sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Muito mais motos, muito mais mortes



Reinaldo Coelho
Da Reportagem

O rápido crescimento da frota de motocicletas representa um dos maiores desafios na prevenção de acidentes de trânsito no país e no Amapá. Em uma leitura dos artigos e análises sobre os acidentes de transito na última década, verifica-se o meteórico crescimento da “personagem” motocicleta neste drama.
A motocicleta era praticamente uma desconhecida do grande público até três décadas atrás. Em 1970, as 62 mil motocicletas registradas no país representavam  2,4% do total de veículos motorizados. Para 2010 já podiam ser contadas 16,5 milhões de unidades, representando 25,5% dos veículos motorizados.

A popularização da motocicleta começou na década de 90. O antigo glamour e símbolo de status foram substituídos por interesses bem mais prosaicos na produção nacional. Nesse sentido, os baixos custos de compra, utilização e manutenção permitiram que setores de menor poder aquisitivo, principalmente jovens, tivessem condições de aceder ao veículo motorizado visando:  Substituir o precário transporte público como meio na locomoção para o trabalho; Servir de poupança forçada para posteriormente adquirir um automóvel; Utilizar a moto como fonte de trabalho e renda nas grandes cidades (motoboy) ou moto-táxi;  Substituir outras formas de tração (animal, humana) nas cidades do interior ou na área rural.

Em uma reunião da Associação Nacional de Detrans (AND) em Natal (RN) neste mês, da qual o Detran/AP é membro da diretoria , o órgão amapaense recebeu uma noticia de  que o Amapá estava entre os estados onde mais acontecem acidentes com motos e motonetas, essa informação foi prestada pela Seguradora Líder, que realiza e coordena o seguro DPVAT.

Sem estatísticas oficiais a reportagem se serviu dos dados “oficiosos” do blog do repórter policial João Bolero Neto que informa: de 1° de janeiro a 29 de novembro deste ano, acidentes de trânsito mataram 108 pessoas no estado, sendo 46 de moto contra 29 de carro, 17 pedestres e 16 de bicicleta.

Realidade amapaense

De acordo com o Detran/AP no estado em cada dez acidentes de transito, quatro eram de acidentes de motocicletas, hoje a realidade é de cinco a seis há cada dez. Isso vem acompanhado do crescimento desse tipo de veiculo.

O Amapá dos seus 130 mil veículos registrados, em torno de 50 mil veículos, é motocicletas e motonetas, é um número muito alto e crescente e a demanda dos acidentes de trânsito, no estado.

Hoje há muita facilidade para a aquisição desses veículos, devido o aumento do poder aquisitivo de uma camada social, que antes não tinha condições, mas hoje adquire esses veículos com uma facilidade enorme, veste os programas de financiamento que as revendedoras fazem e é percebido nos estudos técnicos o que ocorre é um grande número de imprudência, negligência, ou seja, é o fator humano, conduta pessoal, é o comportamento do condutor que quer sair a frente de um carro, de uma motocicleta e produz esses acidentes de trânsito.

 A conduta do cidadão deve mudar de nada vai adiantar sinalizar todo o estado, colocar agente de trânsito em cada esquina, fazer milhares de campanhas educativas se o cidadão e a cidadã não se conscientizarem e não se sentirem participe do processo de construção de um trânsito mais humano e seguro a todos.

 DETRAN/AP

O presidente do DETRAN/AP, que participou do encontro em Natal-RN, diz reconhecer essa realidade, e que o departamento vem agindo, tanto educativo como repreensivo. “Sobre isso, a realidade é mostrada nos pátios do Detran/Ap e nos do SDTRANS de Santana, Laranjal do Jari e Oiapoque onde a apreensão desses veículos é muito forte.”

Ele também concorda que tudo deve passar pela conduta humana do condutor “nós estamos trabalhando, com campanha educativa, engenharia de trânsito e intensificação da fiscalização e por isso nós temos um grande número de motocicletas recolhidas no pátio do DETRAN AP.”
          
“Ele adquire, não licencia o veículo e então recebe várias notificações por parte do DETRAN, se envolve em vários acidentes de trânsito, e a gente fica aí com esses veículos abarrotados. Quanto a esses acidentes envolvendo motocicletas e motonetas, desde abril resolvemos fazer campanhas educativas específicas, ou seja, voltando o trabalho, quer seja para o motociclista, ou para o pedestre, ou para o motorista de veículo de passeio.”, define João Gomes.

Campanhas educativas

O diretor relata que as campanhas educativas específica para motocicletas estão acontecendo desde abril e estão sendo integradas entre os órgãos e entidades que trabalham com o trânsito no nosso estado, tais como: EMTU; BDETRAN; Policia Rodoviária Federal, além de investimentos na área. “porém esse índice ainda é alto e ainda vem crescendo, o que assusta.”

As ações são contínuas, as fiscalizações acontecem com atuações denominadas “Operação Vida”. João Gomes delibera que o poder público, o governo do estado do Amapá através do DETRAN AP não está inerte. “Eu estava lendo um artigo de um juiz federal  denominado  de “Velozes e Furiosos – Sensação de Impunidade” então esse juiz, o Luiz Fernando Boller , fala o seguinte: ‘nós temos no Brasil uma frota de veículos sete vezes menor que a dos EUA, e a nossa frota não circula, a americana circula, mas os índices de acidentes de trânsito no Brasil são o dobro deles”, e no Amapá não é diferente.”
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Mais recursos em 2012

O diretor-presidente João Gomes, do Detran/AP esteve junto com o presidente da Empresa Municipal de Transporte Urbanos (EMTU), Carlos Sergio Monteiro, em Brasília, em busca de recursos da bancada federal.

O diretor do Detran/AP adiantou a reportagem que conseguiram recursos através de emenda parlamentar dos deputados federais Luiz Carlos (PSDB) e Evandro Milhomem (PC do B). “Serão R$ 500 mil de cada um deputado, estamos aguardando o aceno positivo do deputado federal Davi Alcolumbre, da Deputada Dalva Figueiredo que já garantiu que irá destinar recursos para o investimento no trânsito, só não disse quanto, mas já garantiu que irá destinar recursos.” explicou o diretor.

A peregrinação junto aos gabinetes da bancada federal amapaense deverão dar bons resultados. "Com esses recursos sinalizaremos boa parte da Rodovia JK e vamos garantir que a verba seja utilizada exclusivamente para investimentos no trânsito em nosso Estado", enfatizou João Gomes.

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