sexta-feira, 29 de julho de 2011

Desmanche

Polícia de olho nas “Robautos”


O cidadão que tem uma peça de seu carro ou moto danificada e leva o seu veículo em uma oficina mecânica de hábitos e costumes nada ortodoxos recebem de plano um conselho. “Olha essa peça custa tanto na concessionária ou em uma loja de auto peça, mas se o senhor quiser vamos na robauto e lá a peça sai bem mais barata”
Você que lê essa matéria neste momento já não foi instigado a visitar um ferro velho ou a chamada “Robauto?” Claro que sim! Só que ao tempo que você economiza uns reais, você pode está alimentando o receptor das peças do seu carro amanhã, pois as peças que são sucateadas na maioria das vezes vêm de origem de desmanches ilegais, comandadas por quadrilhas especializadas em furto de veículos. É isso mesmo.
O delegado Euriclaudio Alencar declarou que a Polícia Interestadual - Polinter, delegacia responsável pelas ações que envolvam roubo e desmanches de carros no Amapá, está mapeando os locais de desmanches de carros e motos em Macapá. O objetivo desse trabalho assevera o delegado, é inibir  essa prática criminosa no Amapá. Recentemente a polícia descobriu mais um desmanche no Jardim Felicidade II que vinha atuando de forma intensa na recepção de veículos roubados.
Mas esta ação da Polinter faz parte de um planejamento da polícia que não tem atuado só capital, pois o crime está espraiando-se pelo interior do Estado. Sob o comando da delegada Janete Picanço, titular da Polícia Interestadual (POLINTER) uma ação foi desenvolvida no município de Ferreira Gomes, localizado a 1.791 quilômetros da capital Macapá que redundou na apreensão de quatro veículos roubados e mais uma chave mestra que ligou 40 motos.
Para o delegado Ericláudio Alencar esses dados indicam que cresceu o comercio de peças de origem indefinida em Macapá, as chamadas “robautos”.

A Polinter tem novas estratégias para  intensificar a apuração de furtos e roubos de veículos. No início do ano, a equipe, coordenada pela delegada Janete Picanço, foi reforçada pelos delegados George Wandré e Ericlaudio Alencar.

Além da investigação, eles apostam na sensibilização de proprietários de carros e motos, pois afirmam que alguns cuidados podem ser decisivos para o trabalho da polícia. 

“Três pontos são essenciais: o cuidado com os repasses, pois eles são contínuos e quando o comprador não passa o bem para o seu nome ou não paga o carro estes não podem ser considerados roubo, pois esses veículos não se enquadram nessa categoria delituosa . Outro problema para a ação policial é que não são dadas baixas nos Boletins de Ocorrências de roubos quando os veículos são localizados, assim eles permanecem no Cadastro e podem a qualquer momento serem apreendidos. O delegado aponta como o terceiro ponto a displicência do amapaense, que segundo o delegado, ainda se sente residindo em uma Macapá bucólica, e sai de seus veículos deixando as chaves no contato, janelas abertas, portas destrancadas e isso facilita os roubos.

Os bandidos que hoje atuam no roubo de carro no Amapá ainda não possuem, segundo Ericláudio, um padrão para escolha dos veículos, escolhem qualquer marca, porém eles estão se organizando e a policia também está se organizando para contra atacar.
Atuação em 2011 da Polinter
Nos primeiros meses de 2011, trinta veículos que estavam desaparecidos foram localizados pela Polinter. Uma das ocorrências que mais chamou a atenção foi à descoberta de um desmanche de carros, em abril, na região do Pinhal.
Neste caso, muitas peças haviam sido retiradas, mas, o furto e o roubo de veículos podem ter finalidade diversa: emprego do objeto em outro crime, revenda, desmanche, entre outros. 

Segundo dados da Polinter têm ocorrido uma diminuição no furto de motos e um aumento no numero de carros segundo Ericláudio é a facilidade que hoje o cidadão troca qualquer peça do seu carro sem a devida anuência do órgão fiscalizador, op DETRAN. Essas adulterações ilegais só são detectadas quando esse veículo vai até o DETRAN para a obrigatória vistoria no ato do pagamento do IPVA e a licença. Detectada a adulteração estes carros são imediatamente recolhidos ao curral do Órgão.
“Fica o conselho aos proprietários desavisados. Qualquer alteração no seu veículo o DETRAN precisa ser cientificado, sob pena de essa ação ser considerada ilegal.”

