sexta-feira, 29 de julho de 2011

Qual a diferença entre dependência Alimentar ou Ânsia ?

Algumas pessoas acreditam que os alimentos ricos em gordura ou ricos em açúcar podem ser viciantes, conduzindo os consumidores à obesidade. Será que isto significa que os alimentos devam ser considerados da mesma forma que o álcool ou os cigarros? Ou será que as pessoas confundem os termos "vício", "desejo" e "transtornos alimentares"?

            Uma dependência é caracterizada pela obrigatoriedade de utilizar uma substância, pelo consumo descontrolado, e à existência de sintomas de abstinência (tais como ansiedade e irritabilidade), quando o acesso a essa substância é impedida. Pessoas que sofrem de distúrbios do comportamento alimentar, como a compulsão alimentar ou “binge eating”, anorexia nervosa ou bulimia nervosa, tendem a exibir estes sintomas, sugerindo semelhanças entre a forma como o organismo reage ao uso de drogas e a compulsividade alimentar.
            Pensa-se que percursos comuns, a nível cerebral, são responsáveis pela sensação de prazer derivada, tanto pela ingestão alimentar, como pelo consumo de drogas. Por exemplo, estudos com ratos de laboratório demonstraram que repetidas ingestões excessiva de açúcar podem sensibilizar receptores cerebrais de dopamina (substância produzida pelo cérebro quando se sente prazer) de forma semelhante ao abuso de drogas ilícitas. Estudos realizados em pessoas sujeitas a técnicas de neuro-imagem cerebral, que permitem visualizar imagens da estrutura e funcionamento do cérebro, também indicam existirem semelhanças entre as respostas fisiológicas à antecipação de alimentos saborosos e ao abuso de drogas - por exemplo, a dopamina é libertada nas mesmas áreas cerebrais.
            Apesar das similaridades encontradas entre o ato de comer e o uso de drogas, a grande maioria dos casos classificados como "dependência alimentar" não devem ser vistos como uma conduta aditiva ou viciante. Comer é um comportamento complexo, que envolve diversas hormonios e os sistemas do corpo; não apenas um sistema de prazer/recompensa.
            Praticamente todos os prazeres - beleza, música, sexo e até mesmo o exercício - estão associados a picos de dopamina, similares às causadas por uma refeição de elevado teor de gordura. Contudo, referimo-nos a eles como prazeres, e não vícios. O desejo intenso por alimentos (como o chocolate) entra em conflito com a necessidade imposta culturalmente de restringir a sua ingestão, fazendo com que o desejo por estes alimentos seja mais pronunciado e interpretado como um vício ou adição (por exemplo: "chocoolismo"). Também pode dever-se ao fato do cérebro de algumas pessoas processarem de forma diferente os estímulos relacionados com a alimentação, semelhantes aos estímulos aditivos, o que provoca um impulso mais intenso pelo consumo de diferentes quantidades ou tipos de alimentos.
            O termo ânsia de comer é frequentemente mais apropriado do que adição alimentar. Trata-se de um intenso desejo por consumir um alimento em particular ou um tipo de alimentos, que se torna difícil de resistir. Atualmente, a ânsia por comer é bastante comum. De uma forma geral, podemos afirmar que quase todas as mulheres e a maioria dos homens já sentiram ânsia por comer alimentos específicos num dado momento das suas vidas. O exemplo mais típico é o consumo de chocolate ou, de uma forma mais abrangente, alimentos ricos em gorduras e/ou açúcares.
            Apesar de ainda existirem dúvidas em relação a estas relações, as ânsias de comer podem ser importantes, na medida em que podem desempenhar um papel relevante no consumo excessivo de alimentos, observado na compulsão alimentar, bulimia nervosa e na obesidade.
            Apesar dos termos “vício” ou “adição” serem desadequados, eles conduzem-nos a um aspecto importante do comportamento alimentar saudável: a capacidade de manter o controle da própria alimentação.
            Os bons hábitos alimentares e a atividade física serem dois aspectos importantes na manutenção de uma boa saúde, para a maioria das pessoas, as recentes descobertas em nível da neurociência, mostram que o mais potente circuito cerebral que controla a ingestão de alimentos, é também o responsável por regular o metabolismo lipídico periférico. Esta informação pode ajudar os profissionais de saúde a melhorar o acompanhamento das pessoas cujos hábitos alimentares não correspondem às suas intenções.
Procure um nutricionista para adequar sua alimentação às suas necessidades.



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