Aline Colares
Acadêmica de Letras/Unifap
Tenho uma amiguinha de quatro anos que é uma grande figura. É a Ana. Jeitinho carinhoso e o modo de falar todo bem educado, notável de concordâncias perfeitas para uma criança ainda com tenra idade. Suas perguntas me divertem juntamente com a sua criatividade em falar as coisas.
Esta semana tive a oportunidade de vê-la, já fazia um tempo e percebi o quanto havia crescido rápido. Está uma moçinha. Para o meu espanto, seus cabelos que antes eram longos encontravam-se na altura dos ombros. A mãe escondida atrás da estante, observando nossa conversa, logo gesticulava para que eu tomasse a iniciativa em perguntar o que havia acontecido. Ok. Perguntei, e ela com um ar sério e concentrado nos meus olhos ansiosos, naturalmente respondeu: “Eu cortei, estava atrapalhando a minha visão”. É, foi assim mesmo a resposta. Eu até teria acreditado que esse pudesse ser o real motivo, caso sua mãe não tivesse me dito logo após que o corte foi uma “arte” das férias, resultando é claro, em uma disciplina de brinde.
Vocês devem estar perguntando como esta história vai terminar. O fato é que eu poderia parar por aí, mas darei a esse pequeno relato um outro sentido. Da resposta de Ana consigo tirar algumas aplicações para minha vida e para a de vocês, meus Leitores.
Somos indivíduos teimosos e rebeldes, muitas vezes inconseqüentes, “metemos os pés pelas mãos”, agimos por impulso, seguimos às vontades do nosso coração (cuidado, este é enganoso!). Depois que as conseqüências vêm, e estas não correspondem às nossas expectativas, nos decepcionamos, choramos e ficamos encharcados de sentimentos avulsos. E o que dizemos depois? “Como eu não vi isso!”. Suponhamos que o que Ana fez não tenha sido errado - considerando a sua idade e inexperiência com tesouras - e imagine você sendo ela, nos concentremos, portanto, a isto: “Estava atrapalhando a minha visão”.
Quando não escolhemos a Cristo Jesus, o qual tem toda a Glória como o Guia das nossas vidas, é natural que não enxerguemos bem as coisas que estão ao nosso redor, ou melhor, acreditemos estar vendo tudo na perfeita clareza e nitidez, mas é quando tropeçamos que notamos o quanto estávamos andando às escuras. Como disse o autor cristão C.S Lewis “O homem que tenta diminuir a glória de Deus, recusando-se a adorá-Lo, é como lunático que deseja apagar o sol, escrevendo a palavra ‘escuridão’ nas paredes de sua cela”.
O pecado atrapalha a nossa visão, com ele andamos em caminhos tortuosos e perigosos e Cristo tira a venda dos nossos olhos, faz-nos enxergar a verdade revelada na Sua Palavra, a Bíblia. Isso é lindo. Lacrimejamos e ficamos um certo tempo maravilhados, digo isso, pois apesar de toda a misericórdia de Deus revelada, nós continuamos sendo mui falhos e esquecemos milhares de vezes do quão amoroso Ele tem sido para conosco. Fazemos o que então? Relaxamos-nos e deixamos o pecado tomar conta e conseqüentemente voltamos a não enxergar mais nada!
Sábio seria se a nossa resposta fosse como de Ana, que tão convicta das suas razões falou sem medo, mesmo sabendo, talvez, que seria contrariada pela mãe que estava ali por perto e lembrada do castigo. Quando aceitamos Jesus Cristo como o Senhor das nossas vidas, os nossos princípios, valores e amor por Ele deveriam ser defendidos com todas as forças – que até isso é Ele quem nos dá. “Não, não quero, isso atrapalha minha visão, Cristo já abriu os meus olhos!”, “Não, não dá, isso atrapalha a minha visão, Cristo já abriu os meus olhos!”, “Não, eu não posso, isso atrapalha a minha visão, Cristo já abriu os meus olhos!”, convictos das nossas razões e motivações que é o viver pra Ele, sem medo de sermos contrariados... Pelo mundo.
Assim como crianças nós somos teimosos e desobedientes, batemos o pé quando Deus nos diz um “não!”. Entretanto, a Sua própria Palavra nos confirma que como um pai repreende seus filhos e se compadece assim Ele o faz (Salmos 103: 13). O Deus que lá no início criou os céus, a Terra e o mar é o mesmo de hoje e será eternamente, Ele conhece nossa estrutura e sabe que somos pó, mas mesmo assim não nos rejeita.
Com o Senhor o pecado já não atrapalha a visão, Ele o corta e tira todos os fios que estejam irritando nossos olhos. A partir daí, vemos o quanto Ele tem para nos dá! E maravilhados ficamos em saber que acima de tudo, Deus nos ama, apesar de tudo.
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