O Tribuna Amapaense
lança a campanha. Vamos dar dignidade à mulher mais velha da Amazônia. Quem
quiser ajudar é só entrar em contatos com os telefones 9154 0184 ou 8111 0711.
“Hoje
tudo é uma devassidão, meu filho. Ninguém respeita mais ninguém!”
Tereza Rosa dos Santos
Como pode não ser Anjo
uma criatura cândida, que está a cumprir os desígnios de Deus no plano terreno
por 107 anos. Um amor. Um mimo de pessoa. Alegre. Lúcida. Lembra da vida
bucólica e festiva do Curiaú do início século passado.
Bem, é claro que Macapá
cresceu e hoje não poderia ser tão intimista a relação, porém, com certeza, o
respeito pelo cidadão de Macapá foi-se com o crescimento da cidade, mas outra
forma de demonstração de respeito para com o cidadão deveria persistir, como por
exemplo, a prestação eficiente dos serviços públicos.
"Conversar com Tereza foi um achado. É gostoso e prazeroso o papo. Na realidade uma viagem no túnel do tempo". |
Conversar com Tereza foi
um achado. É gostoso e prazeroso o papo. Na realidade uma viagem no túnel do
tempo. Tereza nos conta que mora naquele barraco que ganhou do mano Alceu
situado na Odilardo Silva, bairro do laguinho, desde que ele a trouxe do Curiaú
e a levou para trabalhar em sua casa. Ela se lembra do Paulo José, Jupiran, que
ajudara criar. Teve um casamento com Raimundo Bento dos Santos. Perguntada
sobre o inicio do namoro, ela desconversou e entre um breve sorriso, disse: ele
ia ao terreno de meu pai e “pólvora perto de fogo, pega”. Não precisava dizer
mais nada. Concordam?
Tereza Rosa dos santos
é filha de Manoel Inácio dos santos e Maria Rosa dos Santos. Teve nove filhos.
Hoje vive com o neto, um bisneto e, contíguo ao barraco dela, mora Maria
Tereza, a única filha viva. Maria Tereza é arredia, não quis falar com a
reportagem. Respeitamos. Ela está doente, sofrendo do vício do álcool. A
situação miserável que vive esta mulher que é, sem dúvida, uma parte viva da
história de Macapá, é a prova inconteste de que no Estado a tradição e os
pioneiros são pouquíssimos respeitados. Este Anjo Negro, chamado Maria Tereza,
deveria receber imediatamente uma ajuda do município de Macapá e do Estado.
D. Tereza e Zé Paulo Ramos, o "caçador de histórias" |
Tereza gosta mesmo é de
falar do Marabaixo. Mostrou a reportagem uma relíquia que deve ir para o Museu
do Estado ou do Município. Uma saia que ganhou do capitão Janary. Confessa que
rodopiou muito com a vestimenta e diz que D. Zefa é a parceria de festa que
ainda está viva. Ela se lembra dos bons tiradores de ladrão do marabaixo e cita
Julião Ramos, Ladislao, Duca da Otília, João Clímaco, entre outros. Quando pedi
para que ela cantasse pra gente, disse que não tinha mais ânimo. Porém, o papo
foi ficando animado e eu ensaiei cantar Rosa Branca Açucena Lê Lê. Aí ela me
ajudou a completar a música e, de forma espontânea, cantou um verso que João
Clímaco, avô de D. Jô, mãe de Zé Paulo, cantava com muita desenvoltura, que
dizia assim: “Quando eu vim pro Curiaú, eu passei pelo Curuça, pra cantar o sou
eu em terra de Macapá.” Zé Paulo, bisneto do João Clímaco, emocionou-se e
abraçou sua amiga e parenta.
Tereza recebeu também a
visita do ilustre desembargador Gilberto Pinheiro, filho de seu Manoel Pinheiro
e D. Maria José da Casa Duas Estrelas no bairro da Favela. Ela reconheceu
Gilberto e lembrou que lavou roupa durante 13 anos de sua vida para a família
de Manoel Pinheiro. Foi mesmo um dia de festa para nossa reportagem, para
Tereza e para os ilustres visitantes. Contador e professor Zé Paulo Ramos e o
desembargador Gilberto de Paula Pinheiro, que ficaram até escurecer sentados no
pátio do barraco de Tereza ouvindo as histórias e lembrando-se de pioneiros que
já partiram para outro oriente.
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