sexta-feira, 5 de agosto de 2011

De volta para o futuro

José Alberto Tostes
             Parafraseando o filme que fez grande sucesso na década de 1980 com o enredo que evidenciava a possibilidade de se transportar no tempo para descobrir os efeitos de ações desencadeadas no passado. O filme mostra que a maioria das ações concebidas está diretamente correlacionada e com efeitos em cascata. A máquina do tempo criada pelo cientista era uma tentativa de buscar respostas para o desconhecido. A reflexão desta temática coloca com precisão de que não podemos interferir na linha do tempo, sob pena de ter severas consequências no futuro. Este filme assim como tantos outros estabelece um limite na linha imaginária entre passado, presente e futuro.
             De alguma maneira, o tempo parece o melhor remédio para curar as nossas inquietações e sofrimentos vividos, do plano individual ao coletivo. Quantas experiências foram desenvolvidas com resultados duvidosos e com imensas complicações. Quantas vezes gostaríamos de retornar ao passado para corrigir aqueles equívocos cometidos e que muitas vezes são erros irreparáveis, assim como na ficção, a realidade é mais dura do que parece, quando visualizamos o universo do nosso entorno.
            Apesar de tantos exemplos registrados em livros, artigos, documentos, relatórios, e agora mais recentemente nestes últimos vinte anos no fantástico mundo da Internet configurando uma sociedade planetária e globalizada, apesar do acesso a informação continuar excludente, por não socializar totalmente a informação com aqueles que não têm a possibilidade de adquirir um computador.  No filme de volta para o futuro, existe um elo importante de ser pensado, tudo aquilo idealizado na rota individual de cada um, tem uma implicação no desenvolvimento do futuro, é um principio físico da Lei de Newton: “A toda ação corresponde reação”.
              Com toda a revolução imagética destes últimos anos com a ampliação dos mecanismos de informação proporcionados pela Internet, a formação de redes sociais, portais do conhecimento, a sociedade continua “desinformada”, ou pelo parece desinformada. O consumo que tomou conta de todos, acaba por fazer escolhas nem sempre adequadas ao momento de “Revolução” que estamos vivenciados.
            O setor político, talvez seja o mais categórico de tudo isso. Trocou-se a Democracia pela Demoniocracia, na prática, isso significa menos pessoas pensando nos interesses coletivos e mais nos interesses que movem as individualidades.  Sempre que há uma eleição não se discute propostas coerentes, julga-se apenas a que grupo o candidato pertence, o que os eleitores vão ganhar em troca, os benefícios dados irão ser cobrados com juros e correção monetária.
            O cenário que se apresenta é contraditório, estamos no passado, admitindo que homens públicos reconhecidamente corruptos continuem a praticar todos os atos ilegais, a população ainda legitima pessoas com caráter duvidoso, elegendo pessoas de má fé, aqueles que deveriam ser os legítimos representantes do povo acabam não cumprindo sua função, não somente de fiscalizar, mas de apresentar propostas consistentes. O que se vê, é o fortalecimento das oligarquias, dos interesses escusos, só vistos em grêmios recreativos, tudo isso com resultados lastimáveis para sociedade. Os prejuízos são incalculáveis para todos, diante dos reais interesses da sociedade, estão àqueles movidos pela premeditação de tirar ganhos pessoais.
             O sentimento do passado ainda é presente em nosso país, prevalece à época das Capitanias Hereditárias no Brasil, o loteamento dos interesses coloquiais e paroquiais, muito conhecido como os “currais”. Apesar da sociedade planetária e globalizada, isso não tem sido suficiente para eliminar os efeitos que são observados com problemas de todas as espécies. Bilhões são desviados, basta passar um tempo, tudo cai no esquecimento. As cidades padecem por não terem o mínimo para manter as condições de qualidade de vida.
            Há uma corrente intensa que não acredita em valores éticos morais, isso não deve devem ser imputados somente aos maus homens públicos, mas a todos aqueles que vão realizar algum trabalho esperando tirar beneficio próprio. Estamos vivendo no passado com tantas práticas espúrias, tem que ocorrer uma reação generalizada dos inúmeros setores da sociedade. Tenho observado atentamente em nosso Estado do Amapá a discussão de temas importantes para o desenvolvimento da sociedade, tenta-se restringir o debate na simples idéia, de quem é contra ou favor de quem está no poder, nunca o debate é sobre o que é mais importante para sociedade. Neste aspecto, são poucas as instituições que em período de campanha eleitoral apresentam propostas consistentes para todos os candidatos envolvidos no pleito. Vive-se de uma mentira a cada processo eleitoral, a tônica principal é enganar os eleitores com estratégias de marketing mirabolante.
           Precisamos urgentemente voltar para o futuro, não como sugere a ficção proposta no filme, mas atentar que só haverá um futuro decente, se as práticas espúrias forem combatidas severamente. É preciso fiscalizar os mandatos dos gestores, dos representantes municipais, estaduais e federais eleitos, acompanhar severamente por todos os segmentos da sociedade, pessoas com ficha comprometida não podem mais representar a população. As consequências estão presentes em nossa paisagem: péssimos indicadores, infraestrutura caótica, fronteira abandonada, operações de toda ordem da Policia Federal. Que balanço você faz de tudo isso? Se continuar assim, o passado nos condena, e o futuro não terá nenhum enredo positivo para ser escrito.

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