sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sobrevivente - Marcos Ferreira e Alzira Ferreira

“Criamos os nossos filhos a base de muito trabalho aqui no Santa Rita”
Marcos Ferreira e Alzira Ferreira



Abinoan Santiago Sans
Da Reportagem

A editoria “Sobrevivente”, continua o ano de 2012, resgatando a história do povo amapaense, através dos principais personagens deste rincão, reescrevemos a trajetória Tucuju, que por sinal, é bela. Desta vez contaremos a história de vida de um casal que abraçou o Amapá como sua terra natal, tanto que sua biografia se confunde com a do bairro tradicional da capital, o Santa Rita. Hoje o bairro é um dos mais estruturados de Macapá, sendo habitado por ilustres personalidades do Estado e se tornou importante à sociedade. O Santa Rita também já foi chamado de bairro da “CEA”, onde viveram grandes figuras da nossa cultura popular amapaense, como o seu Cutião(criador da boneca da Banda) e seu Biló Pitaíca, que fixaram as suas casas naquele local, ajudando no crescimento da cidade. Podemos ainda citar como pioneiros deste bairro, o nosso ilustre casal homenageado da semana, que há décadas cultivam o amor e seguem a risca as tradicionais frases ditas no altar, prometendo ficar juntos na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença. As nossas auréolas vão para Marcos Ferreira e Alzira Ferreira, ambos com 83 anos, sendo que mais da metade dedicados ao Amapá, ou para ser mais específico, ao antigo bairro “CEA”.

O Casal
O casal Marcos e Alzira, que gentilmente abriu as portas de sua residência à equipe de reportagem do Tribuna Amapaense, se conheceu no chamado ABC paraense, a cidade de Chaves (PA). O casal que vivia na Zonal Rural do município, trabalhando e vivendo em uma fazenda de criação de gado, onde Marcos era peão boiadeiro e dona Alzira trabalhava no roçado.  Segundo dona Alzira, essa proximidade facilitou o nascimento de um sentimento chamado “AMOR”. “Como nós morávamos perto, ou melhor, na mesma fazenda, isso colaborou para que nós nos aproximássemos  e posteriormente a concretização do namoro, que em seguida virou casamento”, conta.

O matrimônio que perpetua há décadas, rendeu quatro filhos, dois homens e duas mulheres, são eles: Álvaro, Marco Antônio, Alvarina e Maria Antônia. Quando perguntados sobre a quantidade de netos, o casal lembrava-se de um e ao mesmo tempo vinha uma doce recordação de netinho querido, e isso fez com que eles perdessem as contas por várias vezes, porém garantiram: “temos mais de oito. Com certeza”.

A vida no bairro Santa Rita
Atualmente os dois vivem das aposentadorias que recebem, porém, anteriormente, Marcos e Alzira eram micros empresários do ramo alimentício. Quem hoje compra uma boa carne no Santa Rita para fazer um belo churrasco, mal sabe a dificuldade que os moradores enfrentavam na época do “tempo do ronca”. E foi pensando nisso que Marcos abriu o primeiro açougue do bairro, situado na sua casa, na Avenida FAB. Carne bovina e de frango, abatidos na hora, foram os principais mantimentos que permitiram que o casal criasse os seus filhos com dignidade e competência.

O empreendimento era um sucesso na época, com o jeito cativante do casal, o açougue conseguiu formar uma grande clientela . “Nós tínhamos fregueses fiéis que só compravam em nosso açougue”, disse Marcos.
Entretanto uma dificuldade era notável naquela época, Marcos afirmou, que enquanto os seus clientes tinham um açougue perto de suas casas, o casal tinha que reabastecer o empreendimento no antigo mercado da cidade, localizado na chamada “beira da praia”. “O abastecimento era precário, tínhamos que repor os nossos produtos longe daqui, e íamos de bicicleta, enfrentávamos uma fila enorme, pois naquela época era fila para tudo, comprar gás, carne, até o leite era racionado”, conta.

Eles ainda foram pioneiros em abatedouros, pois de acordo com o casal, o primeiro abatedouro de frango do bairro Santa Rita foi o deles, “que funcionava simultaneamente com o açougue”, frisa Alzira.
Em relação a mudança do bairro Santa Rita, ao longo do tempo, o casal contou que o lugar mudou muito desde que chegaram ao Amapá, “não tinha tantas pessoas habitando aqui e o movimento mudou muito”, lembra Marcos.

Hoje, eles curtem a aposentadoria com os netos e não trabalham mais com o açougue devido às enfermidades que os assolaram com a chegada da terceira idade. Porém a lembrança daquele bom e velho empreendimento permanece viva na memória deles e dos ex-clientes, como se fosse o cheiro daquele belo churrasco que jamais esquecemos.

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