domingo, 23 de outubro de 2011

Sobrevivente - Benedito Batista dos Santos

“Tudo que eu tenho foi a educação que me deu” - Benedito Batista dos Santos

Abinoan Santiago
 Da Reportagem/Estagiário

Essa semana a editoria “Sobrevivente” entrevistou um senhor que atende pelo apelido de “Carrapeta”, que foi professor e diretor de escolas públicas e ainda se aventurou nos gramados como jogar de futebol, e anos mais tarde fora das quatro linhas exerceu a função de juiz de futebol, dentre outros esportes. Escrevemos sobre Benedito Batista dos Santos, o famoso Carrapeta, nascido no dia 02 de Março de 1944 no município paraense de Cametá. Casado há mais de 40 anos com a também professora aposentada Edite Vieira dos Santos. Casal que gerou 6 filhos e 3 netos.
Juventude em Macapá
Carrapeta é filho do casal João Batista dos Santos e Tereza de Jesus dos Santos, ambos servidores públicos e, como na cidade de Cametá não havia condições de estudar, seu João Batista se mudou para Macapá em buscas de novas oportunidades para melhorar a sua vida e de seus filhos. A família chegou à capital Tucuju exatamente no dia 25 de Fevereiro de 1955.
Chegando aqui, Carrapeta seguiu os princípios do seu pai, “meu pai tinha essa visão de que a pessoa sem estudos, pouco avança”, afirma. O nosso sobrevivente estudou no colégio Barão do Rio Branco e logo após fez o exame de admissão para estudar no Colégio Amapaense.
Outro fato importante da sua juventude foi o começo da sua vida boleira, pois Carrapeta jogou no Juventus, o primeiro clube de sua trajetória devido a sua freqüência à Paróquia de São José. Porém a carreira foi interrompida pela a necessidade de arrumar um emprego para ajudar a família.
De acordo com Carrapeta, o Trem Desportivo Clube se ofereceu em arrumar um emprego a ele, seu nome saiu até no Diário Oficial, no entanto haviam 15 pessoas com o nome do nosso sobrevivente. Isso fez com que houvesse uma nova seleção, sendo assim, Carrapeta foi desclassificado, pois não era permitida a contratação de homens solteiros.

Devido essa filtragem que o Trem fez, Carrapeta foi jogar no time municipal – o clube de servidores da prefeitura de Macapá. O municipal ofereceu a oportunidade de emprego para Carrapeta, onde começou como supervisor da garagem municipal e logo depois foi designado a ser cobrador de ônibus do famoso “Caixa de Cebola”, “antes havia apenas dois ônibus, o ‘Caixa de Cebola’ e o Santo Antônio”, lembrou.
Carrapeta ainda exerceu as funções de almoxarife e segundo ele, passou a trabalhar no setor de material da Prefeitura de Macapá até ser transferido para a educação.
Em 1970, ocorreu o curso de formação de professores de educação física. Carrapeta logo pensou em fazer, pois a educação física corria em suas veias, porém havia uma interferência, afinal, o curso duraria em torno de 1 mês e meio e nesse caso Carrapeta teria que pedir férias ao seu chefe, no entanto o pedido não foi aceito. Então o nosso sobrevivente voltou para casa e conversou com sua esposa sobre essa situação, “minha mulher sempre foi o meu porto seguro e logo me deu força para largar o emprego na prefeitura e fazer esse curso”, disse.
O incentivo da dona Edite mudou a vida do nosso entrevistado, pois o mesmo largou tudo e foi fazer o curso que mais tarde serviria para alavancar a sua vida profissional. “Fiz o curso e fiquei em 6ª lugar”, lembra com orgulho.
Em Maio de 1970, Carrapeta foi chamado para lecionar na escola Augusto Antunes, no município de Santana, onde ficou 4 anos exercendo dignamente a função de professor, que depois em 1974 foi transferido para o quadro federal. “Então lecionei no Colégio Amapaense em 1974, no Dom Pedro I e Murilo Braga no município de Mazagão. Voltei para o Colégio Amapaense em 1978 e fiquei lá até em 1982. A última Escola foi a Predicanda Lopes”, afirma Carrapeta.
Além de ter sido professor, Carapeta ainda foi diretor de vários colégios. Sua primeira experiência como diretor foi no Colégio Amapaense, onde foi chamado pelo diretor Bento Góes de Almeida para ser perguntado se aceitaria ser o vice diretor. Segundo Carrapeta, a surpresa foi total e, decidiu pensar e dar a resposta apenas à tarde. “Pedi ajuda mais uma vez à minha esposa que sempre foi um porto seguro para mim e aceitei o convite do diretor para ser vice e em algumas vezes exerci o cargo de interino”, explicou.
“Já em 1983 até 1985 eu fui diretor da Escola Integrada de Macapá, em 1986 eu fui o primeiro diretor do colégio Delzuite Cavalcante, ficando lá por 10 anos. Quando eu saí de lá eu fui fazer parte do quadro de funcionários da SEDEL, exercendo funções da parte administrativa da secretaria”, lembra Carrapeta que depois se aposentou em 2001, depois de 37 anos de serviço, contados desde a prefeitura de Macapá.
Em 1972 Carrapeta se sentiu obrigado a parar de jogar devido a uma lesão que o deixou impossibilitado de continuar a sua carreira futebolística. De acordo com o sobrevivente, o mesmo foi driblar o famoso Sabá, e esse jogador entrou forte na jogada, o que causou a lesão.
Com essa sua parada, Carrapeta começou a atuar fora das quatro linhas, “fui apitar os jogos de futebol e jogos escolares”, disse. Depois disso ele foi eleito um dos melhores árbitros do ano e, foi convidado pela federação amapaense para exercer a função de árbitro no futebol amapaense.
No seu currículo como árbitro, Carrapeta possui os cursos de árbitro de futebol, voleibol, handebol, futsal, tênis de mesa (onde foi presidente da Federação do Esporte)e apitou até jogos da seleção de Caiena quando vinha disputar jogos com a seleção amapaense. E como técnico de voleibol, Carrapeta possui o nível 3.
E também foi através do esporte que Benedito Batista dos Santos ganhou o apelido “Carrapeta”. Segundo ele,  quando alguém passava a bola para ele, o mesmo dava um toque e rodava com a bola na frente, então um rapaz falou, “para com essa jogada, você está virando até um carrapeta”, lembrou sorrindo e afirmando, “Pra mim esse apelido é uma marca registrada”.

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