“Antigamente era
mais tranquilo.
De noite as famílias iam dormir e deixavam portas e janelas
abertas”
Palavras
da nossa pioneira desta semana, a senhora Liliosa Miranda de Cantuária, uma
pessoa tranquila, de palavras claras e de memória muito viva. Nascida no Afuá,
interior do Pará, a dona Lili, como gosta de ser chamada, casou-se em 1949 com
o senhor Maurício Pacífico de Cantuária.

Tivera sete filhos e migrou até Macapá para que eles tivessem acesso à educação. Dona Lili e seu Pacífico conseguiram alugar uma residência num local chamado Tartaruga, e viveram por muito tempo numa casa firmada em palafitas e telhado feito de palha, à beira rio. “Meu marido viajava para vender açaí, melancia, essas coisas. Pescava e botava veneno. Sim, naquela época a gente usava veneno para pegar o peixe, era timbó o nome. O timbó deixava o peixe tonto, a gente comia e nem passava mal”, afirmou dona Liliosa ao falar sobre como sua família sobrevivia naqueles anos.
Tivera sete filhos e migrou até Macapá para que eles tivessem acesso à educação. Dona Lili e seu Pacífico conseguiram alugar uma residência num local chamado Tartaruga, e viveram por muito tempo numa casa firmada em palafitas e telhado feito de palha, à beira rio. “Meu marido viajava para vender açaí, melancia, essas coisas. Pescava e botava veneno. Sim, naquela época a gente usava veneno para pegar o peixe, era timbó o nome. O timbó deixava o peixe tonto, a gente comia e nem passava mal”, afirmou dona Liliosa ao falar sobre como sua família sobrevivia naqueles anos.
“Depois
de algum tempo a gente veio morar num lugar chamado Elesbão. Existe um Elesbão
em Santana, mas existe um aqui em Macapá também, e foi aonde a gente veio
morar. Nossa casa ficava na beira do rio e tinha uma ponte assim, de madeira,
que dava na rua. Quando a gente veio pra cá quase que a gente se alaga, quase o
reboque, que era o nome do barco, vai para o fundo. Meu marido comprou a nossa
casa e foi para o interior trabalhar. Ele trazia peixe, camarão, vendia e
depois voltava. Eu lavava roupa na beira do rio.”. Macapá, segundo dona Lili,
era cheia de mato. “Não tinha rua, não tinha nada aberto e era só mato mesmo.
Quando era de noite, meus filhos tinham que fazer o dever da escola e choravam,
porque tinham que fazer com lamparina, já que não tinha energia. Depois, Deus
veio ajudando, veio um governador, um prefeito e foram abrindo as ruas, fazendo
casas. Por isso que hoje está do jeito que está.”.
Liliosa, empolgada, conta sua trajetória de vida |
Eles foram, foram cavando até que eles conseguiram chegar na água. Mas isso depois de meses. Daí os outros vizinhos foram se animando pra cavar poço também.”. É evidente que dona Lili e sua família viveram momentos em que tiveram dificuldade, e um em especial marcou a memória da senhora. “Meus filhos estudaram por um bom tempo, mas teve uma hora que não deu, não deu mais para continuar a estudar porque a gente não tinha condição, não tinha dinheiro e eles tinham que trabalhar para ajudar o pai deles, então eles pararam de estudar.”. É interessante notar, nas histórias dos nossos pioneiros, o quanto era difícil conseguir inúmeras coisas básicas antigamente. Por exemplo: água, comida, educação, se você quisesse conseguir teria que lutar e muito.
Hoje em dia você tem que lutar, mas é relativamente mais fácil de conseguir, pois já foram feitas melhoras na distribuição de água e comida, e existe um maior e significante número de escolas distribuídas por todo o Estado. A declaração da senhora Liliosa comprova isso. “Quando nós chegamos aqui era muito difícil. Como eu falei, era cheio de mato, não tinha muitas escolas e a gente trabalhava muito. As casas eram de madeira e só o piso era de alvenaria. Hoje dia em dia não, as casas todas são de alvenaria, as ruas são asfaltadas, melhorou bastante.
Uma
das filhas de dona Lili, Marluce Cantuária, contou que todos os filhos e netos
da senhora sempre se interessaram pelos ditos populares trazidos por ela na
bagagem. Disse também que dona Liliosa sempre fez muitas receitas caseiras,
como chá de ervas que plantou no próprio quintal. Dona Liliosa tem 81 anos, foi
casada durante 50 anos e ficou com o marido até 1999, quando o senhor Pacífico faleceu.
Hoje vive na casa com uma de suas filhas, Socorro Cantuária.
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