“Eu não saio do Amapá por nada”
Uberaldo Figueiredo Rodrigues
Abinoan Santiago
Da Reportagem/Estagiário
Essa semana nós entrevistamos um personagem da boemia amapaense. Um homem que possui um empreendimento no bairro do Trem há muito tempo, para ser mais exato, há mais de 40 anos. Com um jeito calmo e cativante, contou muitas histórias da nossa capital, que começaremos a ler agora.
Uberaldo Figueiredo Rodrigues é o nome do homenageado dessa edição, mais conhecido pelo apelido de “Pia Pau”, nascido no dia 20 de Maio de 1940, no arquipélago do Distrito de Bailique, na Ilha de Brides. Filho dos comerciantes Acrísio dos Santos Figueiredo (Pia pau) e da dona Maria de Nazaré Rodrigues. Viúvo, pai de 8 filhos, que lhe deram mais de 15 netos e 8 bisnetos.
Juventude em Macapá
Seu Uberaldo (Pia Pau), veio à Macapá com o intuito de novas oportunidades com a criação do Território Federal do Amapá, junto com a família passaram a residir, em 1944, no Igarapé da Fortaleza, onde hoje fica a agência do Banco do Brasil, na Avenida Independência (Centro Comercial). No local o seu pai construiu um ponto comercial para sustentar os seus filhos, porém mal sabia que Uberaldo (Pia Pau) seguiria a profissão do pai.
Pia Pau estudou numa das escolas mais tradicionais do Amapá, o Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Quando perguntado dos momentos daquela época, seu Uberaldo respondeu que foi uma época boa de sua vida, segundo ele, apesar dos jovens daquele período não possuírem a liberdade que os de hoje possuem, ele e seus amigos aproveitavam ao máximo o que a infância proporcionou de melhor. E ainda lembrou até o nome de sua professora, que se chamava: Elza.
Quando seu Uberaldo ficou mais maduro, decidiu voltar para o Bailique, onde passou mais ou menos dois anos. Retornou à Macapá e começou a trabalhar como empregado do comércio de um amigo. Os outros irmão seguiram a carreira no serviço público porém ele não gostava de ser funcionário publico por um simples motivo, “o salário do servidor público atrasava demais naquela época”, conta.
De acordo com Uberaldo, os jovens daquela época tinham “marcação cerrada” pela antiga Guarda Territorial. “Eu não sei se naquela época era ruim, porque hoje eu vejo que os jovens fazem o que querem e sempre se dão mal”, desabafou seu Uberaldo.
Vida de comerciante
Seu Uberaldo conta que certa vez comprou um ponto, onde era conhecido como o “Canta Galo”, lugar onde conheceu Gilberto Pinheiro, que hoje é desembargador, ainda rapazola e que estudava na Escola Coaracy Nunes.
Nesse local, na época, existia um dos maiores bailes denominada “Batalha de Confetes” da cidade de Macapá. Para quem não sabe os bailes carnavalescos de rua, eram famosíssimos em terras Tucujus, pois neles haviam shows de bandas que cantavam marchinhas, e é claro, a mulher Tucuju comparecia em massa para acompanhar as festividades, um dos motivos para que os bailes vivessem lotados.
As Batalhas de Confetes era o ápice do carnaval amapaense. Segundo Uberaldo, essas batalhas começaram na antiga Farmácia Serrano, localizada na Rua Candico Mendes, onde é hoje a Alameda Serrano. “Eu acho que o velho farmacêutico Serrano, foi o inventor desse estilo de comemorar carnaval”, afirma. O Serrano patrocinava as famosas batalhas de confetes que com o passar dos carnavais, virou moda na cidade, sendo praticado em bares tradicionais, como: O Bar do Barrigudo, Urca Bar e Canta Galo.
Hoje o Pia Pau vive na Avenida Pedro Baião com Rua Leopoldo Machado há exatamente 42 anos, o seu ponto comercial virou e continua sendo referencia no Bairro do Trem, mesmo sem ter nada identificando que aquele ponto é do famoso Pia Pau.
Lembranças
Uberaldo é indiscutivelmente uma enciclopédia amapaense, pois na nossa conversa, ele se lembrou de vários fatos Tucujus, como a que ele considera a primeira escola de samba do Amapá, “Escola de Samba do Pacaembu”. Essa agremiação era oriunda de um salão de festa existente na Rua Tiradentes, entre Coaracy Nunes e Mendonça Junior.
Uberaldo em suas reminiscências foi buscar a orla de Macapá na década de 30 e 40, quando o Igarapé da Fortaleza, hoje Canal da Mendonça Junior era o local de grande movimento comercial e econômico de Macapá. Local onde os pioneiros do comercio se estabeleceram caso da família Huaite, hoje proprietários das Lojas JK. “Me lembro que o Brunshik foi um grande botequim, pois possuía, da mesa de bilhar e da sinuca e realizava os grande bailes. Ali também tivemos o famoso Bar Cabloco, que antes era um barzinho depois passou a ser uma casa de bailes e onde as menininhas freqüentava para a alegria de nos rapazolas.”. Relembra Pia Pau.
Também se recorda do tempo que muitos amapaenses saíram do Amapá em busca de outros horizontes em busca de uma melhor qualidade de vida, quando perguntado desse período, o nosso sobrevivente respondeu que nunca quis sair do Amapá para viver em outro estado. Apesar de ter conhecido outros lugares, o Amapá é a terra onde ele quer viver o resto de sua vida ao lado de seus, filhos, netos e bisnetos. E conclui dizendo, “Eu não saio do Amapá por nada”.
Política
Fechando nosso patê papo como o Pia Pau ele falou sobre política e a calma com que navegávamos nesse passou por intempérie, ele recorda que já foi candidato a vereador e até hoje se pergunda o que ia fazer na Câmara Municipal. “Sabe porque eu não entendo de educaçõa, de economia, o que eu ia produir. Para ser deputado, senador, governador, prefeito, presidente, tinha que ser exigido curso superior e um curso de política. O Amapá nunca teve um governador legitimamente amapaense, procure e veja quem jpa governou o Amapá de onde vieram.” fala categoricamente.
Outra lembrança do nosso sobrevivente é em relação ao Desembargador Gilberto Pinheiro, pois o mesmo conheceu ainda menino quando o desembargador lanchava em sua lanchonete que ficava próximo à Escola Estadual Coaracy Nunes. “Este rapaz devia ser governador do Amapá, pois é amapaense legitimo, conhece nossa terra como ninguém. É conhecido nacional e internacionalmente. Tem o saber e a inteligência. Me perguntaram ela vai deixar seu emprego bem remunerado para ocupar o cargo? Isso eu não sei. Mais que ele é bom é!” determina
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