados pela ação da vegetação seca.
Quando o verão começa a ficar mais intenso, a população tende a ligar mais aparelhos elétricos em busca de um melhor conforto, então a fiação não agüenta  e entra em curto circuito. E o fato do clima quente não corroborar com a situação e com as madeiras secas das casas e vegetação ao redor fica mais fácil incendiar.
Outros motivos humanos também são causadores de incêndios em áreas típicas como as do Laranjal  do Jarí, “Lixo, detritos, metais e vidros, pegam fogo com o mato que está ligeiramente com um foco”, alerta Daniel Neves. A falta de informação educativa é o principal motivo para que aconteçam catástrofes como acontecem quase que freqüentemente no extremo norte do Amapá.
Segundo especialistas do NHMET, a previsão climática para o mês de agosto é de uma estiagem média, as chuvas ainda estarão um pouco acima da média, mas sem que possa trazer preocupações à população e as autoridades.
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O papel fundamental do NHMET

Meteorologistas do NHMET

O Núcleo de HidroMeteorologia do IEPA tem um papel fundamental não só amapaense, mas para um todo. Um núcleo operacional e técnico-científico responsável pelo monitoramento do tempo, clima e recursos hídricos do todo o estado do Amapá. Tem pouca visibilidade da população e até mesmo de poderes hierárquicos.
Os especialistas do centro fazem previsões de médio em longo prazo, de três meses em diante, um recurso no qual esferas da sociedade podem utilizar para fazer quaisquer que seja o seu objetivo, tomamos como exemplo o asfaltamento de ruas, avenidas e estradas do estado, para realizar as operações, no mínino é preciso um dia de Sol, mas muitas vezes o NHMET não é acionado para responder perguntas sobre qual é o melhor momento para a execução de obras.
Outro fundamental papel do NHMET é a prevenção de incidentes. Lembra de quando falamos sobre o alerta da equipe do Jornal Tribuna Amapaense junto com o núcleo sobre as fortes chuvas no inverno desse ano? Pois é, alertamos, mas ninguém levou a sério e todos sabem o que aconteceu em alguns municípios do Amapá. “Nós prevenimos índices extremos de chuva, cheias de rios, super secas, tudo como forma de prevenção para que o poder público tome as devidas providências”, disse o coordenador do NHETMET.

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