por Dalton John
O craque, que segundo ele mesmo “jogou nas onze”,
sempre em algum momento da carreira teve que desempenhar outra posição no
campo, e fez com maestria. Passou pelos principais clubes do Estado e construiu
uma história no nosso futebol, que nem de longe lembra a situação de hoje, em
que o torcedor não veste mais a camisa do clube e não comparece aos
estádios.

Foram apenas 10 anos atuando no futebol, não chegou
a jogar no campeonato profissional, já que este começou a partir da década de
1990, mas conquistou o título do campeonato amador em 1984 pelo Trem, na sua
segunda passagem pelo time onde começou a carreira. Na locomotiva com 15 anos,
Severino teve sua primeira oportunidade em um clube, inicialmente nas divisões
de base, onde logo se destacou e concentrou os olhares dos clubes rivais.
Antes de começar no Trem, Severino jogava futebol
nos campinhos de terra e lama do bairro Perpétuo Socorro, periferia de Macapá,
onde morou por toda a vida. E lá foi onde adquiriu todo o que precisava para
encarar o preconceito da época contra jogadores vindos do bairro. “Criava-se
sobre o jovem do Perpétuo Socorro, uma imagem de marginal e delinquente, mas na
época, um jogador daqui todos os anos, sempre se destacava e conseguia alcançar
um grande clube da cidade. E em nenhum momento quando era jovem deixei de me
orgulhar de morar no bairro”, afirmar Severino.
Na locomotiva, o craque jogou por cinco anos, e
amadureceu no futebol, tanto que foi chamado para o time de juniores do Esporte
Clube Macapá, e durante apenas alguns treinamentos no clube, Malha Branca,
dirigente do Ypiranga Clube na época, viu Severino e o levou para a equipe da
torre. Chegou ao Ypiranga em 1977, um ano depois de o clube ser campeão
amapaense. O time não conquistou o bicampeonato e Severino partiu para o Amapá
Clube, porém por pouco tempo.
Como gostava de desafios, Severino partiu para a
seletiva do Oratório para conquistar a classificação para o campeonato amador e
conseguiu levar a orca para a competição. Ainda teve passagens pelo Atlético
Cristal, pelo E. C. Macapá novamente, só que com menos destaque.
Em 1984, na sua segunda passagem pelo Trem, Severino
atuou no meio-campo e ajudou o time a conquistar o Amapazão, vinte anos depois
da sua última conquista. Um título muito esperado e contemplado até hoje pelo
Trem. Nos bastidores dessa conquista, Severino conta que o clima e as relações
no time eram excelentes, e que uma sintonia entre time e diretoria foi
fundamental para o sucesso. “Durante a concentração, nós tínhamos um clima bom,
e naquele tempo o dirigente do time era o Orlando Santana, que sempre estava
com a gente para dar uma palavra de incentivo, e de vez em quando também
contava umas piadas”, diz.
Futebol
Amapaense: Há vagas
Entre outras peculiaridades, Severino, lamenta que
hoje o nosso futebol esteja refém de capital governamental, que não existe mais
um trabalho intenso nas divisões de base, e que os jogadores que na sua maioria
veem de fora do estado, chegam por aqui desgastados e pouco contribuem para a
evolução deste futebol tão precário. E que se fosse convidado para treinar uma
equipe, usaria toda a sua experiência a serviço do futebol amapaense.
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