sexta-feira, 8 de julho de 2011

Deficiência no serviço

Usuários da Unimed reclamam do serviço prestado pela cooperativa médica

Para escapar da deficiência na rede pública, milhares de amapaenses pagam planos de saúde, objetivando, é claro, obter atendimento rápido e de qualidade. Cerca de 33 mil desses amapaenses são clientes da cooperativa médica Unimed Macapá, no entanto, quando precisam dos serviços médicos e hospitalares do referido plano, acabam descobrindo que a situação não está muito diferente dos postos de saúde e hospitais públicos. 
As reclamações mais comuns são: demora na realização de consultas, falta de médicos,  recusa em atender o plano em clinicas e hospitais conveniados e,  dificuldade em conseguir  autorização para exames e internações. A demora no atendimento estaria ocorrendo inclusive no atendimento de emergência..
Elen Gomes, conta que recentemente precisou levar o marido até o pronto atendimento e de tanto esperar, acabou desistindo da consulta. “Chegamos lá às três da tarde, depois de uma certa espera recebemos o primeiro atendimento. O médico pediu exames. Realizamos os tais exames, porém deu 8 horas da noite e não conseguimos retornar ao médico com o resultado. Desistimos de tanto esperar”, conta a servidora pública. Segundo Elen, a falta de respeito e tanta, que médicos encerram o plantão, deixam o hospital e os pacientes, se quiserem atendimento, tem de aguardar à chegada do próximo médico, muitas  horas depois.
Tanto no pronto atendimento adulto como no infantil, a reclamação é a mesma. Além dos poucos médicos trabalhando diariamente, à quantidade de leitos para aqueles que precisam ficar em observação, já não é suficiente.
Da mesma forma, quem precisa agendar uma consulta, à situação não é diferente. É obrigado a passar pelo mesmo aborrecimento. Tanto faz  se à clinica é pediátrica ou adulta, a demora para se obter a consulta é a mesma.  O profissional liberal José Lobato, conta que mesmo pagando regularmente o plano, está indo para Belém em busca de tratamento para a mãe dele, de 78 anos de idade. “Recebemos  o boleto e pagamos regularmente todo mês o plano da minha mãe e na hora que precisamos, é essa falta de respeito”, reclama.
Uma pequena empresária, que não quis se identificar, relata que mesmo em dia com o pagamento do plano de saúde do filho, foi obrigada a pagar por uma consulta em uma clínica particular. “Já havia levado meu filho no pronto atendimento. Como ele não melhorava procurei uma consulta. Lá eles me disseram que tinha de voltar outra data e chegar bem cedo para agendar”.
   
Resolução ANS
      
No fim de setembro, começam a valer os prazos para atendimento pelos convênios médicos. A resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar, determina: que os planos devem garantir aos pacientes consulta básica com, no máximo, uma semana de espera. Para passar por especialistas, como cardiologistas ou oncologistas, duas semanas. Procedimentos de alta complexidade, como quimioterapia e radioterapia, não podem demorar mais do que três semanas. A Unimed Macapá, tem apenas 183 médicos cooperados para mais de 30 mil usuários.
De acôrdo com a presidente da Unimed Macapá, Elza Resende, a região norte toda, e no caso do Amapá, todos os planos de saúde,  sofrem com o problema da alta demanda hospitalar para a pouca oferta de profissionais. No caso amapaense, em algumas especialidades, não há médicos. Em outras, tem um ou dois.
Segundo a ANS, o principal objetivo da norma é garantir que o beneficiário tenha acesso aos serviços contratados e também estimular as operadoras a promover o credenciamento de prestadores de serviços, nos municípios que fazem parte de sua área de cobertura. O regulamento determina que a operadora ofereça, pelo menos, um serviço ou profissional em cada área contratada.
Para a presidente da Unimed Macapá, as resoluções da ANS não podem ser a mesma para todo o país. Ela afirma, ainda, que a grande maioria dos médicos, após formados, não quer  trabalhar na região norte. “Aqui a proporção de médicos para habitantes é muito grande. Enquanto em outros estados à média é de 1 médico para 400 habitantes, aqui é um para mil.
Na tentativa de reduzir as dificuldades e os problemas enfrentados pelos usuários do plano, Elza afirma que foram criados vários serviços, como a ouvidoria e o portal da cooperativa na internet. A intenção é buscar ouvir as dificuldades dos usuários e, até acatar sugestões. Quanto ao tempo de demora para uma consulta, segundo a direção da cooperativa, depende da especialidade. Já em relação à negativa de clinicas e hospitais em atender pacientes, a cooperativa nega que esteja ocorrendo. No momento, a Unimed trabalha com captação de recursos para ampliar os dois prontos atendimentos, tanto infantil como o adulto.       

Procon
Recentemente, o Instituto de Defesa do Consumidor no Amapá- (Procon), realizou fiscalizações. A priori, às ações foram educativas, mas diante das novas denúncias, a diretora do órgão, Nilza Amaral, afirma que o instituto vai realizar uma fiscalização extraordinária, com o objetivo de apurar as reclamações feitas ao jornal Tribuna Amapaense.
“Nesse momento, a prioridade são as atividades relacionadas ao período de férias, porém, diante dessas denúncias, iremos retornar, antecipando nossas fiscalizações nesse caso”, afirmou Nilza Amaral.
A diretora do Procon, lembrou que mesmo  os planos de saúde que  estão dentro do prazo estabelecido para se adequarem à resolução da ANS, não há impedimento à ação do Procon.

Realidade Nacional
 Quase 60% dos usuários de plano de saúde, enfrentaram algum problema no serviço ofertado no último ano. É o que revela uma pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), ao Instituto Datafolha.
A demora em conseguir atendimento em pronto-socorro, laboratório ou clínica, é a queixa mais comum, apontada por 26% dos entrevistados. Em segundo lugar, aparece a pouca opção de profissionais, hospitais e laboratórios credenciados (21%). Além disso, 14% das pessoas ouvidas disseram que procuraram serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), por negativa ou restrição de cobertura por parte do plano de saúde.
A pesquisa, traz também um levantamento , sobre quem tem plano de saúde no país, grupo que soma mais de 45 milhões de brasileiros. Cada pessoa procura os serviços do plano, em média, sete vezes por ano. A maioria busca consulta médica ou exame de diagnóstico, como o de sangue ou raio-X. Os usuários mais frequentes são da Região Sudeste e das regiões metropolitanas das capitais. Em geral, o usuário tem alta escolaridade e renda familiar superior a três salários mínimos por mês.

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