segunda-feira, 19 de setembro de 2011


FRASE DA SEMANA
“Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente”. Clarice Lispector
UM JORNALISTA DE AMENIDADES


Acho que sou jornalista (apesar de meu amigo Fernando Canto, por extremada bondade, também dizer que sou poeta).  Escrevo toda semana nesta coluna. Diariamente, quando leio a pequena biografia que o Roberto Gato, aqui da redação, escreveu embaixo do meu nome, lembro-me das críticas de um professor que dizia que todo jornalista se acha poeta, romancista, cronista e Deus, tudo ao mesmo tempo.

A verdade é que, mesmo depois de anos de universidade (de Ciências Sociais, não Jornalismo) e alguns textos publicados em jornal, nunca me senti um jornalista de fato. Os telejornais me enfadam, gosto deles menos até do que quando era criança e meu pai os via na hora do desenho animado. Leio o jornal de trás para frente, como um leigo, e só passo das manchetes quando as fotos me chamam atenção e me dizem que aquela reportagem tem relação direta com o meu cotidiano. O mesmo se aplica às revistas semanais que, diferente de meus colegas, não tenho fetiche em colecionar.
Para mim, os jornalistas e aqueles que acompanham seu trabalho são sádicos de plantão. Notícias ruins, como a tragédia do Novo Amapá, que não só comoveu o Amapá como o Brasil, são publicadas somente quando ainda não perderam suas dimensões catastróficas e comovedoras. As notícias boas, estas nem são publicadas: tem status de clichê e, quando uma exceção é aberta, a matéria foi paga para mascarar uma realidade bem menos positiva.

Nunca me senti um jornalista de fato. Poucos fatos, aliás, renderam-me colunas. Quando escrevi a primeira, há alguns anos, e me questionei se uma crônica caberia numa coluna, não suspeitava que escreveria tantas crônicas nesse espaço. Talvez seja para justificar o título de poeta (que me impôs o Fernando Canto) imitando o estilo desses poetas do cotidiano que são os cronistas. Tanto que quase sempre volto meu olhar para fatos banais, corriqueiros, fugindo das catástrofes que assolam nossos jornais diariamente. 

Tal atitude já foi mal interpretada por alguns leitores. Poucos escreveram comentando a respeito de algum assunto, mas os que o fizeram trataram de concordar em um ponto crucial: minha coluna é amena. Descobri que sou um jornalista ameno. Fica a dica para o biógrafo da redação: "Renivaldo Costa é jornalista de amenidades, poeta, e escreve todos os semana nesta coluna".
 DO BAÚ DO BARÃO
“Quando você disser "vou te falar uma coisa, mas não conta pra ninguém", a pessoa repetirá isso pra outras 10 pessoas, e essas farão o mesmo.”

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