O delegado Ericlaudio Alencar chama atenção das pessoas que queiram transionar um carro. É necessário que chequem junto ao Cadastro Nacional de Veículos, onde toodos os carros estão cadastrados, se àquele carro não faz parte da relação de veículos roubados. Essa situação sentencia Ericláudio, preocupa as autoridades, pois pessoas de boa fé podem colaborar com o crime sem saber, à medida que adquirem um veículo sem verificar os antecedentes dele nos órgãos competentes. Em Macapá as pessoas vivem com a mentalidade de outrora. Muitas fazem negócios e não têm a preocupação de fazer os procedimentos legais de transferência.

Longe de dar solução para os desmanches
No Brasil as pessoas de bem que atuam nesse mercado querem a regulamentação do comércio de peças oriundas de desmanches legais, pois a falta de uma legislação pertinente que discipline a a atividade dá uma brecha aos bandidos pois a ausência de uma legislação facilita a pratica ilegal da atividade e é aí que os bandidos atuam. Ericláudio lembra que no Brasil o desmanche de carros quando são objetos de acidentes ou sinistros, podem ser retiradas as peças sem que exista um órgão que possa catalogar essa peça e dar ciência de sua origem.
Essa ausência de lei coloca os desmanches de carros e motos em nosso país como comércios a exemplos de outras práticas comerciais, porém, com uma diferença, para o desmanche não há lei que defina regras para o seu desenvolvimento e muito menos procedimentos formalizados e nenhum tipo de controle com relação à procedência de tais peças, e nisto esta o grande problema.

A bagunça só existe no Brasil
Essa atividade comercial de venda de peças de carros em desuso só é indisciplinada no Brasil. Outros países já encontraram o seu caminho neste segmento. Na Argentina, desde 2003 as atividades tiveram seu início, e os resultados mostram uma queda significativas no roubo de veículos.  A queda defurtos e roubos de veículos de um ano para o outro dói de 30,5%.
Lá existe o Centro de Recâmbios, que é mantido por um órgão que se denomina Cesvi – Centro de Experimentação e Segurança Viária, que atua no recebimento de veículos considerados como perda total, trata as peças de forma adequada e se responsabiliza por recolocá-las no mercado.
Este mesmo sistema já vem sendo adotado na Espanha desde 2000, e em outros países também. O assunto é polêmico e não se sabe exatamente como iria funcionar, mas em geral, quando já existe um comércio estabelecido em algum setor, a sua legalização é positiva, e neste caso em especial, reduziria o espaço para o mercado negro.
Veículos
A Fenaseg – Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização propôs a regulamentação das atividades de desmanches, tal proposta esta em tramitação e as discussões estão abertas, o assunto é bastante polêmico, especialmente para os representantes deste setor.
A regularização esta sendo defendida como uma possibilidade de combater de forma eficaz os roubos de carros, e em consequência os preços de seguros de automóveis poderiam ser reduzidos.
Os desmanches ilegais alimentam a indústria criminosa de vendas de peças, etc., que tem sua origem em carros roubados que são desmanchados de forma clandestina e tem suas peças vendidas a preços muito abaixo do mercado, se comparadas com as peças originais, mesmo que não sejam novas; os preços não condizem com o mercado.
O problema com os desmanches de carros é que existem muitas quadrilhas envolvidas neste esquema, ou seja, pessoas que roubam carros especialmente para vendê-los nos desmanches, com uma agilidade e facilidade incríveis.
Um carro pode ser desmanchado em questão de poucas horas e isso torna o trabalho da polícia ainda mais difícil, pois praticamente não restam pistas dos veículos, que podem ter suas peças espalhadas por vários estabelecimentos diferentes.
A bola mais uma vez está nas mãos dos congressistas brasileiros. Para a polícia caso o sistema venha ser legalizado, os representantes do setor esperam que este molde de fraude seja reduzido, pois esta situação é muito preocupante. A redução da criminalidade neste setor seria o caminho mais curto em direção a redução de preços para os seguros, mas ao que parece isso fere interesses de setores da sociedade brasileira.
Alento
A estatística da Polinter do Amapá registra uma média de 40 veículos (carros e motos) roubados por mês. Porém o delegado comemora que 70% são recuperados.




Presídios
Segundo a polícia de Goiás, os grupos que comandam o esquema de roubo e furto de veículos em todo o Brasil articulam as ações de dentro dos presídios, com ramificações em vários Estados.

Desses veículos roubados ou furtados, mais da metade é transformada nos chamados dublês ou clones, que passam por adulterações nos chassis, placas e outros dados. Os carros são copiados de veículos com condições regulares nos Detrans estaduais.

