Brasil, ditadura militar, época em que as autoridades eram oficiais das forças armadas. O Território Federal do Amapá, que na altura possuía boa estrutura aeronáutica, com uma boa equipe de mecânicos de aviões, hangar e cinco aeronaves, arrancara elogio do então presidente Ernesto Geisel: “Essa aqui é a Força Aérea do Amapá!”. Posteriormente, outra autoridade da época, o general de exercito Mascarenhas, solicitou ao governo do ex-Territorio que lhe fosse preparado um avião, pois necessitava levar medicamentos até uma determinada região. Transportar autoridades, levar atendimento médico a regiões longínquas do Território, essas eram algumas das funções das aeronaves governamentais, na época.
Alguns anos mais tarde
Eis que o
Território Federal do Amapá é elevado à categoria de Estado, em 1988. No hangar,
é estacionada mais uma aeronave: um Bandeirante bimotor. O governador da época,
comandante Annibal Barcellos, nem ligou muito. Depois, entrou outro governo,
que foi substituído por outro, e por outro. Todos sempre indiferentes em
relação ao hangar e às aeronaves que ali estavam. Hoje, depois de 16 anos jogado
às traças, o estado do Bandeirante é deplorável, uma verdadeira sucata que só
serve de ninho para as aves. Segundo o senhor Arlindo Silva de Oliveira, ex-inspetor
de aviões do ex-Territorio Federal do Amapá, aposentado, que concedeu
entrevista à nossa equipe, “toda aeronave tem um calendário de manutenção. E se
esse calendário não for cumprido, a máquina não terá mais funcionalidade. E os
governos nunca se preocuparam em cumprir tal calendário.” – inclusive o governo
atual.
Hoje existem quatro
aeronaves no hangar do governo estadual, apenas uma com condições de
trafegabilidade, e que se encontra parada, desde 2009, na Embraer, que está
retornando. Porém, pelo seu porte, não poderá aterrissar em certos locais, e
necessitaremos de aeronaves privadas para realizar-los. As diversas gestões
estaduais não se preocuparam em consertar as aeronaves existentes e tampouco em
esclarecer à população as questões relacionadas ao setor aéreo do Amapá. Ainda
há um imenso mistério em cima dessas informações.
O que falta?
Avião estacionado há 16 anos no hangar do GE |
É realmente
difícil explicar a atitude do Governo em relação à aviação amapaense. Tem aeronave,
tem dinheiro, falta gestão? Mas eles preferem (não se sabe por que razão) pagar
milhões no contrato com uma empresa privada ao invés de consertar os aviões na
data correta ou então comprar um novo. Ao que tudo indica o Governo não leva a
sério a aviação no Estado: já foi fechada a pista de Calçoene que está
interditada; a do Amapá foi cancelada; perdeu-se Porto Grande; Pedra Branca
ninguém conserta. Não há pista para se pousar. E quem sofre com isso, como
sempre, é a população, principalmente aquela que vive em áreas isoladas onde só
é possível chegar rapidamente através de transporte aéreo,
pois na região amazônica o seu maior meio de acesso são os rios, e os que
necessitam de atendimentos médicos, muitas vezes, essenciais e de urgência, não
podem esperar. Até quando explicações referentes à aviação no Estado do Amapá
vão ficar obscuras?
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