Ainda existe a figura do que a polícia chama de carros “salvados”. É quando um carro sinistrado (batido e indenizado pela seguradora) é arrematado em leilão público, com documentação regular, e tem apenas o chassi aproveitado.


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Boxe
O domínio do desmanche no Brasil

De acordo com os dados do Cadastro Nacional de Veículos e das empresas seguradoras os dados assustam: em 2005, foram levados 357 855 veículos no país - um a cada 90 segundos.
 Na frota segurada, de 2001 a 2005 o total de roubos/furtos subiu 41%, enquanto essa frota cresceu só 25%.
O destino da maior parte deles continua sendo os desmanches ilegais, onde são retiradas as peças de maior procura para abastecer o mercado paralelo.
"O índice de roubos de cada modelo está relacionado à procura dessas peças, levando-se em conta preço, grau de uso e escassez delas no mercado original", diz Marcelo Goldman, diretor da AGF Seguros.
É só olhar o ranking abaixo para confirmar que a maioria dos modelos é roubada para ter as peças revendidas. Os outros dois destinos são o uso em outras atividades criminosas (transporte em assalto, fuga etc.) e, em menor escala, a revenda no país (como "dublês") ou no exterior.
Hoje o líder do ranking dos mais roubados do país é a Parati. E o Gol? Bem, em números absolutos, ele é o mais roubado (12 256 unidades no primeiro semestre de 2005), mas a chance de um dono de Parati ficar a pé é maior.
De cada 100 Gol, só 1,7 é roubado; de cada 100 Parati, três vão desaparecer. Isso também não quer dizer que ela seja a mais roubada em seu estado. Mais abaixo, no "Mapa do roubo", você verá quais são os preferidos pelos ladrões em dez estados, com base em dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão que centraliza os dados de todas as seguradoras do país.
Mas, se a Parati é a bola da vez, é provável que em breve deixe de ser. "O ranking muda constantemente, porque a procura de peças varia de tempos em tempos. Há alguns anos, as picapes eram bastante visadas. Atualmente os bicombustíveis são bem mais roubados", diz Goldman. O Golf, por exemplo, que até três anos atrás era o dono do posto de mais roubado, hoje não aparece nem entre os dez mais.
Do outro lado da lista, entre os preteridos pelos ladrões, estão modelos mais luxuosos, como Civic, Corolla e Scénic, que não servem para fugas (os ladrões preferem carros menores e mais potentes) nem têm um vasto mercado de reposição de peças.
Segundo a SulAmérica, o perfil dos mais visados também varia com o tipo de delito. O Uno, por exemplo, tem só 8% dos carros levados em assaltos. Outros são mais expostos a roubos, como CrossFox e Brava (83% cada). "A tendência é que os mais velhos ou mais populares, mais fáceis de abrir, liderem as estatísticas de furtos, enquanto os mais novos sejam alvo de roubos", explica Milena Gomes, delegada adjunta de furtos e roubos de veículos do Ceará.
Independentemente do estado em que você mora ou do modelo que possui, nunca é demais usar a velha e boa cautela para proteger seu veículo. Mas o delegado Eduardo de Oliveira ressalta um ponto fundamental, que diz respeito à responsabilidade de todos com a diminuição desses índices: "É sempre importante lembrar que quem compra peças roubadas ajuda a alimentar essa indústria de roubos. Quem pensa estar levando vantagem hoje pode tomar prejuízo amanhã".

Agenda do ladrão
O dia preferido dos ladrões é a quarta-feira, com 16% dos roubos, segundo números da SulAmérica, enquanto o domingo é o dia de menor índice, com 12%. Já o horário mais perigoso é entre 18h e 22h, com 41% das ocorrências. O período entre 0h e 6h fica só com 11% dos roubos.

Mesmo carro, preços diferentes
A maioria dos consumidores não entende por que numa seguradora seu automóvel pode ter um seguro caríssimo enquanto em outra o mesmo modelo com o mesmo perfil de segurado pode custar menos da metade. O motivo é que cada seguradora formula sua política de preços em sua própria base de dados, que sempre difere de companhia para companhia. Se na seguradora 1, num determinado período, o carro X foi mais roubado que na seguradora 2, obrigatoriamente o valor da apólice desse carro na seguradora 1 será maior. A lista da Susep só consolida os dados de todas as seguradoras, mas não é usada por nenhuma delas para definir o valor dos prêmios.

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